...NAUFRÁGIO do TOCANTINS
 
Histórico
Construído pelo estaleiro Blumer em Sunderland, no Reino Unido para a companhia Ras Steam Shipping Co. Ltd. este vapor de 3.837 toneladas foi lançado ao mar em 1901 com o nome de Ras Bera. Foi notícia mundial em 1904, quando esteve retido em Port Arthur (Dalian, China) durante a Guerra Russo-Japonesa de 1904/1905, de onde fugiu sem autorização e sob tiro das baterias costeiras. Em 1908 a empresa britânica vendeu o navio para a companhia Buarque Line, também de Londres, onde foi rebatizado como Tocantins.
Finalmente, em 1911 o vapor foi vendido, junto com outros dois vapores semelhantes, o Purus e o Tapajós para o Lloyd Brasileiro.
 
O Naufrágio
O Tocantins viajava em uma rota tradicional do Rio Grande do Sul para Manaus. Devido a escasez de vapores para suprir a navegação de cabotagem, os navios do Lloyde cumpriam longos percursos. Na manhã do dia 28 de Agosto de 1933 o vapor havia deixado o porto de Paranaguá, com escala prevista para Santos, onde deembarcaria uma carga de madeira e alimentos.
Ao cair da noite, o mar estava calmo, porém devido a espessa cerração, que tornou a visibilidade praticamente nula, não foi avistado o farol da ilha de Queimada Grande, já muito próxima de seu destino, ocorreu o encalhe de proa na face sul.
Passada a surpresa do choque, o comandante ordenou uma inspeção do navio, foi constatada uma infiltração de água nos porões 1 e 2.
O comandante ordenou o envio de um radio à agência do Lloyd Brasileiro em Santos no qual comunicava o ocorrido e requeria providências.
 
Shipwreck WRECK WRAK EPAVE PECIO    
Após o acidente, o mar começou a virar, soprando um forte vento sudoeste. Com o mar revolto, as duas âncoras não seguraram, o vapor foi arrancado de sua posição original e lançado com o costado de bombordo contra as escarpas da costa. Com o novo impacto, o navio começou a afundar.
Na madrugada do dia 31 o tempo melhorou ligeiramente e chegaram ao local os rebocadores São Paulo e Commandante Dorat. Mas ao invés do navio flutuando, encontraram apenas seus mastros fora d'água. As 19:00 horas da noite anterior, todos os tripulantes já haviam abandonado o vapor, foram recolhidos pelos rebocadores e transportados a Santos.
     
Ilha Queimada Grande em frente ao litoral de Peruíbe, ao sul de Santos, SP. No mesmo local afundou em 1893 o vapor Rio Negro
 

DADOS BÁSICOS

Nome do navio: Tocantins

Data do afundamento: 30.08.1933

LOCALIZAÇÃO

Local: Ilha Queimada Grande

UF: SP.

País: Brasil

Posição: Na face norte da ilha, Saco da banana

Latitude: 24° 29' sul

Longitude: 046° 40' oeste

Profundidade mínima: 08 metros

Profundidade máxima: 21 metros

MOTIVO DO AFUNDAMENTO: choque

CONDIÇÕES ATUAIS: desmantelado
DADOS TÉCNICOS
Nacionalidade: Brasileira
Ano de Fabricação: 1901
Armador: Lloyd Brasileiro
Estaleiro: U. Blummer Co. (Inglaterra)
Comprimento: 115,5 metros Boca: 15,3 metros Calado: 6,2 metros
Tipo de embarcação: Cargueiro Tonelagem: 3.837 Toneladas
Material do casco: aço Propulsão: hélice
Carga: madeira, carga geral e passageiros
 

 

Descrição
O Tocantins está paralelo a costa, a proa está virada para sudoeste e sua posição é assinalada por uma pedra em formato de coração.
A estrutura geral do navio está mantida, com exceção da popa, que está partida e caída a 23 metros na areia sobre o costado de boreste. O casco está apoiado na quilha e com segmento praticamente inteiro. A proa continua integra mas a maior parte dos costados já se abriram sobre a areia.

