Pesquisa
Os
naufrágios na ilha de São Sebastião no litoral
de São Paulo sempre estiveram rodeados de informações
confusas e falsas, com a citação de vários
naufrágios que não ocorreram. Por exemplo, os navios
France (1906), Western World (1931), se chocaram com a ilha, mas
foram recuperados; o Borborema, que se chocou com o Guarany (1913)
ao largo do litoral, também não afundou. O Campos
(1943) afundou ao largo da costa e o Sigmund
(1919), que nem existe, este era o antigo nome do Therezina.
De acordo com minhas pesquisas, tudo indica que está havendo
mais uma identificação errada de naufrágio.
Desta vez são os destroços do "S.
Janeco",
que é na verdade tratam-se dos destroços do Crest.
Com o intuito de esclarecer mais uma das lendas dos naufrágios
da Ilhabela que seria a identificação dos destroços
do São Janeco e do Crest, estive conversando com três
colegas. O Andreoli (Universo Marinho), Quim (Narwhall
Ilhabela) e o Ricardo (Colonial Dive), profundos conhecedores
da região. Eu acreditava que as informações
do São Janeco e do Crest
estavam confusas e eles me disseram que tinham a mesma percepção.
Assim, depois de muitas pesquisas, acreditamos que alguns dados
precisam ser corrigidos para dar justiça a uma área
tão importante e de destaque no Mergulho do Brasil.
Vamos aos fatos.
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1
- Inicialmente não há no Google nenhuma outra referência
ao termo "S Janeco", "São Janeco" ou
"San Janeco" que não seja a respeito do naufrágio
da Ilhabela.
2 -
A única referencia a "S. Janeco", cuja informação
original escrita que não vêm da comunidade de mergulho,
é de uma lista do Radio Farol de São Paulo (Jornal
A Tribuna, 01.05.1936, Radio Farol da Ponta do Boi - Acidentes
Marítimos de São Paulo, pág. 03. ) que diz
"1920 - S Janeco, veleiro inglês naufragou fora da
Ponta da Sela na mesma noite que o Theresina, cerração".
Ainda assim, o naufrágio do Therezina ocorreu em 1919 e
não 1920.
Esse texto ipsi literis foi, posteriormente parte de um artigo
da Marinha do Brasil (Anais Hidrográficos, tomo XII, vol.
4 - Acidentes Marítimos no Brasil, pág. 91, Marinha
do Brasil.).
3
- Não existe, nos arquivos internacionais, referências
para nenhum navio como o nome de "S Janeco", "São
Janeco" ou "San Janeco".
4-
Além disso, essa única referência indica ser
o navio um veleiro, mas o ponto do "São Janeco"
os destroços no fundo demonstram ser de um navio a vapor
e com hélice.
5 - Existe para a ilha de São Sebastião a identificação
de destroços com o nome de São Janeco e Crest. Mas
alguns dos mais antigos operadores da região, respondendo
ao meu questionamento, me disseram que se for pedido "dois
mergulhos um no São Janeco e outro no Crest" eles
ocorrerão no mesmo lugar.
6 -
Na região, também não existe uma outra posição
para o naufrágio do vapor
(com hélice) inglês Crest,
naufragado em 15.12.1882. Mas pelos registros históricos,
ele está na mesma posição do suposto "São
Janeco" (Ponta de Borrifos).
7 - As características da embarcação identificadas
no fundo também são compatíveis com o Crest
(vapor com hélice) e não com o São Janeco
(veleiro)
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Jornal A Tribuna, 01.05.1936,
O rádio farol da Ponta do Boi, pág. 03.
Lista
do Radio Farol de São Sebastião sobre Desastres
marítimos do litoral paulista.
Única citação histórica (não
associada ao mergulho) do São Janeco
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