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DDica
Técnica
Equilíbrio Hidrostático |
Outras
dicas técnicas
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"A
qualidade de um mergulhador é igual a seu Equilíbrio Hidrostático"
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NÃO
HÁ NENHUM EXAGERO EM DIZER QUE UM BOM MERGULHADOR COMEÇA
AQUÍ!
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Chamamos
de Equilíbrio Hidrostático, a condição de
neutralidade de um mergulhador dentro da água onde está
imerso. Infelizmente, a grande maioria dos mergulhadores apresenta problemas
de equilíbrio hidrostático. Não só porque
utilizam peso em excesso, como também, porque o posicionam de forma
incorreta, fazendo com que seu TRIM esteja incorreto, não
deixando o corpo na posição horizontal. |
TRIM Chamamos de TRIM o ponto de equilíbrio horizontal do mergulhador. Quando ele está bem colocado o mergulhador permanece como um balão flutuando sobre o fundo. |
Quando o TRIM está deslocado para frente as pernas do mergulhador afundam, que é a situação mais comum. |
Quando o TRIM está deslocado para trás é a cabeça que afunda, situação que por causa do pulmão, normalmente não ocorre. |
As
vantagens de utilizar pouco lastro |
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Muita resistência hidrodinâmica. |
Pouca resistência hidrodinâmica. |
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A
Física da Flutuabilidade
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Além
do Princípio de Arquimedes, todo mergulhador sabe que o Empuxo
que um corpo recebe quando está imerso em um líquido, dependerá
da densidade do líquido onde está o corpo. Quanto mais denso for o líquido, maior será a força exercida por ele. Desta forma, quando comparamos a água do mar, com a água doce, percebemos que o acréscimo de sal provocará uma diferença no peso e consequentemente na densidade, de um litro de água. |
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Água
doce - 1 litro = 1,00 Kg.
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Água
do Mar (*) - 1 litro = 1,025 Kg.
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(*)
Considerando a média do Oceano Atlântico. | |
Resultado: Em água salgada, um mergulhador, deverá utilizar cerca de 2,5% de lastro a mais, do que utilizaria, com o mesmo equipamento, para permanecer equilibrado em água doce. |
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Outra
lei que mergulhadores dominam e a de Boyle e Mariotti.
Para o equilíbrio hidrostático, essa lei implicará, que volumes de gás como: as cavidades aéreas não compensáveis, colete equilibrador e as bolhas (células de gás) da espuma de neoprene, serão comprimidas com ao aumento da profundidade e pressão, provocando uma diminuição na flutuabilidade. |
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Equilíbrio
do Corpo
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O corpo
humano é formado de 70% de água, por isso, ele não
flutua como uma rolha nem afunda como uma pedra. Seu comportamento dependerá
de um grupo de tecidos com densidades diferentes, como o tecido adiposo,
muscular e ósseo, além de várias cavidades aéreas
como o pulmão. Juntos, esses órgãos e cavidades produzem a flutuabilidade do corpo, que irá variar de indivíduo para indivíduo. A maioria das pessoas é praticamente neutra em água doce. Muitas vezes, os mergulhadores associam uma necessidade maior de lastro a quantidade de gordura que possuem. No entanto a gordura humana é bastante densa e não flutua, como a maioria acredita, até porque a obesidade também provoca maior calcificação óssea, que torna o indivíduo mais denso. Assim, não existem motivos para um aumento considerável de lastro, só porque o mergulhador está alguns quilos acima de seu peso ideal. |
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Testando
a flutuabilidade Faça uma verificação real se você é uma pessoa com flutuabilidade positiva ou negativa. Sem equipamento, imerso na água do mar, inspire normalmente (não utilize uma inspiração máxima), segure o ar e verifique sua condição pela figura abaixo. |
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A
Linha de flutuação na
altura, ou acima dos olhos, indica um indivíduo com flutuabilidade mais negativa. Para a neutralidade deve ser acrescentado de 0,5 a 1,0 Kg. |
A
Linha de flutuação na
altura, ou abaixo do queixo, indica um indivíduo com flutuabilidade mais positiva. Para a neutralidade deve ser acrescentado de 1,0 a 2,0 Kg. |
