Em Recife Pirapama
Revista Sub Nº 15, maio 1996
Texto e Fotos: Maurício Carvalho
 

Naufrágio do Pirapama

 
O Naufrágio do Pirapama
Na madrugada do dia 24.03.1887, na altura de Ponta de Pedras (PE.), sob forte nevoeiro o Pirapama chocou-se com o vapor Bahia, causando seu imediato afundamento. Bastante avariado e sem prestar socorro aos acidentados o Pirapama retornou ao porto de Recife.
Segundo conta a tradição oral, o choque teria sido provocado devido a uma briga entre os capitães, por causa de uma mulher. Tal fato parece pouco provável, pois outros oficiais das embarcações envolvidas teriam intervido, evitando o acidente.
Devido a seriedade das avarias causadas pelo choque, o navio foi dado como perdido e posteriormente afundado. Ao contrário de outros naufrágios de Recife, que recebem denominações populares, o Pirapama é tratado por seu nome de batismo. Apesar de faltarem registros que confirmem sua posição, não há motivos para discordar da identificação desses destroços, visto que, pertencem visivelmente a um navio que foi desmontado antes do afundamento; pois diversas peças grandes como: âncoras, guinchos e as rodas de pás, foram retiradas.
 
 
Naufrágio
Pousado corretamente no fundo, o navio encontra-se ainda com toda a linha de seu casco preservada. A proa esta direcionada para o porto a Recife. Na popa, temos o leme apoiado no fundo, e o pouco que resta do casario de popa, parte mais alta dos destroços.
Embora exista uma continuidade do casco, não resta mais nenhum dos conveses, sendo encontrado ao longo de toda a linha central do navio os suportes verticais que os apoiavam. A meia nau estão as máquinas do tipo Oscillating Engine (figura 1). Restam dois grandes cilindros e os eixos dos pistons. As rodas de pás, engrenagens e caldeiras foram retiradas, mas encontra-se no local os eixos e as cabeças de roda.
Caída na frente das máquinas, encontra-se uma câmara de condensação do vapor das caldeiras, nesta mesma posição o costado de estibordo está tombado. Na proa, ainda se mantém o reforço de quilha acima do ponto onde resta casco; junto aos ferros da proa estão os olhais das âncoras e reforços estruturais.
Mergulho
Para os acostumados a mergulho em costão, a distância do naufrágio ao litoral, por volta de 6 milhas, pode assustar um pouco. No entanto, é só olhar a maravilhosa cor da água para mais nenhuma dúvida prejudicar o mergulho. Com águas claras e quentes de outubro a maio, que dispensam o uso de roupa, o mergulho no Pirapama é um espetáculo raro. Como se não bastasse a beleza dos destroços destacando-se na areia muito clara do fundo, há ainda milhares de peixes coloridos, muitas arraias e tartarugas e até alguns lambarus perambulando calmamente por entre os ferros. Algumas vezes, para meu total desespero, chegava a ser difícil enxergar o naufrágio tamanha a profusão de peixes que o envolvia.
 
 
 
FICHA TÉCNICA

Dados do Naufrágio

Dados Técnicos
Nome do Navio: Pirapama. Nacionalidade: brasileira
Data do Afundamento: 1889. Armador: Companhia Costeira de Navegação.
Localização: a 6 milhas da costa de Recife (PE); (posição GPS: ) Ano de Fabricação: 1841.
Profundidade: de 19 a 23 metros. Tipo de Navio: vapor de rodas.
Condições atuais: semi-inteiro.Carga: vazio.
  
 
NA PISTA
Apartir deste número, a revista Sub vai mergulhar nos naufrágios mais famosos do Brasil. Em cada edição, vamos procurar apresentar um pouco de sua história, aperência, como está estruturado no fundo e os caminhos para levar você até ele; sem contudo esgotar o assunto. O espaço NA PISTA, estará reservado para as informações suplementares que forem enviadas para a redação sobre o navio publicado na edição anterior.
 
 
 
 
 
Agradecimentos
Recife é uma cidade muito interessante para os apaixonados por naufrágios, pois além de mais de 10 destroços serem freqüentemente visitados, existem ainda diversos fortes e museus que contam parte da história das inúmeras batalhas navais que envolveram a cidade. Nosso agradecimento especial a Expedição Atlântico pela enorme simpatia e apóio no levantamento dos naufrágios de Recife.
 
OPERADORAS LOCAIS
Expedição Atlântico: Saídas em dois barcos, todos os dias, para dois mergulhos,incluindo cilindros e lastro. Recargas e loja. Curso Open Water R$ 200,00. Certificação SSI. Responsáveis Peninha e Rafael. Rua Comendador Bento Aguiar, 520/101 Cep:50750-390 Recife PE. Tel.:(081) 227-0458 Fax: (081) 421-2593 (loja - slaide 2 / Novo barco da Expedição Atlântico - slaide 3) Obs: publicar uma das fotos se possível.
Projeto Mar: Saídas em dois barcos, todos os dias, para dois mergulhos, incluindo cilindro e lastro. Recarga e loja. Cursos. Responsável Joel. Rua Padre Bernardino Pessoa 410 Boa Viagem Recife PE. (valores e dados de 1996)
 
 
Maurício Carvalho é biólogo, instructor trainer PDIC, especialista em Naufrágio; ministrando curso do tema em todo o Brasil.
OBS: Na matéria original constam outros fotos.

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