.NAUFRÁGIO do SÃO JANECO
(Na realidade é o naufrágio do Crest)
 
Histórico
Segundo o Anais Hidrográficos da Marinha do Brasil, extraído de uma lista do Radio Farol de São sebastião sobre os Desastres marítimos do litoral paulista, o "S Janeco" era um veleiro que naufragou em 1929, devido a forte cerração e mal tempo que não permitiu que o costão da Ilha de São Sebastião (Ilhabela) fosse visualizado.
Segundo o documento, o naufrágio ocorreu na mesma noite do Therezina, que está registrado como naufragado em 1920, porém a data correta do Therezina é 02.02.1919.
 

DADOS BÁSICOS

Nome do navio: São Janeco

Data do afundamento: 1920 ?

LOCALIZAÇÃO

Local: Ilhabela

UF: SP.

País:Brasil

Posição: Noroeste da Ponta dos Borrifos

Latitude: 23° 54.77' sul

Longitude: 045° 27.77' oeste

MOTIVO DO AFUNDAMENTO: mau tempo

CONDIÇÕES ATUAIS: desmantelado
DADOS TÉCNICOS
Nacionalidade: Inglesa
Comprimento: Boca:
Tipo de embarcação:
Material do casco: Propulsão: vela
 

Pesquisa
Os naufrágios na ilha de São Sebastião no litoral de São Paulo sempre estiveram rodeados de informações confusas e falsas, com a citação de vários naufrágios que não ocorreram. Por exemplo, os navios France (1906), Western World (1931), se chocaram com a ilha, mas foram recuperados; o Borborema, que se chocou com o Guarany (1913) ao largo do litoral, também não afundou. O Campos (1943) afundou ao largo da costa e o Sigmund (1919), que nem existe, este era o antigo nome do Therezina.
De acordo com minhas pesquisas, tudo indica que está havendo mais uma identificação errada de naufrágio. Desta vez são os destroços do
"S. Janeco", que é na verdade tratam-se dos destroços do Crest.
Com o intuito de esclarecer mais uma das lendas dos naufrágios da Ilhabela que seria a identificação dos destroços do São Janeco e do Crest, estive conversando com três colegas. O Andreoli (Universo Marinho), Quim (Narwhall Ilhabela) e o Ricardo (Colonial Dive), profundos conhecedores da região. Eu acreditava que as informações do São Janeco e do Crest estavam confusas e eles me disseram que tinham a mesma percepção. Assim, depois de muitas pesquisas, acreditamos que alguns dados precisam ser corrigidos para dar justiça a uma área tão importante e de destaque no Mergulho do Brasil.

Vamos aos fatos.

1 - Inicialmente não há no Google nenhuma outra referência ao termo "S Janeco", "São Janeco" ou "San Janeco" que não seja a respeito do naufrágio da Ilhabela.

2 - A única referencia a "S. Janeco", cuja informação original escrita que não vêm da comunidade de mergulho, é de uma lista do Radio Farol de São Paulo (Jornal A Tribuna, 01.05.1936, Radio Farol da Ponta do Boi - Acidentes Marítimos de São Paulo, pág. 03. ) que diz "1920 - S Janeco, veleiro inglês naufragou fora da Ponta da Sela na mesma noite que o Theresina, cerração". Ainda assim, o naufrágio do Therezina ocorreu em 1919 e não 1920.
Esse texto ipsi literis foi, posteriormente parte de um artigo da Marinha do Brasil (Anais Hidrográficos, tomo XII, vol. 4 - Acidentes Marítimos no Brasil, pág. 91, Marinha do Brasil.).

3 - Não existe, nos arquivos internacionais, referências para nenhum navio como o nome de "S Janeco", "São Janeco" ou "San Janeco".

4- Além disso, essa única referência indica ser o navio um veleiro, mas o ponto do "São Janeco" os destroços no fundo demonstram ser de um navio a vapor e com hélice.

5 - Existe para a ilha de São Sebastião a identificação de destroços com o nome de São Janeco e Crest. Mas alguns dos mais antigos operadores da região, respondendo ao meu questionamento, me disseram que se for pedido "dois mergulhos um no São Janeco e outro no Crest" eles ocorrerão no mesmo lugar.