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Equilíbrio do Equipamento |
O equipamento é parte importante do equilíbrio de um mergulhador, veja como ele se comporta. |
Cilindros O conjunto de cilindro e registro possui flutuabilidade diferente, de acordo com o tamanho, quantidade de ar no interior (cheio ou vazio), tipo de material (aço ou alumínio) e até do tipo de liga metálica (aços diferentes). |
Flutuabilidade
de alguns cilindros do mercado | ||||||
Tipo
de Cilindro | Volume Interno | Pressão
trabalho | Peso
vazio (quilogramos) | Capacidade (litros) | Flutuabilidade | Flutuabilidade vazio (Kg.) |
Faber
10 | 10,0
litros | 200
bar | 10,0
Kg. | 2.000
litros | -
2,0 Kg. | neutro |
Faber
12 | 12,0
litros | 200
bar | 13,5
Kg. | 2.400
litros | -
3,0 Kg. | -
0,75 Kg. |
Faber
15 | 15,0
litros | 200
bar | 16,5
Kg.. | 3.000
litros | -
3,5 Kg. | neutro |
Faber
18 | 18,0
litros | 220
bar | 21,5
Kg. | 3.960
litros | -
4,0 Kg. | neutro |
Genesis
80' | 09,2
litros | 3.500
psi | 12,5
Kg. | 2.265
litros | -
2,5 Kg. | -
0,45 Kg. |
Genesis
100' | 11,5
litros | 3.500
psi | 14,8
Kg. | 2.832
litros | -
3,0 Kg. | neutro |
Genesis
120' | 14,0
litros | 3.500
psi | 17,1
Kg. | 3.398
litros | -
3,5 Kg. | +
0,45 Kg. |
OMS
85' | 13,0
litros | 2.400
psi | 14,0
Kg. | 2.407
litros. | -
3,0 Kg. | neutro |
OMS
98' | 15,0
litros | 2.400
psi | 17,1
Kg. | 2.775
litros | -
4,2 Kg. | neutro |
OMS
125' | 19,2
litros | 2.400
psi | 20,0
Kg. | 3.593
litros | -
2,2 Kg. | neutro |
PST
95' | 14,6
litros | 2.400
psi | 18,5
Kg. | 2.690
litros | -
1,9 Kg. | -
0,8 Kg. |
PST
104' | 16,0
litros | 2.400
psi | 21,0
Kg. | 2.945
litros | -
1,7 Kg. | -
0,5 Kg. |
PST
120' | 18,5
litros | 2.400
psi | 23,6
Kg. | 3.398
litros | -
0,9 Kg. | neutro |
Luxfer
80' | 11,0
litros | 3.000
psi | 15,0
Kg. | 2.265
litros | -
1,5 Kg. | +
1,9 Kg. |
Luxfer
100' | 12,6
litros | 3.000
psi | 18,5
Kg. | 2.831
litros | -
1,3 Kg. | +
1,6 Kg. |
Catalina
80' | 11,0
litros | 3.000
psi | 15,0
Kg. | 2.265
litros | -
1,3 Kg. | +
1,5 Kg. |
* Cilindros de aço. |
* Cilindros de alumínio. |
Independente dessas
características, os cilindros de mergulho, em sua grande maioria,
têm a parte superior mais pesada e essa característica influenciará
no equilíbrio geral do mergulhador. A altura do posicionamento do cilindro desloca ligeiramente o ponto de equilíbrio do mergulhador (TRIM) e deverá ser ajustado para um bom posicionamento horizontal. |
Cilindro baixo | Cilindro alto |
A
maioria dos mergulhadores utiliza o cilindro mais baixo do que recomenda,
até mesmo, o fabricante (figura 1). Verifique a placa de apoio de seu colete no cilindro; ela deve estar como foi projetada pelo fabricante, ou seja, totalmente encostada no cilindro. Caso esse procedimento não seja adotado, o cilindro poderá soltar-se durante o mergulho. Além disso, o cilindro alto (figura 2) desloca o TRIM para a cabeça, suspendendo as pernas. |
Roupas
de mergulho As roupas de mergulho, são as responsáveis pela necessidade de lastro para equilibrar o mergulhador, de acordo com seu material poderão haver mudanças de comportamento e variações no cálculo do lastro necessário. |
Roupas
secas: quando não são necessariamente
fabricadas de neoprene, não sofrem variações da flutuabilidade,
pois o volume constante é mantido pela injeção de ar
do sistema. O lastro necessário dependerá do volume interno da roupa, que depende do tipo e da espessura do agasalho interno (undergarment). Quanto mais espesso maior o volume interno. Porém uma vez ajustado, esse lastro não deverá mudar. |
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Roupas
de neoprene:
necessitam de lastro na superfície, porém no fundo, devido
a pressão, perdem a flutuabilidade por compressão de suas
células gasosas, daí a necessidade do colete equilibrador. A flutuabilidade da roupa dependerá da densidade do neoprene. |
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Neoprene de baixa densidade: possuem grande quantidade de bolhas, por isso, são roupas macias e agradáveis de vestir na superfície, porém quando submetidas a pressão comprimem em grande quantidade perdendo isolamento térmico e flutuabilidade. |
Bolhas grandes, maior compressão |
Neoprene de alta densidade: possuem poucas bolhas, por isso, são roupas mais duras na superfície, quando submetidas a pressão comprimem menos, perdendo pouco isolamento térmico e flutuabilidade. |
Bolhas pequenas, menor compressão |
Roupas
antigas: elas também necessitam menor
quantidade de lastro, pois com o uso, muitas células gasosas da
espuma de neoprene rompem, diminuindo sua flutuabilidade.
