Sala de Comando

 

A sala de comando de uma embarcação tem um significado quase místico. Dali foi percebida a difícil situação que levou ao naufrágio ou foi dada à dramática ordem de abandonar o navio. Em algumas situações podemos identificar inclusive as condições em que ocorreu o naufrágio, como posição do telégrafo de máquinas e o timão travado ou amarrado em condições de tempestade.

 
A posição da sala de comando depende basicamente da configuração da embarcação. Rebocadores possuem sua sala de comando bem na proa.
Os Galeões e Caravelas eram comandados da popa. Nos navios à vapor do início e meio do século, esse comando passou a ser feito do centro para a frente da embarcação.
Atualmente navios cargueiros de grande porte são novamente comandados da popa, em uma superestrutura muito alta, enquanto navios de passageiros e militares possuem comandos do meio para a proa.


O Sino é utilizado para comunicações internas; freqüentemente possuem o nome da embarcação

 
Timão
O Timão, também conhecido como roda do leme, serve para dar governo à embarcação.
Veleiros: Nos antigos navios o timão estava localizado na popa, logo à frente do leme. A transmissão do giro do timão para o leme era praticamente direta; e feito através de fortes cabos de cânhamo. Possuía um grande diâmetro e nos maiores navios era duplo, para garantir menor esforço e que mais de um timoneiro poderia girá-lo em manobras forçadas e bruscas.
Vapores: Em navios movidos a máquinas, já encontramos o timão dentro da sala de comando e o mecanismo de giro, nas embarcações de grande porte, é auxiliado por força mecânica.
 
Mais de um timão podem ser encontrados em grandes navios. Eles podiam ser feitos de bronze, embora o mais comum seja a madeira, com reforços em bronze.
Infelizmente devido ao seu material de construção pouca coisa sobra do timão, partes dos anéis de reforço e a engrenagem junto ao pedestal. Nos Grandes Lagos dos U.S.A., devido as condições de água doce e fria encontram-se em navios de madeira o timão ainda perfeitamente intacto; mas na água salgada, devido aos Teredos, destruidores de madeira isso é raro.
 
Dicas de mergulho
 
Mergulhadores iniciantes com freqüência confundem a válvula principal de admissão de vapor junto as máquinas, com um timão de comando. pois elas são semelhantes, embora, como tenhamos visto, os timões sejam de madeira.

Bitácula de Bússola

A bitácula de bússola é o compartimento que da abrigo a agulha de navegação. Ela é composta por um pedestal, normalmente de madeira, com um suporte de bronze na parte superior onde fica alojada, suspensa em um compartimento líquido, a bússola.
Em cada uma das laterais da bitácula existem esperas de metal que através de um ajuste de proximidade da bússola permitem aferir regularmente a agulha, alterando seu desvio magnético.
Nos navios de grande porte é freqüente a existência de duas bitáculas dentro da sala de comando e mais uma em cada um dos bordos do convés de comando, já fora da sala.

Dicas de mergulho

A presença dessas estruturas só é encontrada nos naufrágios protegidos da ação dos caçadores de souvenir. Sendo extremamente raras em outros naufrágios.

 

 
Telégrafo de Máquina
 

O telegrafo de máquinas é utilizado para passar o comando de andamento do navio da sala de comando para a sala de máquinas, onde outro equipamento deste existe. Seu funcionamento é totalmente mecânico, funcionando através de polias, correntes e cabos de aço.
Ele consiste de um mostrador circular, onde estão indicadas diversas condições das máquinas, tanto a frente como a ré.

 

Funcionamento do Telégrafo de Máquinas.
Quando na sala de comando é dada uma ordem como: parada total das máquinas; o marinheiro responsável pelo telégrafo movimenta seguidamente a alavanca de comando do telégrafo, parando sua alavanca com o indicador na posição STOP.
Essa movimentação é transferida, através de cabos, a um pequeno ponteiro chamado piloto, no telégrafo da sala de máquinas que apontará o STOP ordenado. Ao se movimentar esse ponteiro toca uma campainha, alertando o chefe de máquinas que um comando foi ordenado.
C
ompreendendo a ordem, ele providenciará a parada total. Uma vez que o comando tenha sido executado, o chefe de máquinas repetirá o procedimento com a alavanca de seu telégrafo, posicionando-a junto ao ponteiro piloto. O movimento comandará o ponteiro piloto do telégrafo de máquinas da sala de comando, que deverá parar junto a alavanca inicialmente acionada.
O procedimento confirmará a quem está no comando, que a ordem de parada foi executada.

O mesmo procedimento é adotado para as outras posições do telégrafo como:
AHEAD (A vante) - Slow (lento), Half (meia-potência) e Full (toda a força)
ASTERN (A Ré) - Slow (lento), Half (meia-potência) e Full (toda a força)

 
Dicas de mergulho
 

Esta peça também é de difícil localização em naufrágios, estando restrito aqueles navios muito bem protegidos da ação dos caçadores de souvenir, pela legislação ou pela profundidade como a Corveta Ipiranga, 1983, Fernando de Noronha. Mas se for encontrado o número de telégrafos também indica o número de máquinas que dotavam o navio.

Se o telégrafo de máquina estiver intacto, principalmente naqueles navios que após o afundamento ficaram desaparecidos durante muitos anos, dando tempo para a fixação das peças móveis, o telégrafo pode indicar o estado de movimento do navio antes do naufrágio. Assim, navios que se chocam contra costões, permanecem com o telégrafo em condições de marcha à frente.

 
Da mesma forma, se os telégrafos são encontrados com marcações diferentes e opostas. Por exemplo, bombordo a ré e boreste, tudo a vante, isso pode indicar que houve uma tentativa de guinar violentamente a embarcação.

Os telégrafos de máquinas trabalham em dupla, assim para cada um na sala de comando, existe seu correspondente na sala de máquinas.
Assim, encontrar o telégrafo de máquinas não significa necessariamente ter encontrado a sala de comando. A diferença entre eles é que os telégrafos da sala de máquinas freqüentemente não possuem o pedestal, ficando presos diretamente no teto.
 


Conheça os sinais manuais
para naufrágio
 

Consulte nosso guia de estruturas de vapores e conheça mais sobre sua construção e características, caso deseje identificar as peças pelo visual utilize o esquema na página de Navios à vapor.
 
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