Estrutura
do casco |
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Casco |
Como
casco, conhecemos o revestimento externo e estanque a água da embarcação,
que permite a ela permanecer flutuando. O casco pode ser fabricado de uma grande
variedade de materiais; couro, madeira, ferro, aço, alumínio, fibra
de vidro, plástico e até mesmo concreto nos períodos de grande
escassez de aço. |
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Histórico A evolução na fabricação dos cascos permitiu a utilização não só de diversos materiais, mas de suas combinações como no Composite. Também os métodos de fixação e proteção contra o mar sofreram modificações. Até meados do século XVIII temos unicamente cascos de madeira e madeira chapeada com folhas de cobre ou bronze (os primeiros registros de revestimento são em torno de 1570). As chapas de cobre eram presas ao casco por pequenos pregos do mesmo material - Califórnia; 1866 - Ilha Grande, RJ. De ferro ou bronze; sua função era proteger o casco de Teredos ou Gusanos, que como outros organismos marinhos perfuram o casco. Em 1780 surgem os cascos de ferro. Com a chegada do século XIX, cascos desse material tornaram-se comuns; sua evolução, da origem, a partir de meados do século XIX, de navios do tipo Composite, onde a estrutura era de ferro e o forro de madeira. Entre 1870 e 1880 surgem os cascos de aço, por serem de custo mais alto, estavam restritos aos navios militares de alta resistência, como os Encouraçados e Monitores. No século XX, os cascos de aço, por sua maior resistência e pelo desenvolvimento das siderúrgicas que tornaram o aço mais barato, tomaram o lugar definitivamente do ferro e da madeira, sua maior resistência permitia menor espessura e peso, altamente vantajosas. |
Dicas de mergulho |
Datação:
O casco é uma das primeiras peças a soltar-se da estrutura do navio
naufragado, especialmente por ser preso ao cavername somente por pregos, rebites
ou solda, muito mais suscetíveis à corrosão. Também
influencia no desmonte o fato do casco absorver grande parte da energia do choque
contra o fundo. É possível inferir sobre o tipo de navio, se o formato do casco puder ser observado com precisão. Como exemplo, o tabuado das caravelas portuguesas eram feitos de pinho, enquanto em galeões espanhóis a madeira escolhida era o sobro. Até 1915 os grandes navios possuíam cascos formados por placas rebitadas, a partir desta data começam a surgir os cascos inteiramente soldados. Infelizmente essa identificação não é nada fácil, pois geralmente, o casco fragmentou ou foi recoberto pelo sedimento. Orientação: Ao longo de todo casco, são encontradas peças especializadas que podem indicar ao mergulhador em que posição está o navio e em que local do naufrágio ele se encontra. |
Sinal manual para casco | Pequenas
projeções laterais, localizadas abaixo da linha d'água ao
longo de todo o casco, são chamadas quilhas de balanço. Na extremidade
da proa existem os escovéns,
que são os orifícios de passagem das âncoras. Se ainda existe uma certa continuidade do casco, o mergulhador poderá saber que porção dos destroços está observando. O casco segue o perfil das cavernas, assim o formato em V indica a proa, enquanto o perfil em U a popa. Quanto ao centro de embarcações comerciais, ele deverá ter um perfil mais quadrado com fundo quase plano, que acomoda melhor a carga (considerando-se embarcações comerciais). |
Em naufrágios desmantelados, devemos observar o casco, a procura dos cavernames. Se eles estiverem visíveis, podemos deduzir que o casco abriu, caindo para fora dos destroços. Quando o casco está liso, é claro sinal de que observamos sua face externa, por isso deduzimos que caiu para o interior da embarcação. Tal fato demonstra que pode haver partes importantes dos destroços escondidas sobre ele. |
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Cavername |
As
cavernas são peças de madeira ou metal, geralmente curvas e ligeiramente
flexíveis, que partem perpendicularmente da quilha, compondo a estrutura
transversal do navio; e onde está preso o casco. Histórico O tipo de material das cavernas, foi sendo mudado com o desenvolvimento das embarcações. Inicialmente feitas de madeiras, a partir de 1866 começaram a serem feitas de metal, em navios conhecidos como Composite, pois apesar do cavername de Ferro possuíam o casco de madeira. Durante um furacão em 1838, várias embarcações de madeira e uma de ferro foram jogadas contra um penhasco nas costas da Inglaterra, então ficou clara a grande vantagem do ferro, pois somente a embarcação deste material safou-se do naufrágio. |