6 - Na região, também não existe uma outra posição para o naufrágio do vapor (com hélice) inglês Crest, naufragado em 15.12.1882. Mas pelos registros históricos, ele está na mesma posição do suposto "São Janeco" (Ponta de Borrifos).
7 - As características da embarcação identificadas no fundo também são compatíveis com o Crest (vapor com hélice) e não com o São Janeco (veleiro)

 

Jornal A Tribuna, 01.05.1936,
O rádio farol da Ponta do Boi, pág. 03.
Lista do Radio Farol de São Sebastião sobre Desastres marítimos do litoral paulista.
Única citação histórica (não associada ao mergulho) do São Janeco
Assim, chegamos à conclusão de que, até que apareçam outras evidências (princípio da refutabilidade), tudo indica que os destroços na Ponta de Borrifos da ilha de São Sebastião são sim do vapor Crest.
Restando a pregunta: Se é que ele existe, onde está o São Janeco?

 

Pesquisa
Os naufrágios na ilha de São Sebastião no litoral de São Paulo sempre estiveram rodeados de informações confusas e falsas, com a citação de vários naufrágios que na verdade não ocorreram. Por exemplo, os navios France (1906),
Western World (1931), se chocaram com a ilha, mas foram recuperados; o Borborema, que se chocou e afundou o Guarany (1913) ao largo do litoral, também não afundou. O Campos (1943) afundou ao largo da costa e o Sigmund (1919), não existe, este era o antigo nome do Therezina.
O "S. Janeco", cuja única informação original escrita, que não vem da atividade de mergulho, é de uma lista do Radio Farol de São Paulo que diz "1920 - S Janeco, veleiro inglês naufragou fora da Ponta da Sela na mesma noite que o Theresina, cerração". Ainda assim, o naufrágio do Therezina ocorreu em 1919 e não 1920.
No entanto, tudo indica, que está havendo uma identificação errada deste naufrágio. Inicialmente não existe referências para nenhum navio como o nome de "São Janeco" ou "San Janeco" e a pesquisa dos jornais de época indica apenas uma referência a "S Janeco" (que não seja ao naufrágio da Ilhabela) o que demostra que pode haver incoerência dos dados. Além disso, essa única referência indica ser o navio um veleiro, mas os destroços no fundo demonstram ser de um navio a vapor com hélice.
Existe na ilha de São Sebastião a identificação de destroços com o nome de São Janeco. Mas na região também não se identifica a posição do naufrágio do vapor (com hélice) inglês Crest naufragado em 15.12.1882. Mas pelos registros históricos, ele está na posição do suposto "São Janeco" (Ponta de Borrifos). As características da embarcação identificadas no fundo também são compatíveis com o Crest.
Assim, até que apareçam outras evidências, tudo parece indicar que os destroços na Ponta de Borrifos da ilha de São Sebastião são do vapor Crest.
 

Jornal A Tribuna, 01.05.1936,
O rádio farol da Ponta do Boi, pág. 03.
Lista do Radio Farol de São Sebastião sobre Desastres marítimos do litoral paulista.
Única citação histórica (não associada ao mergulho) do São Janeco

 

 
Para efeito de orientação dos mergulhadores, vamos abordar aqui os destroços conhecidos como São Janeco (lembarando que devem ser do vapor crest)
 

Descrição
O navio encontra-se bastante desmontado, só existindo segmento dos destroços de meia-nau até a popa. Os destroços extenden-se do fundo de areia a 15 metros, até a cerca de 6 metros, junto ao costão.
No fundo está a popa ainda mantendo sua estrutura inteira tombada para boreste. A hélice apresenta duas pás expostas e a terceira enterrada. Caídos no fundo ao lado do hélice e separados da estrutura do navio estão o leme e o volante do leme.
Da popa podemos seguir pelo longo eixo até as máquinas a vapor a cerca de 6 metros. Todas as flanges de união ainda mostram continuidade.
Dos dois lados do eixo estão cavernames e outras peças auxiliares como: diversos mancais, um guincho e uma câmara de condensação.

 
Posição do "São Janeco" mesma do Crest
Parte das máquinas do "São Janeco"
 

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O guincho do "São Janeco"
 
Junto ao costão a cerca de 6 metros está o que sobrou das máquinas a vapor e parte do girabrequim. Um grande cilindro corroído, sua tampa e o pistão interno.
Toda a proa do navio parece ter sido removida ou ficou totalmente destruída pelo embate do mar, não foram localizadas as suas partes
 

 
Agradecimentos


Operação: Colonial Diver

 


Organização: Carlos Bruno e Daniel Degan

Shipwreck WRECK WRAK EPAVE PECIO