Destino:
naufrágio |
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Revista Mergulho,
Ano XIII - Nº 171 - Outubro/2010
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Texto
Maurício Carvalho
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Quando falamos entre mergulhadores do naufrágio do Bahia é quase certo que eles pensem no belíssimo vapor que teve fim em uma trágica colisão com o Pirapama na altura de Ponta de Pedras, PE. A grande maioria não sabe que o naufrágio do Cruzador Bahia foi um dos momentos mais trágicos da história naval brasileira, com a perda da vida de 336 homens e, que ainda hoje, está encoberta por uma nuvem de mistério, como cabe a qualquer lenda sobre naufrágios. O BAHIA |
O
NAUFRÁGIO
A segunda grande guerra a pouco terminara na Europa e, no Atlântico, milhares de militares americanos retornavam aos Estados Unidos em aviões que faziam a rota Dakar-Recife. Para dar apoio a essa travessia, caso algum avião apresentasse problemas, foi montada uma série de estações em alto mar - regiões pré-determinadas onde navios de várias nacionalidades permaneciam, controlando por rádio, a passagem desses aviões. Em setembro de 1945 um avião B-17 caiu e sua tripulação foi resgatada pelo Contratorpedeiro Greenhalgh. |
O cruzador Bahia zarpou de Recife
para substituir o Contratorpedeiro Bauru na estação 13,
a cerca de 500 milhas de Recife e próxima aos Penedos de São
Pedro e São Paulo. Deveria ser a última missão
do navio, antes de retornar ao Rio de Janeiro, após um longo
período de patrulha. |
No entanto, alguns testemunhos afirmam que os tiros |
acidentais ocorreram antes mesmo
do início do exercício. Fato é que às 9h:10,
após 5 ou 6 disparos, uma das cargas de profundidades ou minas
alojadas no convés de popa do navio foi atingida e uma grande explosão
destruiu completamente boa parte da popa do navio, acarretando a abertura
do casco e sérios danos estruturais. Toda a parte de ré
foi engolida pelas chamas. Calculou-se que só o primeiro choque
matou cerca de 101 marinheiros. |
Apenas 17 balsas, com capacidade para oito homens, |
foram lançadas ao mar, nelas apertaram-se os 271 sobreviventes,
muitos feridos e queimados. Vários homens lançaram-se ao
mar, mesmo feridos. O Bahia, ainda não localizado, repousa a mais de 1000 metros de profundidade, próximo aos Penedos de São Pedro e São Paulo e encerra para sempre o mistério de tão grave acidente. |
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Maurício Carvalho é biólogo, instrutor especialista em naufrágios, autor do SINAU (Sistema de Identificação de Naufrágios) e responsável pelo site Naufrágios do Brasil. |
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