Ele dista em torno de 50 metros do Rio Negro, que está a esquerda do tocantins. O terceiro navio da Queimada Grande é o Araponga, que afundou ao largo da ponta norte da ilha.
A proa se mantém em pé devido ao reforço do compartimento de colisão. Nela estão os dois escovéns e o guincho de proa. Seguindo-se as correntes podemos encontrar as duas âncoras Halkins sobre as pedras do costão. A profundidade é muito baixa (6 metros) o que indica que foram lançadas no local da colisão original.
Atrás do guincho o navio está partido, os costados já caíram e temos um grande vazio, que caracteriza a presença do primeiro porão, o primeiro guincho de carga está logo atrás das colunas de sustentação do convés.

 

Posição do Tocantins - rocha em forma de coração
 
Proa ainda em posição devido ao seu reforço
As duas âncora estão sobre as pedras do costão
Estrutura do primeiro porão
 
...............
 
No centro da embarcação está o conjunto de propulsão do Tocantins. São duas caldeiras Scotch tradicionais de 3,5 metros de diâmetro e uma caldeira menor (auxiliar) caída a boreste.
Passando-se as caldeiras estão as máquinas compostas do tipo de tripla expansão que dominam o cenário do Tocantins. Infelizmente a válvula de admissão do vapor já não existe mais (compare as fotos).
Seguindo-se para a popa está o grande eixo, ainda apoiado nos mancais, sobre o eixo já não possui mais o tubo de proteção, restando apenas um dos seus arcos.
A passagem de um lado ao outro do navio que existia por debaixo do caco nesse ponto, não está mais acessível, pois os destroços do casco de bombordo desabaram sobre a abertura.

OBSERVAÇÃO: Apesar de informações históricas afirmarem que "ao entrar em contato com a água a caldeira principal do navio explodiu", todas as caldeiras encontran-se em suas posições tradicionais, perfeitamente intactas no fundo e não ha falta de nenhum equipamento.
     
Caldeiras principais
Máquinas a vapor do tipo - Triple Expansion Engine
 
O último arco do túnel do eixo
A válvula de admissão do vapor nas máquinas (2005), atualmente já está destruída
 
No final do segmento dos destroços o eixo está torto e partido é o ponto exato onde a seção da popa se separou do conjunto.
O espelho de popa é a parte mais inteira e volumosa dos destroços, ela está caída na areia a cerca de 21 metros e é formada de dois convéses ainda perceptíveis. Podem ser localizados nesta parte do naufrágio o segmento final do eixo, o hélice, o resto do leme com suas governaduras e o volante do leme.
 
Seção de popa, com a parte final do eixo alinhado ao hélice
Uma das três pás do hélice
Volante do leme, última peça dos destroços
 

 
 
A história completa
 
   
A ilha Queimada Grande e seus três naufrágios Rio Negro, Tocantins e Araponga, onde existem mergulhos regulares, podem ser atingida a partir do litoral sul de São Paulo, principalmente Santos. Mas o ponto mais próximo é Peruíbe, onde atua a operadora NOVOSMARES. Os mergulhos são feitos a partir de um grande inflável FLEXBOAT SR 760 D, com dois motores de 200 HP, que permitem, com mar calmo, atingir a ilha em uma hora de navegação. A operação é excelente, a embarcação acomoda até 10 mergulhadores e o barco possui banheiro, garrafeiros e uma escada muito bem planejada.
Em dois dias pudemos mergulhar no Rio Negro, Tocantins e no Araponga, um mergulho mais complexo pois encontra-se a mais de 30 metros, mas que a operadora está disponibilizando para mergulhadores com maior nível de treinamento.
Obrigado a grande amiga e mergulhadora de naufrágios (a melhor) Tatiana Mello a operadora Novosmares (Maurício Mendes) e a Extreme Divers (Luiz Flório), que juntos organizaram e possibilitaram a operação com o maior sucesso.
 
 
Agradecimentos
 

Instrutora Tatiana Mello

https://novosmares.com.br

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Volante do leme Hélice Eixo Máquinas de expansão tripla Caldeiras principais caldeira auxiliar Guincho de carga Guincho de proa proa com escovéns