Por tudo isso, esteja sempre disposto a reajustar seu lastro, principalmente se for para menos. |
Na tabela
abaixo, temos uma comparação geral entre espessuras de
roupas de neoprene e |
Espessura do neoprene |
3 mm.
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5 mm.
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7,5 mm.
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Lastro necessário para o equilíbrio |
4,0 Kg.
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4,5 kg.
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5,0 Kg.
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Cinto
de lastro O cinto de lastro recebe muito pouca atenção durante a maioria dos cursos de mergulho, porém ele é o responsável por inúmeros incidentes durante as atividades de mergulho. Geralmente esses problemas estão associados ao excesso de lastro e ao posicionamento errado. Cintos muito pesados necessitam de muitos lastros, assim, não deixam espaço suficiente para apertá-los debaixo d'água, quando a roupa de neoprene comprime. Com isso, o cinto fica folgado e acaba por escorregar pelas pernas do mergulhador, causando uma súbita e descontrolada subida, com sérios riscos de embolia traumática e doença descompressiva. |
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Deixe um espaço de no mínimo 10 centímetros, entre a fivela e o primeiro lastro. Este espaço será suficiente para apertar o cinto embaixo d'água, caso seja necessário, devido a compressão da roupa de neoprene. |
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ERRADO Cinto no quadril Pernas para baixo |
CERTO Cinto na cintura Pernas na horizontal | O segundo mau hábito dos mergulhadores é posicionar o cinto sobre os quadris e não na cintura, esse erro, provoca primeiramente o deslocamento do TRIM, de modo que as pernas pendem para o fundo, além disso, o esforço para manter, no fundo, a postura horizontal provoca, em mergulhos longos, fortes dores na região lombar. |
(O
colete foi reduzido para melhor visualização)
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Opções
ao cinto de lastro Algumas opções podem ser utilizadas para retirar todo ou parte do lastro do cinto, todas elas possuem implicações sobre o mergulhador que devem ser avaliadas. - Lastro integrado ao colete: todo o lastro ou parte dele são passados a bolsos especiais no colete equilibrador, diminuindo o peso do cinto. Implicações Positivas: Implicações Negativas: Torna o conjunto cilindro + colete +lastro muito pesado para ser manuseado. No caso da necessidade de apneia, ou de retirar o colete dentro d'água, o mergulhador não estará com o lastro certo. Forçam estruturas costuradas ou de velcro dos coletes, que ao se desgastarem acabam por deixar cair o lastro, criando uma situação de risco. |
-
Back Plate: alguns coletes utilizam uma
placa, onde fica preso o cilindro e de onde saem as tiras dos ombros, ela
é chamada Back Plate. Quando são confeccionadas em
aço inox, podem substituir até três quilos do lastro
do cinto. Implicações Positivas: Deslocam o TRIM do mergulhador para o tórax, melhorando o posicionamento. São muito mais resistentes para suportar cilindros pesados, como os duplos. Implicações negativas : Alguns mergulhadores reclamam de desconforto. |
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-
Lastro Delta: São chumbos em forma de piramidal,
alojados entre o cilindro e o Back Plate, podem comportar de 1 a
3 quilos. Implicações Positivas: Deslocam o TRIM do mergulhador na direção que for necessária. Implicações Negativas: Torna o conjunto cilindro + back plate + colete + lastro, muito pesado para ser manuseados. |
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Colete
equilibrador Os coletes modernos são estruturados na forma de Jacket ou Asa. Essas duas configurações não alteram o nível de flutuabilidade, mas modificam completamente o TRIM do mergulhador. |
- Colete Jacket: quando estão muito cheios, forçam o mergulhador para a posição vertical. Principalmente se estiverem folgados, deslocam-se para a parte superior do tronco, tornando a posição horizontal impossível. |
Colete Jacket |
- Colete Asa: deslocam o mergulhador para uma posição horizontal, facilitando a tarefa de manter as nadadeiras longe do fundo e deslocar-se com uma menor resistência da água. |
Colete Asa |
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Equilíbrio
do Mergulhador
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Agora
que você já verificou os principais fundamentos que alteram
a flutuabilidade e está consciente de que é necessário
utilizar o mínimo de lastro possível, é hora de investir
tempo e ajustar seu lastro.
