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"O Titanic
do Brasil ?"
Muitos dizem que o Titanic brasileiro é o Principe de Asturias, afundado na Ponta da Pirabura no litoral de São Paulo, mas acompanhem a história do Principessa Mafalda |
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Histórico | |||||
Em
outubro de 1908, o estaleiro da Societa Eserazio Bacini na Itália
lançava ao mar, para a empresa Lloyd Italiana Società di Navigazione,
um de seus mais luxuosos paquetes o Principessa Mafalda. O navio recebeu
o nome da filha do rei Vittorio Emanuele III da Itália. Sua viagem
inaugural foi em 30 de março de 1909 entre Gênova e Buenos
Aires. Em 1881 era fundada a Companhia Navegazione Generale Italiana, que ao incorporar o Lloyde passou a proprietária do vapor. O Principessa Mafalda era um navio de linha ou transatlântico com 160 metros de comprimento, 18,3 metros de boca, 9.120 toneladas brutas e mais de 12.000 toneladas de deslocamento. Era dividido em 10 compartimentos estanques e estruturado com fundo duplo. Sua propulsão era produzida por máquinas a vapor quadruple expansion engine, alimentadas por 5 caldeiras. Estava equipado com os mais modernos meios navais da época, sendo um dos primeiros navios a contar com radio-telégrafo a bordo. As acomodações eram luxuosas com peças de bronze e obras de arte. Possuía 158 camarotes de primeira classe, 835 camarotes de segunda classe e classe intermediária e 715 camarotes de terceira classe e dormitórios. |
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Principessa
Mafalda
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Salões
luxuosos serviam a 1ª classe
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Diversas
acomodações estavam disponíveis
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Camarote
de 2ª classe
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Societa Italiane di Navigazione Generale (Genova) |
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Última
viagem No dia 03 de outubro de 1927 o Principessa Mafalda partia de Genova, na Itália, para a última das 90 viagens que já havia realizado da Itália até a Argentina. A Companhia Italiana anunciou que o navio seria transferido para a rota Genova-Alexandria. Nos meios navais das seguradoras e na imprensa era discutido se o navio, depois de 10 anos de serviço, estaria em boas condições. Comandado pelo capitão Simone Guli, o navio deixou Barcelona com muitas horas de atraso, o primeiro de muitos problemas dessa viagem. Segundo testemunhos, foram embarcadas grandes peças do motor, entre elas uma grande biela. Após deixar o Mediterrâneo o navio parou diversas vezes em alto-mar, em uma delas por mais de 30 horas. No dia seguinte, problemas com as bombas fizeram o navio adernar de 7º a 10º. Além disso, houve mau funcionamento nos banheiros e refrigeração dos alimentos, com a situação pior na 3ª classe. Em uma viagem que durava em torno de 15 dias, estavam previstas ainda escalas no Rio de Janeiro, Santos e Montevidéu, antes da chegada a Buenos Aires, porém, o navio realizou escalas de emergência na Ilha de São Vicente, em Cabo Verde. A bordo estavam cerca de 1.281 pessoas, entre os 288 tripulantes e 993 passageiros, muitos dos quais eram imigrantes. O navio passou alguns dias sem dar notícias, o que causou na imprensa brasileira e argentina uma série de boatos de que o navio poderia ter afundado, mas logo depois, ele foi avistado na altura de Fernando de Noronha e cumpriu suas escalas chegando a Buenos Aires. Na sua viagem de retorno a Europa o Principessa Mafalda tinha a bordo 1350 pessoas, fez escala em Santos e seguia em boa marcha a 18 nós, sua velocidade máxima. No dia 25 de outubro de 1927, no través de Porto Seguro e ao largo dos Abrolhos o mar estava muito calmo e os passageiros, após o almoço, estavam recolhidos a suas cabines, para a siesta. Devido ao forte calor, muitas das vigias da segunda e terceira classes estavam abertas. Por volta das 16:20h, o navio foi sacodido por um violento abalo, os passageiros ouviram três grande estrondos e o navvio parou. |
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Capitão
Simone Guli
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Convéses