Até o primeiro terço do século XX, as cavernas de aço, eram montadas em estruturas integrais e compactas, porém foram substituídas com perfis perfurados e de bordas reforçadas, utilizadas ainda hoje. |
Dicas de mergulho |
É
uma estrutura freqüentemente observada nos naufrágios, presas ou não
ao casco. Caracterização e Datação: Pelo tamanho das cavernas, podemos avaliar as dimensões do barco e pelo tipo de perfil, o seu período de construção. Em embarcações dos séculos XVIII e XIX, o cavername de madeira era todo preso por grandes pregos de cobre ou bronze, chamados cavilhas. Cavernames de perfil sólido ou vazado também revelam a época de construção do navio. A posição do cavername e da quilha, como veremos, é muito importante para determinar a posição do navio no fundo. Orientação: Na grande maioria dos naufrágios que mergulhamos, podemos perceber um padrão de formato do cavername, com isso podemos utilizar esses formatos para nos orientarmos durante o mergulho e deduzir por qual parte dos destroços estamos nadando. Na proa, o perfil das cavernas é o V, com cavernas cada vez mais próximas a medida que nos aproximamos do bico de proa. Nadando em direção ao centro da embarcação, as cavernas tornam-se mais quadradas e afastadas uma das outras. Na popa, as cavernas têm um perfil em U que se torna mais raso até atingir o espelho de popa. |
Formato dos cavernames |
Perfil em V | Perfil quadrado | Perfil em U |
Animação
do desmonte de casco e cavername para diferentes posições de naufrágios. |
Casco
e Cavername / Conveses
/ Carga /
Sedimento |
Naufrágio
em posição correta |
| O
navio ao pousar no fundo em sua posição correta apóia-se
sobre a quilha. Apesar das peças estarem apoiadas em seus lugares apropriados,
o que aumenta o tempo de estabilidade da estrutura, ela sofre a força de
sua carga e acaba por abrir o casco e cavername. A queda normalmente ocorre para
fora dos destroços; com isso, a largura dos destroços é superior
a boca original do navio. Os convéses desabam sobre o interior dos destroços. A carga se espalha de forma homogênea para os dois lados da quilha e o sedimento quando cobre os destroços forma uma "mesa" de formato regular e plano. |
Naufrágio adernado |
Casco e Cavername / Conveses / Carga / Sedimento | Muitos
destroços, devido à inclinação do relevo do fundo,
acabam por pousar adernados, apoiados em sua quilha de balanço. A carga
subitamente deslocada para um dos bordos, rompe o casco entre as cavernas, fazendo
com que o conteúdo se espalhe apenas em um dos lados dos destroços. O cavername que permanece voltado para cima, inclina-se permanecendo quase perpendicular com o fundo, o casco inferior desaparece sob o sedimento. Os destroços ficam deslocados para o lado mais inclinado, a pirâmide formada tem um dos lados de declive suave enquanto o outro mergulha abruptamente. |
Naufrágio
caído de lado |
Casco e Cavername / Conveses / Carga / Sedimento | Navios
militares, com casarios pesados, como os Couraçados e Cruzadores da 2ª
Grande Guerra assim como em naufrágios causados por mau tempo, os cascos
têm tendência a adernar totalmente, pousando no fundo por um dos bordos,
ou até mesmo de cabeça para baixo. Nestes casos, a carga rompe os
conveses e espalha-se pelo fundo. A parte superior do casco, colaba sobre os destroços
encerrando muitas partes do navio. A configuração final dos destroços é de uma grande concha, com partes espalhadas em um dos bordos. O sedimento cobre as partes mais baixas do naufrágio deixando exposto o casco, que muitas vezes apresenta, virada para cima uma das quilhas de balanço. |
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Quilha |
É
a espinha dorsal da embarcação, sendo constituída por uma
peça muito resistente, disposta por todo o comprimento do casco, na parte
mais baixa do barco. |
Histórico Nas antigas caravelas e galeões era utilizada o Carvalho para a confecção dessa peça, em navios de metal o material escolhido é o melhor aço, de maior dureza e resistência já que o navio fica apoiado sobre ela na carreira seca. |
Dicas
de mergulho | Sinal manual para quilha |
durante o naufrágio, naufrágios partidos
freqüentemente apresentam quilhas descontinuadas, veja - Bellucia, 1903, Guarapari ES. Na maioria dos naufrágios não conseguimos observar a quilha, pois ela encontra-se coberta por outros destroços ou pelo sedimento. |
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Convés |
É
o mais alto pavimento contínuo da embarcação dentro do casco,
estendendo-se da proa à popa. Os pavimentos abaixo do convés são
chamados de cobertas. Do convés erguem-se a superestrutura, os castelos
