Destino:
naufrágio |
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Revista Mergulho,
Ano XV - Nº 180 - julho/2011
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Texto
Maurício Carvalho
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Outro dia
um repórter me perguntou que naufrágios eram mais importantes
e deviam ser protegidos em primeiro lugar. Inicialmente, pensei em indicar
os mais bonitos e interessantes para o mergulho, aqueles que estão
em águas mais claras e possuem mais fauna associada.
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Depois
de algum tempo refletindo cheguei à conclusão que na incapacidade
de avaliar caso a caso os navios de marinha deveriam ser os primeiros e
mais protegidos. É certo, que muitos mercantes possuem histórias
fantásticas e navios como o Príncipe
de Astúrias (SP) e Bahia
(PE.), devido ao grande número de vítimas dos naufrágios,
ou o Itapagé (AL),
por ser testemunha das agressões que levaram o Brasil à guerra;
deveriam se tornar uma espécie de santuário. Mas se avaliarmos por grupos, os mais de 80 navios naufragados da Marinha do Brasil, certamente guardam muito mais da história e representam melhor os acontecimentos de sua época. Como esquecer que o Dona Paula (RJ.) perseguia piratas na frente de um dos balneários mais famosos do mergulho brasileiro. Na história da Marinha do Brasil, muitos dos mais importantes navios, foram comprados de outros países. O que significa que eles possuem dois períodos distintos de atividade e história, no exterior e aqui. Veja o exemplo do CT Paraíba, naufragado em frente ao Rio de Janeiro quando era rebocado para desmanche. O navio é reverenciado pelo seu período com USS Davidson e sua antiga tripulação americana ficou muito feliz por vê-lo repousar no fundo, ao invés de virar sucata de aço, exatamente por respeito a sua folha de serviços. |
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Em muitos países, diversos
navios de Marinha tem sido afundados propositalmente para servir de recifes
artificiais e simultaneamente preservar a história dessas embarcações.
Infelizmente no Brasil, o padrão tem sido outro e, com isso, os
navios têm sido vendidos para sucata, como o CT Paraíba e
o Porta Aviões Minas Gerais, este último não conseguiu
escapar dos maçaricos. |
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Infelizmente, acabou sendo afundado
próximo a Quissamã, no litoral norte do Rio
de Janeiro e em uma área com visibilidade pouco maior que um
metro. Segundo os coordenadores do projeto, o local foi escolhido para
beneficiar - ou compensar danos ambientais - a população
de pescadores da região, servindo como atrator de peixes. |
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um custo mais baixo do que a limpeza
e preparação de toda a estrutura de um navio. |
Talvez no futuro nossos governantes
vejam as enormes possibilidades que o afundamento deste tipo de estrutura
pode abrir. Ou será que tantos países como Canadá,
México e Estados Unidos estão enganados. |
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O
SPIEGEL GROVE
O USS
Spiegel Grove foi construído nos Estados Unidos e lançado
ao mar em novembro de 1955. Seus 150 metros de comprimento por 24 de boca
serviam como navio de apoio a desembarques anfíbios. |
Hoje o navio encontra-se apoiado
sobre sua quilha a uma profundidade de 40 metros, atingindo no alto de
sua superestrutura, cerca de 18 metros. |
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Maurício Carvalho é biólogo, instrutor especialista em naufrágios, autor do SINAU (Sistema de Identificação de Naufrágios) e responsável pelo site Naufrágios do Brasil. |
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