Betty Bomber
Chuuk Lagoon

Micronésia - janeiro de 2017

Maurício Carvalho e Célio Durães
 

Naufrágios de Chuuk Lagoon

Amagisan Maru, Fujikawa Maru , Fumitzuki Destroyer, Heain Maru, Hoki Maru, I - 169 Submarino ,
Kensho maru,
Kiyosumi Maru, Nippo Maru, Rio de Janeiro Maru, San Francisco Maru, Sankisan Maru, Shinkoku Maru, Yamagiri Maru

Outros naufrágios de Chuuk Lagoon

 

Histórico

Os bombardeiros Mitsubishi G4M1 foram desenvolvidos para a marinha japonesa com o objetivo de substituir o Mitsubishi G3M "Nell", usado amplamente e com muito sucesso na invasão da China.
Este bombardeiro tático chamado nas forças armadas japonesas de "Rikko" (termo para bombardeiro de ataque a terra), voou pela primeira vez em outubro de 1939, mas começou a ser produzido em massa a partir de 1940. Foi o mais famoso bombardeiro japonês na segunda guerra mundial, voando a maioria das missões de ataque do Pacífico.
A Mitsubishi construiu 2.479 de aeronaves em 4 versões principais (G4M1, G4M2, G4M3 e G6M1). Haviam versões de bombardeiros ao solo, transportando cerca de 1.700 libras de bombas incendiárias; transporte de tropas e outras versões menores, como G6M1-L2 utilizados como bombardeiros torpedeiros, avião patrulha anti submarino e para os ataques suicidas kamikase (Ohka - avião foguete), causando grandes danos em navios americanos.
Era considerado um dos melhores e mais avançados bombardeiros da época. Em maio de 1941 atuou pela primeira vez com enorme sucesso, durante a guerra civil chinesa. Foi também o responsável pelo sucesso dos ataques ao campo de Clark nas Filipinas, Cingapura, Austrália e Papua na Nova Guiné. Também foram os responsáveis pelo afundamento dos navios ingleses Repulse e Prince of Wales.
Ao longo da guerra os Rikkos foram sendo dizimados pelos caças americanos mais modernos, principalmente os Corsairs. No final da guerra, restavam apenas 160 aeronaves.

 



Dimensões: 19,8 x 25,5 (envergadura) X 6 (altura) metros
Construção: 1939 - Mitsubishi Jukogyo, Japão
Tipo: avião bombardeiro, Mitsubishi G4M3 Navy, Type 1
Peso vazio: entre 6.800 kg e 8.350 kg
Motores: 2 radiais, 14 Cilindros Mitsubishi Kasei, 1.825 h.p.
Vel. Máx. 455 km/h, teto 9.000 metros e autonomia de 5.040 Km
Armamento: 2 canhão de 20 mm, 3 metralhadoras 7,7 mm (Tipo 92),
2.200 Kg de bombas ou 800 Kg torpedos
 

Era construído todo em metal e apenas os profundores eram "entelados" (superfícies recobertas por tecido). Com o objetivo de obter velocidade e aumentar o alcance, atingindo alvos a longa distância, o peso era um elemento crítico e tinha de ser diminuído; por isso, removeu-se os sistemas de blindagem pesada, inclusive dos tanques de combustível. Sua forma comprida e o fato de incendiar-se facilmente, quando tinha seus tanques de combustível atingido por tiros, o batizou de "Charuto voador". A fragilidade no combate obrigou ao longo da guerra a realização preferencialmente de operações noturnas.
Era o avião utilizado no transporte do almirante Yamamoto em sua inspeção pelas bases do Pacífico, quando em uma famosa operação dos p-38, os Betty foram interceptados e abatidos sobre as ilhas Salomão, causando sua morte. Também foi este avião, pintado de branco e com a cruzes verdes nas asas e fuselagem - sinal de rendição -, que transportou a comitiva japonesa que assinou a rendição incondicional do Japão. Terminava a última frente de combates da segunda guerra mundial.

     

A Queda

A razão da queda do Betty bomber em Chuuk Lagoon não é conhecida, especula-se que ele estava pousando na pista da ilha de Eten vindo do norte, quando caiu no mar.
Nos destroços foram encontradas 38 bombas incendiárias, removidas na década de 1970 para a segurança dos mergulhadores.



 
Configuração interna do Betty. A tripulação de 7 homens era composta de piloto,
copiloto, bombardeiro e artilheiro de vante, artilheiros da torre, cauda e laterais.
 
Mapas segundo Daniel E. Bailey - World War II Wrecks of Truk Lagoon,
2000 North Valley Diver Publication
 

 

Mergulho - Profundidade de 25 metros

A seção principal e asas da aeronave estão bastante preservadas, assentada a 25 metros de profundidade. O nariz do avião com o compartimento do canhão de vante de 20 mm (Tipo 99) foi danificada e o que restou do nariz e da cabina do piloto se encontram formando um ângulo de 60° para a esquerda em relação a fuselagem, praticamente encostada no compartimento do motor da esquerda.
Já no corpo da aeronave está aberto atrás da cabine de comando e é suficientemente grande para permitir a penetração. No que sobrou da cabine de comando existe ainda alguns cilindros de oxigênio, baterias, um dos assentos de alumínio dos pilotos e o chão corrugado.