Ajustando o valor do lastro corretamente I. Primeiramente, sem equipamento, verifique sua flutuabilidade na água do mar, de acordo com o teste apresentado. II. Consultando a tabela com a flutuabilidade de seu cilindro, acrescente o lastro necessário para equilibra-lo, considerando o cilindro vazio. III. Consultando a tabela espessura de roupas, acrescente a soma, o lastro necessário a equilibrar a flutuabilidade de sua roupa. IV. Teste esse valor de lastro, no final de um mergulho, para confirmar sua condição de flutuabilidade. V. Pronto você está com o lastro adequado. Você já ouviu falar em Reflexo de Mamífero? Todo mamífero ao molhar o rosto, por instinto, inspira profundamente, como já vimos, o pulmão possui cerca de 6 litros, que necessitarão de mais lastro para equilibrá-lo se estiver totalmente inflado. Respire com calma e inicie seu mergulho expirando. Outra reação muito comum aos mergulhadores e parar o desinflar do colete assim que a água atinge o vidro da máscara. Nessa condição a maioria dos coletes ainda guarda cerca de um litro de ar. Se ele não for esvaziado corretamente, mais lastro será necessário. Vamos então analisar qual seria a pior situação em relação a se estar positivo durante um mergulho. Análise de cenário crítico A pior situação possível seria chegar ao final de um mergulho, dependendo de cumprir a descompressão e estar positivo demais, com o risco de furar etapas mais rasas da descompressão. |
Para
evitar que isso aconteça o mergulhador deve permanecer neutro, mesmo
com as seguintes condições:
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Se nessas condições
o mergulhador está neutro, ou ligeiramente negativo, nenhum lastro
a mais, deve ser acrescentado. No início do mergulho, o cilindro cheio, tornará o mergulhador mais negativo; então, bastará esvaziar adequadamente o colete e o pulmão para vencer os primeiros metros, a partir dos quais, a compressão da roupa já se fará sentir, deixando o mergulhador negativo. Se no final do mergulho, entre 3 metros e a superfície, o mergulhador estiver ligeiramente positivo será excelente, pois no caso de falha do colete, fadiga ou outra condição adversa, garantimos que o afogamento não acontecerá. |
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Ajustando
o TRIM
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Ajustar o TRIM do mergulhador para que ele fique horizontal, é ainda mais fácil. I.
Certifique-se que seu cinto de lastro só possui o lastro necessário. |
III.
Ajuste firmemente o cinto e certifique-se que existe pelo menos mais cinco
centímetros para corrigir o ajuste no fundo, devido à compressão
da roupa. |
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V.
Suba o cilindro
dois centímetros de cada vez (a faixa de fixação do colete deve baixar). VI. Repita o procedimento IV. As pernas continuam a afundar . VII. Repita o procedimento V. |
O
regulador já está batendo na cabeça e ainda assim as
pernas afundam. Precisamos então de soluções mais sofisticadas. Aumentando a flutuabilidade das pernas - Poderá ser tentada uma das opções como visto acima. Deslocar parte do lastro do cinto para mais perto do tórax. - Trocar as nadadeiras por modelos mais positivos, também poderá resolver o problema. - Faixas de neoprene, representadas em vermelho, coladas na roupa ao longo da parte de trás das pernas, aumentam a flutuabilidade da roupa, e conseqüentemente das pernas, mantendo-as longe do fundo. Tornam a roupa mais difícil de ser vestida, porém resolvem o problema de flutuabilidade |
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Você
também poderá não fazer nada; mas lembre-se; lastro
bom, só de ouro, |