Destino:
naufrágio |
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Revista Mergulho,
Ano XIII - Nº 172 - Dezembro/2010
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Texto
Maurício Carvalho
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Há alguns anos, os mergulhadores brasileiros se acostumaram a ver no fundo do mar as simpáticas formas dos rebocadores, que parecem mais navios de brinquedo do que fortes ferramentas de trabalho marítimo. O projeto do Parque dos Naufrágios na cidade de Recife acaba de popularizar essas embarcações entre os mergulhadores brasileiros. |
Rebocadores
são estruturas muito fortes destinadas a trabalhos em portos
e apoio à navegação; realizando tarefas de reboque,
manobras, combate a incêndio e até mesmo salvamentos marítimos.
Na Marinha do Brasil, os rebocadores possuem uma extensa folha de serviços
heróicos. Os primeiros navios com essa função surgiram junto com a propulsão mecânica a vapor. Foi uma grande ferramenta para agilizar o acesso dos grandes veleiros aos portos, independente de ventos favoráveis. O Vapor de Baixo de Recife - PE, a julgar por suas dimensões e estrutura, provavelmente é um dos primeiros representantes dessa classe no Brasil. |
Pela natureza de
seu serviço, acabam enfrentando condições meteorológicas
e de navegação muito severas e, diversos deles já pagaram
o preço, sendo levados ao fundo junto com toda sua tripulação.
Segundo os dados do SINAU (Sistema
de Informação de Naufrágios), existem no Brasil
mais de 40 rebocadores afundados. Além da própria história, a estrutura os torna muito interessantes para as atividades de mergulho. O comprimento é pequeno, atingindo raramente trinta metros, com uma pequena casaria na proa e um grande compartimento que abriga o potente motor. Essa configuração permite que mergulhadores autônomos, equipados apenas de cilindros simples, consigam conhecer detalhadamente todos os destroços em um único mergulho. Ao mesmo tempo, a estrutura ampla dos porões permite que as penetrações sejam curtas, fáceis e seguras, principalmente quando são preparadas para o mergulho em programas de recifes artificiais. O que a maioria dos mergulhadores brasileiros desconhece é que muitos outros rebocadores estão espalhados pelo fundo e alguns representam muito bem a importância dessas embarcações na história da navegação brasileira. |
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O
GUARANI O
ATLAS |
O
REBOCADOR DO RIO VERMELHO |
e operava
nos serviços de construção do emissário submarino
da EMBASA (Empresa Baiana de Águas e Saneamento), quando uma tempestade
afundou o rebocador, uma chata e uma lancha. A lancha foi resgatada, mas a chata permanece naufragada a alguns metros da costa. A data do naufrágio ainda apresenta versões diferentes, variando de 1971 a 1973. O Rebocador, não é um dos naufrágios Tops de Salvador , tarefa difícil! quando por perto está o Cavo Artemidi, um dos mais belos naufrágios do Brasil, mas com certeza, ele é imperdível para os amantes de naufrágios e mergulhadores que gostam de novidade. Fora da boca da Baía de Todos os Santos a ação das correntes é mais fraca, o que torna o mergulho mais tranquilo. |
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O pequeno rebocador está a treze metros de profundidade apoiado corretamente no fundo e embora já muito enterrado, apresenta um belo conjunto de estruturas. Na proa, estão um guincho e o característico cunho de amarração. NA popa - praticamente toda enterrada - só existe o sistema de amarração. |
O casario está bastante destruído pela ação de |
mergulhadores
que tiraram todas as peças internas, assim como o motor. Pode
ser feita a passagem de um lado a outro com muita facilidade e parte
do casario superior está caído a boreste da embarcação.
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Agora, fuja do lugar comum, coloque mais esse belo naufrágio na sua lista de objetivos e vamos mergulhar nesses pontos que contam tanto da história marítima brasileira. Agradecimentos a escola e operadora Underwater Bahia < [email protected] > que realiza os mergulhos no Rebocador do Rio Vermelho. |
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Mais Informações: Naufrágio do Rebocador do Rio Vermelho |
Maurício Carvalho é biólogo, instrutor especialista em naufrágios, autor do SINAU (Sistema de Identificação de Naufrágios) e responsável pelo site Naufrágios do Brasil. |
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