Betty Bomber - Mitsubishi G4M
Dimensões: 19,8 x 25,5 (envergadura) X 6 (altura) metros
Construção: 1939 - Mitsubishi Jukogyo, Japão
Motores: 2 radiais, 14 Cilindros Mitsubishi Kasei, 1.825 h.p.

 

 

Croqui do Capt. Lance Higgs S.S. Thorfinn - modificado
 
O que sobrou da cabine de comando está separada da
fuselagem e encostada no compartimento do motor
Nada restou da bolha do canhão de 20 mm de vante.
Por dentro as janelas laterais podem ser identificadas
A bolha da metralhadora superior perdeu sua tampa
 

Existe na parte de cima da fuselagem o encaixe do radiogoniômetro e a escotilha da metralhadora superior, com uma parte da bolha quebrada.
Nas duas laterais da fuselagem existem as aberturas que acomodavam as metralhadoras, por onde também é possível penetrar na fuselagem. Logo atrás delas na lateral esquerda ainda é possível ver
pela parte de dentro na fuselagem a marca da porta circular. No exterior ele ficava sob o circulo vermelho da bandeira japonesa.

A seção de cauda está partida na bolha do artilheiro, o leme foi arrancado e está caído a cerca de 4 metros atrás da aeronave. A cabine e bolha do canhão de 20 mm de popa também não existem mais e a cauda da fuselagem está aberta. Os estabilizadores são visíveis e profundores estão abertos, pois nesse modelo essas superfícies eram inteladas (recobertas por tecido).

As asas estão preservadas; a da esquerda permanece com a ponta enterrada, mas a asa direita está suspensa e perdeu sua ponta. Em nenhuma das asas encontra-se os motores Mitsubishi Kasei os flaps e ailerons (superfícies móveis das asas), estão bem preservados
.

Na areia a esquerda da aeronave diversos equipamentos internos foram empilhados; podem ser identificados: um dos assento, uma das metralhadoras de 7 mm, cilindro de oxigênio e o rádio.

 
   
O Betty bomber repousa em um fundo plano de areia a 25 metros
 
Ao lado da fuselagem estão a poltrona, cilindros de oxigênio,
uma das metralhadoras o rádio, entre outras peças
Uma das pás da hélice. A pergunta é, porque estaria solta?
seria uma peça de reposição?
O que restou de uma das metralhadoras de 7,7 mm.
 
Existem dois motores ainda com as hélices, porem sem nenhum amassado, a cerca de 40 metros à frente da cabine e na lateral do avião em uma profundidade de 18 metros. Segundo informações locais, ele pertencem ao avião. Porém, essa possibilidade só seria viável se o avião ao cair tivesse perdido os motores, que pelo peso teriam afundado no local da queda e a fuselagem tivesse permanecido flutuando até afundar afastada do local da queda.
O pesquisador Célio Durães encontrou fotos de Betty que caíram no mar e, nessas fotos percebe-se que os motores não estão mais presos as asas, embora a fuselagem ainda flutue. O que poderia explicar, pela característica de fixação dos motores, a distância entre eles e a fuselagem.
 
 
Dois motores radiais, do mesmo tipo do Betty, ainda com hélices estão posicionados a cerca de 40 metros a esquerda do avião
Um betty flutuando sem motores depois do pouso no mar, isso poderia ter
ocorrido em Chuuk, explicando os motores afastados da fuselagem
 
 
Dois poderosos motores radiais de 14 cilindros Mitsubishi Kasei, com 1.825 h.p. que equipavam os Betty descançam a 18 metros de profundidade e a 40 metros de distância da fuselagem
 
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A asa da direita permanece suspensa, mas perdeu sua ponta
 
Modelo do Betty bomber afundado em Chuuk Lagoon, sob a circunferência do japão a pota de acesso
 
 
O interior da fuselagem é de fácil acesso e está muito clonizado
As aberturas laterais por onde
atuavam as metralhadoras de 17 mm
Estabilizadores e profundores
da cauda
Os profundores de cauda eram intelados,
por isso todos estão abertos

 
Display da cabine do artilheiro de vante e do que sobrou no fundo.
Podem ser vistos, indicados pelas setas vermelhas, os cilindros de oxigênio,
Na frente da bolha superior o encaixe do radiogoniômetro.
No esquema inferior, marcado por seta vermelhas
Piloto e copilodo permaneciam na função de comando do avião, mas os demais cinco homens da tripulação se revezavam entre funções de observação, operação do rádio e combate, nas posições de bombarbeiro ou guarnecendo os canhões e metralhadoras

Canhão de 20 mm da cauda
 
Visão da sala de rádio e parte da cabine. Nas fotos e display indicado pelas setas vermelhas esta o assoalho corrugado
As estantes laterais na fuselagem acomodam mapas de navegação e material necessário as missôes
     
Veja também a matéria do pesquisador Nestor Magalhães sobre o Betty bomber

 

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