|
Histórico |
Dentro deste conglomerado
de empresas aparece o pequeno cargueiro Araponga. Construído em
1917 na Holanda pelo estaleiro N. V. Boele's, (Holanda) apresentava 55
metros de comprimento, 8,5 de boca e 721 toneladas de deslocamento. |
O Araponga ainda navegando com o nome de Tyro |
|
|
|
O
Acidente À meia noite do dia 11 de junho de 1943 o vapor Araponga de 721 toneladas da Companhia Costeira deixou Santos, SP, com destino a Florianópolis. O navio fazia rotineiramente a rota de Santos para Rio Grande, Pelotas e Porto Alegre. Levava a bordo uma carga de doze caminhões, volumes de ferragens e outras mercadorias. O Vênus, um pequeno cargueiro nacional de 600 toneladas, também seguia para o sul. Às 05:30 horas, madrugada do dia 12 de junho e ainda escuro devido a época do ano, navegavam os dois vapores as escuras nas proximidades da ilha de Queimada Grande, ao largo do litoral sul do estado de São Paulo e distante 35 milhas da cidade de Santos. Segundo informações dos tripulantes do Araponga, comandado naquela hora da madrugada pelo imediato Samuel André Sena, foi feita uma guinada para desviar da Ilha do Bom Abrigo e viu-se "uma fumacinha". |
|||
Segundo
os tripulantes do Vênus, às 5:35 horas foi avistada a outra
embarcação viajando próxima em sentido contrário.
Subitamente o Araponga realizou uma forte guinada para bombordo, mostrando
a luz vermelha e a do mastro. O Comandante Jarbas Ribeiro Jobim do Vênus
ordenou "máquinas a ré, toda força e leme a boreste",
mas já era tarde e devido ao seguimento das máquinas a manobra
foi inútil. Na noite escura, os dois navios costeiros colidiram. A proa do Vênus entrou à meia nau do Araponga, provocando-lhe extenso rombo na altura da casa de máquinas. Imediatamente o navio parou, adernou a popa e começou a afundar, submergindo meia hora depois do abalroamento, a duas milhas ao noroeste da ilha Queimada Grande. O Comandante do Araponga, Capitão Américo de Queiroz Albuquerque, com mais de 28 anos de experiência e que durante a primeira guerra foi o 1º piloto do vapor nacional Acarí, torpedeado perto de Cabo Verde, estava recolhido a sua cabine.. Acordado pelo estrondo retornou à ponte, acreditando que o navio havia sido torpedeado, tomou rapidamente providências para estancar a entrada de água, mas ao tomar conhecimento do abalroamento deu a ordem de "abandonar o navio". Duas baleeiras foram utilizadas para evacuar os 32 tripulantes do vapor da Companhia Costeira. |
Vista da ilha Queimada Grande da posição do Araponga |
||
O
Vênus parou máquinas para recolher os náufragos. Em
seguida, o pequeno cargueiro rumou para Santos, onde atracou no cais do
armazém 5 as 16:30 horas. Sete marinheiros foram internados na casa
de saúde de Santos com ferimentos leves. A inspeção revelou que o vapor nada sofrera a não ser pequenas avarias em sua proa, foi parcialmente reparado e seguiu para o Rio de Janeiro para ser consertado. Foi aberto inquérito, afim de apurar e a causa do acidente. Segundo o acordão do Tribunal Marítimo a culpa foi do imediato Samuel André Senna do Araponga, que conduzia o navio na hora do acidente. Ele teria manobrado imprudentemente e sem a vigilância necessária na noite escura. Foi condenado a pagar mil cruzeiros e as custas do processo. O acidente foi considerado fortuito e arquivado. |
|||
|
||
A proa do Araponga |
Vista do convés de proa |
Guincho de proa |
Descrição
(Tatiana Melo) O naufrágio está na posição de navegação, com a proa voltada para o continente - 0º. A proa está bem preservada, sobe até 28m. É possível localizar o grande guincho das âncoras e escovéns. A boreste da proa há uma âncora almirantado parcialmente enterrada com muitas estruturas caídas sobre ela, e redes de pesca enroscadas. A meia nau o casco está bastante danificado, e não há mais a estrutura do costado em pé. É possível apenas ver os cavernames nas laterais do naufrágio. São encontrados ainda 2 guinchos de carga. Chegando próximo a popa, o casco também está bem preservado. É possível ver duas caldeiras quase toda enterradas com muitas chapas sobrepostas. Também há carvão nessa região. Na direção das caldeiras, parcialmente enterrada na areia, a boreste do costado, está a cruz de bronze, símbolo da Companhia Nacional de Navegação Costeira. Continuando em direção a popa, já praticamente na extremidade está o motor a vapor de tripla expansão, ainda em pé, com os cilindros muito bem preservados. É possível ver registros do sistema de vapor a esquerda dele existe uma bomba d'água. Os virabrequins estão enterrados, assim como o eixo. Na sequência, no lado de bombordo estão caixotes com garrafas de vinho. |
.........
