...NAUFRÁGIO
do PIRAPAMA
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Histórico |
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Além disso, com certeza os outros oficiais e o prático que
estavam na ponte no momento do acidente não deixariam o capitão
cometer tal loucura.
O Pirapama, comandado pelo Capitão Francisco Raymundo de Carvalho, mas sob ordens do prático Vicente José da Costa, deixou o porto do Recife as 5:30 hs da tarde do dia 24 de março, com destino a portos do norte e primeira escala no porto da Paraíba (atualmente João Pessoa). O vapor Bahia, da Companhia de Navegação a Vapor e comandado pelo 1º Tenente Aureliano Izacc vinha do porto de Camocim no norte com destino ao porto de Recife, onde faria escala na manhã do dia 25 de março, antes de seguir para portos do sul do Brasil com escalas no Rio de Janeiro, Santos, Desterro (atual Florianópolis) e Porto Alegre. A bordo do Bahia estavam um total de mais de 200 pessoas, entre tripulantes e passageiros. Também seguia com destino a Corte (Rio de Janeiro) o 15º Batalhão de Infantaria do Exército. |
Entre 11:15 h. e
11:40 h. da noite, com mar calmo, noite clara sem nevoeiro o Bahia a cerca
de 30 milhas do litoral do farol do Picão o Pirapama e o Bahia
estavam em rota de colisão, quando perceberam a presença um
do outro. A despeito de tentativas de mudança de rota e parada de
máquinas, os dois vapores chocaram-se violentamente. O Pirapama sofreu
o choque na proa, com maiores danos por estibordo e o Bahia recebeu a força
da proa do Pirapama também por estibordo. Os dois navios tiveram
grandes danos com destruição do costado abaixo da linha d'água.
Segundo os depoimentos, "após o choque o Pirapama perdeu o Bahia de vista". O Pirapama retornou ao porto de Recife a meia força e com muita água no porão de proa. Sem apresentar vítimas o navio chegou ao porto por volta das 7:00 horas da manhã do dia 25 de março. O Bahia, em decorrência dos estragos causados pelo choque, afundou cerca de 10 minutos após o acidente. Mais de duzentas pessoas tentaram salvar-se agarrando nos mastros e em quaisquer outras coisas que flutuassem, como bóias e coletes salva-vidas, madeiras, móveis etc. |
A proteção doas rodas esconde muitos peixes |
Os eixos das rodas despontam junto das máquinas |
Após o naufrágio
acorreram ao local algumas jangadas e três barcaças, uma delas,
a Gracinda salvou cerca de 30 passageiros que agarravam-se aos mastros,
além de mais, 13 que nadavam desesperadamente. Poucos passageiros
e marinheiros se salvaram pois a maioria estava recolhida a camarotes no
momento do acidente, tendo perecido o comandante, o imediato e demais oficiais. No dia 25 de março chegou ao porto o rebocador Moleque informando que nada mais poderia ser feito, pois o Bahia afundou em 10 minutos, mas que o mastro, velame e cordame apresentavam-se para fora d'água. Os náufragos, em número de 82 e em estado de nudez, chegaram ao cais Lingueta. Oito foram encaminhados a enfermaria da Marinha. Os civis foram hospedados em hotéis enquanto os militares foram levados a quartéis e bases da Marinha. Muitos comerciantes ofereceram roupas aos náufragos. Nos dias que se seguiram, foi instalada uma comissão de auxílio as vítimas que providenciou a abertura de listas de subscrição (doação em dinheiro) e transporte em vários vapores para suas cidades de origem. Foi ordenado o envio para o local de uma barcaça cheia de cal virgem e com 15 marinheiros para proceder o recolhimento dos cadáveres. |
Nos
dias seguintes à tragédia, diversos cadáveres começaram
a chegar nas praias próximas ao local dos destroços, principalmente
na praia de Ponta de Pedras e Carne de Vaca. O delegado de Ponta de Pedras
mandou sepultar 14 cadáveres diversos deles em adiantado estado de
destruição do corpo, alguns comidos por peixes, não
puderam ser identificados. No dia 28 de março foi aberto o inquérito para apurar as causas e responsáveis pelo acidente, até esse momento ninguém falava de culpa do capitão Carvalho do Pirapama. O oficial Manoel Luiz de Almeida denunciou o Pirapama por não prestar socorro. Já o comandante do Pirapama acusou o 1º tenente Aureliano Izacc de imperícia e negligência. |
Sistema de propulsão do navio Pirapama |
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O
Naufrágio do Pirapama Quanto ao Pirapama, os danos que sofreu não foram suficientes para tirá-lo de serviço. O navio foi consertado e continuou navegando regularmente até 1890, sob o comando do mesmo capitão Carvalho do acidente. O processo pelo afundamento do Bahia durou anos, mas no final o comandante Carvalho foi inocentado. Quando o navio não mais apresentava condições de navegação eficientes e seu armador considerou que ele não era mais economicamente viável. Determinou que importantes equipamentos como: caldeiras, rodas, guinchos, âncoras, equipamentos de navegação, a superestrutura e o mobiliário fossem retirados e foi transformado em um pontão para estocagem de carvão para os vapores da Companhia Pernambucana de Navegação. Os navios paravam bordo a bordo e o carvão erra passado de um para outro. Em determinado momento o casco começou a fazer água e não era mais viável para a companhia mantê-lo como pontão de carvão. No mesmo período, vários vapores velhos da Companhia Pernambucana abarrotavam o porto de Recife e alguns inclusive afundaram no canal, prejudicando a navegação. Assim, foi dada a ordem de esvaziar o porto e diversos cascos antigos foram afunddos ou desmontados. Entre os dias 9 e 13 de março de 1895 o Pirapama foi limpo de suas últimas peças úteis, foi rebocado para fora do porto de Recife e foi posto a pique.
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Descrição |
A fauna exuberane é marca registrada do Pirapama |
Embora exista uma continuidade do
casco, não existe mais nenhum dos convéses, sendo avistado
ao longo de toda a linha do navio os suportes que os seguravam. A meia-nau estão as máquinas , constituídas por dois grandes cilindros, (Máquinas do tipo: Oscilating Engine). As rodas de pás e engrenagens foram retiradas, mas, encontram-se no local os eixos e cubos das rodas. Na frente das máquinas encontra-se caída possivelmente uma câmara de condensação do vapor das caldeiras, nesta mesma posição o costado de estibordo está tombado. |
Proa do Pirapama com escovéns |
Cabine de popa em 1996 |
Cabine de popa em 2007, todas as janelas ja cairam |
Existe uma pequena
âncora tipo almirantado, porém pelo tamanho deve tratar-se
de contaminação de sítio.
A única peça de destaque caída fora dos destroços, é um pequeno cabeço e amarração, a boreste, junto a proa. Na proa ainda se mantém o reforço de quilha acima do ponto onde resta casco, junto aos ferros da proa estão os escovéns das âncoras e reforços estruturais. |
Veja também: Vapor Bahia - Catástrofe, beleza e mistério |
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Shipwreck WRECK WRAK EPAVE PECIO | |