de proa, popa e meia-nau, quando existentes e os mastros passam a ser externos. Nele também estão fixadas peças como guinchos, cabeços de amarração, turcos entre outros. A forma do convés dependerá do tipo de embarcação. |
Dicas de mergulho |
Orientação:
Quando
a embarcação está em sua posição correta, o
convés, sob o peso das estruturas, precipita-se sobre o resto do navio,
formando-se uma pilha de destroços sobrepostos. Em naufrágios adernados
ou tombados de lado, o convés, projeta-se para fora do casco. Nos dois
casos, são obstruídos os outros níveis. (Veja as animações
sobre desmonte acima). No convés, encontramos não só uma série de peças muito comuns em destroços como: guinchos das âncoras, cabeços de amarração e guindastes, mas também as entrada dos porões chamadas escotilhas, que darão acesso ao(s) porão(ões). |
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Superestrutura |
Também
chamado de Casario ou Casaria. São as construções com pavimentos
acima do convés superior da embarcação, possuem portas e
vigias, sendo na maioria dos casos compostas por corredores e compartimentos,
que podem formar um verdadeiro labirinto, por vezes, com vários andares
de compartimentos. |
Histórico Dos Séculos XV ao XVII o maior casario era localizado na popa, com essa caracterização temos Caravelas, e Galeões. Nos séculos XVIII e XIX, a casaria não passava de um pavimento, abaixo do sistema de velas da embarcação, sendo os ícones do período Brigues, Escunas e Patachos. No início do Século XX, surgem os clássicos cargueiros de três castelos, com a superestrutura de maior volume no centro da embarcação. Na maioria dos navios modernos a superestrutura ergue-se na popa. Em cargueiros dos séculos XIX e XX, encontramos na parte frontal e superior da superestrutura a sala de comando (ponte), esta estrutura, até meados deste século encontrava-se a meia-nau. |
Dicas de mergulho |
Orientação:
A
posição das superestruturas no fundo podem indicar o que ocorreu
com os destroços durante o processo do naufrágio e do desmanche. Quando o navio esta em sua posição natural forma-se uma grande massa de ferros amontoados em um ponto específico dos destroços. Essa região normalmente eleva-se vários metros acima do restante do naufrágio sendo a região mais rasa. Quando o navio aderna ou tomba de lado, a superestrutura, por efeito de alavanca, é arrancada do convés rompendo o casco e caindo de cabeça para baixo. Segurança: Em uma penetração as superestruturas são normalmente o local de maior dificuldade, pois os corredores são estreitos as portas dificultam a passagem de um mergulhador e existem poucos pontos de luz. Para complicar ainda mais os utensílios do compartimento, como camas, mesas etc obstruem a passagem. O mergulhador deve procurar passar pelas portas na sua maior dimensão, evitando-se ficar preso pela parte de cima do cilindro. |
Porta na vertical Mergulhador em posição normal. |
Porta na horizontal Mergulhador em posição lateral. |
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Escotilhas |
São
as abertura do convés, para a passagem de carga, pessoal, luz ou ar, para
o interior da embarcação. Podem ter diversas configurações
e formas de acordo com sua função. | Vigia |
Ao
lado das escotilhas de carga, freqüentemente encontramos escotilhas comuns,
que servem para dar acesso a pessoas através de uma escada inclinada. Essas escotilhas possuem tampas, fixadas através de ferrolhos aparafusados por borboletas. As vigias, também são por vezes chamadas de escotilhas. |
Dicas de mergulho |
Orientação:
As escotilhas têm um importante papel para os mergulhadores pois, quando
são de carga funcionam como passagem e entrada de luz para o interior dos
porões. No caso de vigias, podemos utilizá-las para prover o interior do naufrágio com luz e para mapear os destroços. Além de sabermos que por trás de uma vigia existe um compartimento, podemos contá-las pelo lado de fora dos destroços e utilizar esse número como orientação quando nadamos pelo interior dos destroços. Deste modo podemos saber em que ponto dos destroços estamos, ou se há mais algum compartimento a nossa frente. Segurança: Tampas de escotilhas devem ser checadas antes da passagem do mergulhador para o interior do naufrágio, garantindo que não podem mover-se e obstruir a saída. No caso de dúvida calce a escotilha com algum outro destroço. |
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Consulte
nosso guia de estruturas de vapores e conheça mais sobre sua construção
e características, caso deseje identificar as peças pelo visual
utilize o esquema na página de Navios à vapor. |
Adriças
/
Âncoras
/
Bússola
/ Cabeço
de Amarração /
Cabrestantes
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