confortáveis
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O
Naufrágio Duas são as versões sobre o naufrágio: na primeira, "o tubo do eixo do hélice de bombordo rompeu, abrindo um orifício no casco, por onde a casa de máquinas foi inundada." Na segunda, por volta das 16:20 h, segundo um dos tripulante "uma das pás do hélice de bombordo partiu-se provocando o empeno do eixo e o choque do hélice com o casco, o que causou um rasgo por onde imediatamente começou a entrar grande quantidade de água nos compartimentos da popa e a partir daí, o navio não mais se movia." |
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A
grande entrada de água obrigou o abafamento das caldeiras para evitar
uma explosão, o que parou imediatamente o seguimento do navio. A
partir desse momento os relatos são confusos. Algumas versões
alegaram que houve tranquilidade a bordo, no entanto vários passageiros
relataram, confusão, pânico e até tiros e roubo. É
possível que os dois fatos tenham ocorrido, já que o navio
era muito grande, dividido em setores, e afundou pela popa, o que deve ter
tornado a saída dessa parte do navio mais dramática. Os relatos permitem tirar algumas conclusões. Após a parada do navio, o alarme foi dado rapidamente, enquanto o navio afundava lentamente pela popa. Logo o comandante Guli e os oficiais tranquilizaram os passageiros, explicando que se tratava de uma avaria no eixo do hélice e que somente haveria um atraso na viagem. |
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Em
vermelho a região do casco rompida pelo hélice
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O
informe deve ter mantido os passageiros calmos por algum tempo, alguns testemunhos
indicam que as atividades de entretenimento a bordo continuaram. Mas enquanto
isso, os tripulantes trabalhavam freneticamente para resolver o problema
e conter o mar, "que reclamava agora, como seu, o navio, compartimento
a compartimento." No entanto, com o aumento do volume de água que entrava pela popa o navio começou a adernar e foi emitido um pedido de socorro. O S.O.S. foi captado às 19:15 h pela estação do radio-telégrafo de Amaralina, em Salvador. O Principessa Mafalda estava afundando, posição 16º 58' sul e 037º 51' oeste , ao largo do arquipélago dos Abrolhos e a 75 milhas da costa de Porto Seguro, BA. Atendendo ao S.O.S. seguiram imediatamente para local os navios Rossetti, Formosa, Alhena, Empire Star, Avelona, Mosella, Salem, Forthmouth, Frederik e o Piauhy. |
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Enquanto
reinava a calma nos decks superiores, nos compartimentos da popa, os tripulantes
lutavam para parar a água que penetrava compartimento por compartimento
do navio. Quando o comandante percebeu a piora da situação
foi dada a ordem de baixar os botes salva-vidas com mulheres e crianças.
A partir desse ponto, pelo que as narrativas indicam, ocorreu pânico
entre os passageiros. Em uma das versões para os últimos momentos do navio; os passageiros da 3ª classe foram confinados aos decks inferiores por portas trancadas. Os oficiais italianos não portavam armas, ao contrário de muitos passageiros da 1ª e 2ª classe, com isso, não houve como controlar o pânico, o que justificaria os tiros ouvidos. Certo é que vários suicídios foram testemunhados nos últimos minutos em que flutuava o Principessa Mafalda. O Mafalda afundava cada vez mais rápido, adernando de bombordo, a água sobe violentamente, o pânico se instala e todos procuram fugir. É decretado que "o navio está afundando". Não há tempo de distribuir todos os salva-vidas. Algumas baleeiras afundaram com o excesso de pessoas tentando se salvar e os lugares a bordo eram disputados na força. Muitos se atiraram na água, afogando-se. |
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O
Principessa Mafalda começa a lançar botes ao mar
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Afundando
de popa
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Diversos
navios que chegaram ao local do sinistro resgataram náufragos que
flutuavam e se debatiam na água. Alguns sobreviventes afirmaram que