|
||
As
máquinas estão muito próximas à popa, confirmando
a imagem que temos do navio navegando como TYRO. Na popa, que sobe até
28 metros existe o reforço de popa e o volante do leme. Também
ainda é possível ver o arco do hélice e parcialmente
enterrada o hélice, com apenas uma pá visível. Ao redor de todo o casco do navio, são encontradas muitas chapas rebitadas caídas e algumas enterradas. A profundidade máxima é de 32,5m. Em várias peças e regiões do navio são encontradas redes de pesca, o que exige maior atenção e cuidados extras por parte dos mergulhadores. |
|||
Proa do navio |
Guincho de carga |
Muitas garrafas com a inscrição "São Paulo" entre as redes |
Borda da caldeira enterrada |
Máquinas de expansão tripla |
Popa com o arco e parte do hélice |
|
||
|
Confirmação da identidade (Tatiana Melo) |
||
No
dia 4 de março/2018, Tatiana Melo (Instrutora de Mergulho - Captain
Dive/SP) recebeu uma ligação do instrutor Fabio Lofrano
informando que ele e outros mergulhadores haviam acabado de encontrar
um naufrágio nas proximidades da Ilha da Queimada
Grande (SP), durante uma expedição da operadora Os Baeta
Dive. Passada a euforia da descoberta, era hora de identificar o naufrágio.
Tatiana entrou em contato com o especialista Maurício Carvalho e informou sobre a descoberta, e logo começaram a pesquisa. Como era de se esperar, registros históricos indicavam alguns naufrágios não localizados na região. Tatiana e Mauricio Carvalho analisaram as primeiras imagens subaquáticas do naufrágio, realizadas pela equipe que o localizou, e apesar da boa qualidade das fotos e vídeos, mostrando detalhes do naufrágio, não foi possível identificá-lo. |
||
Tatiana
então marcou um mergulho no local com Junior (Os Baeta Dive) e convidou
Rafael Esteves, Daniel Sartor e Rafael Parada da Captain Dive Mergulho para
se juntarem a expedição. Apesar do mar calmo, a água
estava turva no fundo e com correnteza. Mesmo assim, logo no primeiro mergulho
foi possível medir o comprimento e boca do naufrágio e identificar
o tipo motor, dados importantes e que ajudaram a restringir as probabilidades
e os deixaram mais próximos de uma identificação. No
segundo mergulho, passaram algum tempo atentos a detalhes dos destroços
em busca de peças, ou artefatos que pudessem indicar sua carga por
exemplo. Encontraram algumas garrafas, louças quebradas e uma bateria
que parecia ser de caminhão. Mas foi um par de talheres que os trouxe
maiores avanços. Na lateral dos escombros, semi enterrados, encontraram
e fotografaram um garfo e uma colher com a inscrição "CNN
Costeira" (Companhia Nacional de Navegação Costeira).
Mas ainda havia uma surpresa os aguardando, bem escondida, para coroar o
segundo e último mergulho do dia: uma bela cruz, em bronze, enterrada
na areia, próximo às caldeiras do naufrágio. Era o
símbolo da Companhia Nacional de Navegação Costeira
que adernava as chaminés de todos os seus navios. Já na superfície, a euforia tomou conta de todos! Os mergulhos haviam sido muito produtivos! Estavam ansiosos para retornar ao continente e poder enviar todos os registros para a equipe que localizou o naufrágio, e para Maurício Carvalho, que confirmou a identificação do naufrágio: haviam acabado de mergulhar no Vapor Araponga, naufragado após a colisão com o Vapor Vênus, na manhã no dia 12 de junho de 1943! |
Equipe
de naufrágio da Captain Dive
Rafael Parada,Tatiana Melo,Daniel Sartor, Rafael Esteves e Junior (Os Baeta Dive) |
|
|
|
Garfo
com a marcação da Companhia de Navegação Costeira
|
Símbolo
da Companhia de
Navegação Costeira
da chaminé, caída entre os escombros
|
1940 - 1951 Ford Model T Sealed Maitenence Free Valve Regulated Battery https://www.batterycentralmall.com/Batteries/TurboStart/Script/S2HF_R.html |
Bateria de caminhão localizada no fundo |
|
|
A
ilha Queimada Grande e seus três naufrágios Rio
Negro, Tocantins
e Araponga, onde existem mergulhos regulares, podem ser atingida a partir
do litoral sul de São Paulo, principalmente Santos. Mas o ponto mais
próximo é Peruíbe, onde atua a operadora NOVOSMARES.
Os mergulhos são feitos a partir de um grande inflável FLEXBOAT
SR 760 D, com dois motores de 200 HP, que permitem, com mar calmo, atingir
a ilha em uma hora de navegação. A operação
é excelente, a embarcação acomoda até 10 mergulhadores
e o barco possui banheiro, garrafeiros e uma escada muito bem planejada. Em dois dias pudemos mergulhar no Rio Negro, Tocantins e no Araponga, um mergulho mais complexo pois encontra-se a mais de 30 metros, mas que a operadora está disponibilizando para mergulhadores com maior nível de treinamento. Obrigado a grande amiga e mergulhadora de naufrágios (a melhor) Tatiana Mello a operadora Novosmares (Maurício Mendes) e a Extreme Divers (Luiz Flório), que juntos organizaram e possibilitaram a operação com o maior sucesso. |
|
Agradecimentos
|
https://novosmares.com.br WhatsApp: 11 98187-9935 |
www.dive10.com WhatsApp: 11 98285-8888 |
|
|
Shipwreck WRECK WRAK EPAVE PECIO shipwreck in brazil |
shipwreck in brazil |