Segundo o SINAU
(Sistema de Informação de Naufrágios), no Brasil existem
cerca de 354 naufrágios
localizados, deles, 98 não tem identidade confirmada; isso significa,
que o mergulhador ira explorar destroços que não permitem uma pesquisa
prévia, tanto da história do desastre, como da configuração
da embarcação. Nessa situação, uma boa orientação
do mergulhador dependerá da rápida identificação nos
destroços do tipo de navio, para que ele possa saber o que esperar e que
tipo de peças poderão ser encontradas. O problema é que
há uma grande quantidade de tipos de embarcação. Podemos,
todavia, distinguir quatro tipos básicos: Veleiros, Mistos (vapores e velas),
Vapores e Navios Modernos (propulsão a diesel). Se o mergulhador estiver
apto a identificar o tipo de barco entre essas configurações, poderá
projetar o tipo de mergulho a ser feito. Por isso, essa capacidade é considerada
conhecimento básico para os mergulhadores de naufrágio. E mergulhador
de naufrágio, na prática, é quem consegue desfrutar melhor
do maravilhoso cenário subaquático, reconhecendo o que está
vendo e capazes de inserir essa paisagem no contexto dos eventos históricos.
Procure estudar a configuração dos navios ou participar de cursos
que possam apresentá-lo a grande variedade de configurações
de navios. Se ver peixinhos já é maravilhoso, imagine quando eles
emolduram um cenários de aventura e mistério. 1-
Veleiros É
fácil pensar que, para identificar um veleiro bastaria procurar pelos mastros,
mas infelizmente a situação não é tão simples.
Os mastros por permanecerem depois do naufrágio para fora d'água,
acabam sendo removidos para não prejudicar a navegação local.
Além disso, como são feitos de madeira, decomponhem-se mais rapidamente. O
mergulhador deve estar atento a outros detalhes: o grande tamanho do leme, o formato
afilado do casco e os aparelhos de manuseio das velas, como as malaguetas e bigotas
- peças utilizadas como roldanas no período inicial da navegação.
Essas estruturas estão alinhadas ao longo da borda do casco junto à
posição onde estavam os mastros. Também
é possível verificar o leme, embora freqüentemente ele esteja
enterrado. Caso seja localizado cheque o tamanho, pois em veleiros eles são
particularmente grandes em relação às proporções
do casco. Mesmo que não existam hélices atrás do leme, não
deverá significa necessariamente tratar-se de um veleiro, pode ser um vapor
de rodas. O Black Adder
(Salvador), Chuck (Rio de Janeiro)
são exemplos de veleiros no Brasil. 2
- Vapores A
identificação dos navios a vapor é ainda mais fácil:
no centro da embarcação (quando ele pode ser determinaá-lo),
existem as caldeiras, responsáveis pelo fornecimento de vapor as máquinas.
Fique atento, pois as caldeiras podem estar destruídas e apenas uma de
suas partes ser visível, normalmente é a tubulação
interna chamada trocador de calor. No centro, também estão as
máquinas a vapor, que podem ser de diversos tipos e ótimos indicadores
da idade do navio. Ao longo da evolução da navegação
essas diversas configurações foram sofrendo modificações. A
remoção de máquinas e caldeiras é muito rara em um
mesmo naufrágio e, até em destroços mais acessíveis,
pelo menos uma das duas peças geralmente é encontrada. Assim mesmo,
fique atento a grande quantidade de tubulações que levavam o vapor
a outros mecanismos do navio, carvão e aos tijolos refratários que
isolavam o compartimento das caldeiras. São alguns exemplos de vapores
no Brasil: Eliane Estatatus (Fernando
de Noronha), Tocantins (Queimada
Grande) e Bellucia (Guarapari).
3
- Navios Mistos
Quando
são encontradas tanto as características de vapor como de veleiros
estamos diante de navios mistos que dominaram o final do século XIX e início
do século XX. São alguns exemplos no Brasil: o Vapor
Bahia (Recife), Buenos Aires
(Rio de Janeiro) e Guadiana
(Abrolhos). 4
- Navios Modernos
A
partir da década de 40 encontramos os navios com motorização
a diesel. No Brasil, com grande potencial de naufrágios, temos inclusive
exemplos como o Itapagé
(AL.), que possuem os dois tipos
de máquinas (vapor e diesel), porém o mais comum é encontrar
a partir desta data, embarcações com máquinas exclusivamente
a diesel. Nestes navios localizar os motores é muito menos provável,
já que são freqüentemente removidos para reutilização.
O Madalena (RJ.), teve seu motor
levado para Manaus e durante anos serviu como central termoelétrica. O
Pinguino (RJ.) quase teve o
mesmo destino e o grande rombo na lateral é o resultado de tentativas frustradas
de remoção dos motores. O que resta ao mergulhador é verificar
a configuração dos geradores, tanques de diesel e outras peças
contemporâneas. São alguns exemplos de navios modernos no Brasil:
Lily (Bombinhas, SC.), Chata
de Noronha (PE.). |