vários passageiros foram atacados por tubarões. Cerca de 300 pessoas permaneceram no navio até os últimos minutos e garantiram que houveram duas explosões vindas dos decks inferiores que deixaram o navio no escuro. Uma grande nuvem de fumaça negra subiu do interior do Mafalda. Nesse clima de pânico, registraram-se saques a bens dos passageiros e roubos de joias e dinheiro. Às 21:14 h, o navio frigorífico Empire Star e o vapor Mosella, dois dos primeiros a chegar para prestar socorro entre outros salvadores, visualizaram pela luz das estrelas o momento em que o Principessa Mafalda deixa para sempre a superfície. A bordo ainda estavam o radiotelegrafista e seu comandante Simone Guli, que permaneceu na ponte de comando, com um megafone, comandando a evacuação até que o navio se inclinou e ele não mais foi visto. Os navios que atenderam ao S.O.S. chegando ao local encontraram os escaleres cheios e muitos corpos boiavam entre os destroços. Tripulantes e muitos passageiros trabalharam durante toda a noite, remando botes a procura de sobreviventes e para recuperar os corpos das pobres vítimas. |
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O
socorro e ecos do naufrágio |
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A tragédia foi manchete em jornais de todo o mundo e principalmente no Brasil e na Itália |
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O
vapor levou mais de 4 horas para afundar, no momento do afundamento ainda
estavam abordo 80 mulheres e crianças e cerca de 200 homens. Muitos
dos sobreviventes que permaneceram dentro do navio até os últimos
minutos relataram que houve duas explosões vindas dos decks inferiores,
provavelmente provenientes das caldeiras que não foram abafadas.
Pelos registros oficiais o naufrágio sepultou 46 tripulantes, ente eles o Capitão Guli e 226 passageiros, muitos dos quais devido ao pânico a bordo, já que as condições de tempo e mar eram boas. Houveram relatos de passageiros que foram atacados por tubarões. O acidente da hélice, afirma-se, não ocorreu no dia 25, mas sim no dia 24. Realmente o commandante do Formose diz em seu diário, que recebeu o primeiro chamado de socorro as 15:30 h de 25. Mas segundo outros depoimentos, a ruptura do eixo da hélice esquerda, somente se deu às 16:55 h, diferença muito grande de hora para se um mero engano. Muitos passageiros asseguraram que desde a véspera do sinistro o vapor navegava adernado para a esquerda. No dia 24, às 13 h, houve apitos de sirene e outros indícios de alarma, explicados como exercícios de incêndio. No dia 25, durante o dia, esses sinais se repetiram. O navio estava segurado em 80.000 Libras esterlinas. Como tantos outros naufrágios o mistério desses fatos trágicos está protegido pela véu do oceano. |
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Os
náufragos, que perdiam todos os pertences, eram socorridos pela
companhia de navegação ou por uma instituição
assistencial conhecida como Casa de náufragos
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Os
náufragos foram recebidos com grande atenção pelas
autoridades e jornais do Rio de Janeiro, onde a maioria foi desembarcada,
embora dois navios tenham levado algumas vítimas para Salvador
e Recife. Diversos náufragos seguiram viagem para Buenos Aires
em vapores de outras companhias, apesar de terem perdido todos os pertences.
O vapor Dunca de Liabrolli, da mesma companhia, partiu de Buenos Aires para conduzir alguns dos náufragos de volta a Europa, os tripulantes foram repatriados pelo Conte Verde. O naufrágio do Principessa Mafalda passou ao noticiário nacional como uma das maiores catástrofes navais do nosso litoral. |
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Shipwreck WRECK WRAK EPAVE PECIO |
Pesquisa |
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No Jornal Folha da
Manhã, 13.11.1927, Ecos do Naufrágio do Mafalda lê-se: |
Quem se anima a encontra-lo? |
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Outras
informações: Matéria Destino Naufrágios: Principessa
Mafalda Revista Mergulho, Ano XIII - Nº 155 - Junho/2009 Principessa Mafalda. Titanic italiano Capa dura 17 junho 2010 Edição Italiano por Luciano Garibaldi (Autor), Giorgio Giorgerini (Autor), Maria Enrica Magnani Bosio (Autor), R. Garosci (Editor) |