Destino:
naufrágio |
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Revista Mergulho,
Ano XIII - Nº 153 - Abril/2009
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Texto
e fotos Maurício Carvalho
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A tragédia do Itapagé, vítima da Segunda guerra Mundial - um herói sob o mar alagoano |
Muitos
brasileiros são ligados as incríveis
histórias das batalhas da Segunda Guerra Mundial, que com tanto
heroísmo e sangue são retratadas pelo cinema americano.
Infelizmente, poucos conhecem a face de horror que atingiu a costa de
nosso país durante o conflito e que ceifou tantas vidas de heróicos
brasileiros. |
A
GUERRA CHEGOU |
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de Nova York; Alegrete,
Barbacena, Cabedello, Gonçalves Dias, Parnahyba,
Piave e Tamandaré em vários pontos do Caribe e o Pedrinhas
ao largo de Recife. Os afundamentos causaram manifestações da população, que apoiadas pelos Estados Unidos, culminaram em agosto de 1942, na declaração de guerra do governo brasileiro aos paises do Eixo. |
ATAQUE
COVARDE |
Partindo de uma escala
em Salvador o navio, transportava 2.000 caixas de cerveja, remédios,
perfumes, além de pneus, dois caminhões e utensílios
destinados à indústria da borracha. |
Os dois gigantescos motores a diesel |
do navio. Rapidamente a água invade os camarotes e corredores do navio e o |
pânico se
instala a bordo. Para piorar, o convés superior estava abarrotado
de carga inflamável, o que tornou os momentos finais um verdadeiro
inferno. Com o navio adernado, em chamas e afundando rapidamente no mar agitado, só duas baleeiras foram lançadas à água e, não restou outra opção a muitos tripulantes e passageiros a não ser jogarem-se ao mar, tentando se afastar da sucção do navio que submergia. Agarrados a parte da carga que flutuava ou embarcados nas duas baleeiras, o tormento dos sobreviventes ainda não havia acabado. Pouco depois de o navio desaparecer deixando na superfície apenas um punhado de vidas e destroços, um vulto negro emergiu próximo aos náufragos. O pânico mais uma vez se instalou nos indefesos brasileiros: relatos dos sobreviventes do Baependi e de outros navios de bandeira estrangeira terem sido barbaramente metralhados, corriam entre a população. Mas da torre do submarino alguns marinheiros, barbados e sem camisa, fotografaram o estrago, riram do triste cenário. E, da mesma forma que surgiu, o U-Boat partiu. Muitos dos náufragos, inclusive o comandante, foram resgatados por jangadeiros e fala-se de um heróico pescador, Cipriano, que com outros companheiros venceram as barreiras de recifes da costa diversas vezes, para conduzir os sobreviventes à segurança. Em terra, moradores, organizações e o exercito desdobraram-se para cuidar dos sobreviventes. Os números da tragédia são como a verdade na guerra; morrem rápido! Fontes mais confiáveis registram um total de 106 tripulantes e passageiros, dos quais 22 morreram. |
Quanto ao U-161 e seus 53 tripulantes, aparentemente não ficaram impunes. No dia seguinte do ataque, já no litoral da Bahia, foi detectado na superfície por avião Mariner, norte-americano e bombardeado. Dele, nunca mais se teve notícia, embora o seu afundamento não tenha sido confirmado. |
OS
DESTROÇOS
A 25 metros de profundidade, nas claras águas de Alagoas, é fácil perceber que os destroços de forma geral estão apoiados sobre o bordo de boreste, para onde a maior parte dos destroços tombou. Pequenas penetrações podem ser feitas na proa, onde ainda estão escovéns, guinchos e cabeços-de-amarração. O castelo de proa está nitidamente partido do restante do navio, exatamente no primeiro porão, onde ocorreu o impacto inicial do torpedo. A carga de garrafas, pneus e parte de um caminhão espalha-se pelo fundo, demonstrando que o navio abriu-se neste ponto. |
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Na sequência
do navio, existe um primeiro conjunto de mastros, e logo depois, o navio
se fragmenta novamente, indicando a região do segundo impacto de
torpedo; mais carga espalha-se pelo fundo, agora são vidros de perfumes,
pentes e mais garrafas. Diversos banheiros estão caídos, alguns de cabeça para baixo. No centro do navio, o maior espetáculo espera o mergulhador; são dois enormes motores diesel, com mais de 5 metros de altura e que formam um corredor onde barracudas e tartarugas desfilam para nosso deleite. |
Mais surpresas ainda estão reservadas próximo aos motores. Duas |
caldeiras e máquinas
a vapor na mesma embarcação de motores a diesel, não
há outro naufrágio assim no Brasil. O
MERGULHO |
Porão de proa |
A corneta da Buzina do Itapagé. A peça continua no fundo |
Ela
foi deixada no fundo. Este ano, retornamos ao local (Expedição
Naufrágios do Nordeste 2009) e foi possível fotografar
a peça, que continua por lá. Por tudo isso, levante-se da frente do TV e ao invés de assistir a invasão da Normandia pela décima vez, vá recuperar uma úmida lembrança do passado heróico de nosso país, as gerações futuras agradecem. Entenda que o Itapagé é muito mais que um monte de ferros, ali brasileiros também morreram pela pátria. |
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Veja mais informações em: |
Naufrágios brasileiros na Segunda Guerra |
Naufrágio do Itapagé | |
Curso de Mergulho em Naufrágios | |
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Maurício Carvalho é biólogo, instrutor especialista em naufrágios, autor do SINAU (Sistema de Identificação de Naufrágios) e responsável pelo site Naufrágios do Brasil. |
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