Introdução
Sair
do Rio de Janeiro para mergulhar na Ilha Queimada Grande em Santos, pode parecer
simples, mais depois de quatro tentativas frustradas, com cancelamentos já
no pier, estava um pouco preocupado com a fina chuva que caia às 6 horas
da manhã do sábado. Mas ela foi apenas o último suspense
para a revelação de um dos melhores naufrágios do Brasil.
Histórico
Construído em 1908 pela companhia Ras S.S. Co. Ltda. de Londres; em 1910
o vapor é vendido para o Lloyd Brasileiro e seu nome trocado de Ras Dara
para Tocantins. Sob o comando do Capitão-de-longo-curso A. Catamby
o Tocantins partiu do Rio Grande do Sul com destino a Manaus, cumpriu escala em
Paranaguá no dia 28 e seguiu para Santos Na madrugada do dia 29, o
navio encontrava-se envolto em espesso nevoeiro, que tornou a visibilidade praticamente
nula, impedindo que o farolete da ilha Queimada Grande fosse visualizado. Inesperadamente
o vapor chocou-se de proa com o costão da ilha o que provocou rápida
inundação dos porões 1 e 2 . O pedido de socorro por
rádio não pode ser respondido imediatamente, pois o tempo piorava
e o mar já apresentava forte ondulação. Em socorro ao Tocantins
partiu de Santos na tarde seguinte, o rebocador São Paulo, chegando ao
local já à noite. Do Rio de Janeiro partiu o Comandante Dorat, que
devido às condições meteorológicas nem conseguiu chegar
ao local. Na manhã dia 31, o tempo melhorou, e os rebocadores puderam
aproximar-se, porém o destino do Tocantins já estava selado. O mar
agitado da noite anterior jogou o vapor de lado contra o costão e ele acabou
por submergir. Pouco antes do desfecho, o capitão havia ordenado o abandono
da embarcação. Alguns pesquisadores afirmam que o navio partiu
ao meio antes de afundar e uma das caldeiras explodiu, porém, a análise
dos destroços mostra claramente que isso não ocorreu.
Mergulho
Mergulhar no Tocantins pagou cada uma de minhas tentativas anteriores, a
distância da Ilha Queimada Grande do continente garante uma excelente visibilidade
e uma fauna extremamente rica. Além disso, a maior parte dos destroços
ficou protegida da pilhagem, permitindo que o Tocantins seja um dos naufrágios
mais completos do Brasil. Os destroços estão paralelos ao costão
com a proa virada para sudoeste. A estrutura geral do navio está mantida,
com exceção da popa, que partida repousa à direita dos destroços.
A maior parte do casco está caído fora da canoa. Da proa, onde
estão os escovêns, cabeços e guincho, podemos acompanhar as
duas correntes até as âncoras que estão a 18 metros sobre
as pedras. Em direção a popa, uma grande área plana
denuncia os porões esvaziados. No centro do navio existem três
caldeiras, uma auxiliar e duas principais, todas perfeitamente inteiras e a de
bombordo parcialmente recoberta pelo casco. Atrás delas, está
o fantástico maquinário a vapor do tipo Triple Expansion Engine,
ainda com registros e outras peças. Seguindo-se pelo eixo, apoiado nos
mancais, ainda existe uma parte da casa do eixo. O navio é interrompido
abruptamente no costão. A popa, praticamente inteira, esta caída
a estibordo do casco. Nela, podem ser vistos o hélice, de três pás,
partes do leme e seu volante. Uma pequena penetração pode ser
feita na popa ou em uma passagem sob o casco, abaixo do eixo.
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