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Histórico |
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Fazia
regularmente a linha Rio de Janeiro, Santos , com escalas na enseada dos
Dois Rios na Ilha Grande, Paraty, Villa Bela na Ilha de São Sebastião
(Ilha Bela), Ubatuba e São Sebastião.
No dia 14 de março de 1927 deixou o porto do Rio de Janeiro com destino a Santos e escala na Ilha Grande sob o comando do capitão Carlos Brandão Storry. Levava, a seu bordo, além dos 35 tripulantes, 3 passageiros e 34 condenados que deveriam cumprir pena na Colônia Penal Cândido Mendes, localizada na enseada dos Dois Rios no lado oceânico da Ilha Grande. |
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O
Naufrágio No dia 16 de março, estava ancorado, em sua primeira escala, próximo às duas ilhotas que se localizam no meio da enseada dos Dois Rios. Deveria descarregar cerca de 300 volumes de suprimentos e os 34 presos que iriam cumprir pena na unidade correcional. Durante os trabalhos de descarga, um fortíssimo temporal se abateu rapidamente sobre todo o litoral do Rio de Janeiro. O forte vento sudoeste, que entra sem proteção na enseada, começou a balançar o navio, que não teve tempo de procurar abrigo melhor. Após tentativas de safar a embarcação, na madrugada do dia 17, o Commandante Manoel Lourenço desgarrou, encalhou e finalmente foi lançado por cima da laje, entre as ilhas no meio do Saco dos Dois Rios, afundando e permanecendo adernado. |
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O
naufrágio causou a morte de seu 1º piloto José Pereira
Dias e de um taifeiro. Agora o navio era tão prisioneiro quanto seus passageiros. Nesta enseada funcionava o instituto penal da Ilha Grande e por isso as cartas náuticas assinalavam área proibida a embarcações. Em 1994, com a desativação do presídio, a restrição estava acabada. Era hora portanto, de conceder liberdade a este naufrágio. No primeiro final de semana livre, seguimos em direção ao Saco dos Dois Rios. Uma análise rápida das condições do acidente, um mergulho em apnéia e localizavamos os destroços entre as duas pequenas ilhas da enseada. |
Posição do naufrágio, entre as ilhas da Enseada dos Dois Rios |
Commandante Manoel Lourenço |
Parece
estranho pensar que um navio afundado tenha permanecido recluso durante
tanto tempo, assim como os presidiários que transportava. No final, presídio
e navio, unidos em 1927 pela história, tiveram o mesmo triste destino, tornarem-se
ruínas... Por tudo isso, venha mergulhar no Commandante Manoel Lourenço; depois de 69 anos de solitária, o prisioneiro de bom comportamento ganha a liberdade e agradece a visita. |
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Descrição A popa do navio encontra-se junto a ilha da Armação mais externa da enseada, com a laje boiada à bombordo e a proa está junto ao costão da ilha mais interna. Na popa podem ser vistos os dois grandes eixos, em cada um estão os pés de galinha e o corpo dos hélices; pelo menos, duas pás de cada hélice foram cortadas, provalvelmente pelos internos da Colônia Penal, que, por mais impressionante que possa parecer, tinham autorização para retirar metais nobres dos destroços utilizando explosivos. |
A
falta de metais durante o período da 2ª guerra fez com que
o governo criasse a Comissão de Metalurgia que concedeu autorização
para a exploração dos metais de vários naufrágios
pelo Brasil como: Principe
de Asturias (SP), Therezina
(SP),
Velasquez (SP),
Aymoré (SP),
Aquidabã (RJ),
São Paulo
(RJ), Uranus
(RJ),
Pallas (SC), Santa
Catharina (BA), Eleni
Stathatus (FN) entre outros.
Em volta dos eixos estão espalhadas pequenas peças e outros destroços, que pelo volume, indica ter o navio sido bem sucateado. |
Uma das duas caldeiras do navio |
Visão do interior da caldeira |
Seguindo-se
os eixos são encontradas diversas partes do costado, casco e estruturas;
muitos pedaços de ferro estão espalhados entorno dos eixos. No final dos eixos está a máquina do navio (parece tratar-se de um Triple Expansion Engine). À frente das máquinas, na parte mais funda e abrgada dos destroços está um guincho, ao seu lado existe um cabeço de amarração. Continuando em frente chega-se as duas caldeiras, em estado bastante precário, à frente das caldeiras, podem ser percebidos pedaços de costado, correntes, seções de mastro e cavername, num fundo já mais plano e com areia. |
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Biela das máquinas a vapor |
Um dos eixos propulsores |
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Restos de uma das caldeiras |
O corpo do hélice com as pás cortadas |
O leme, já solto dos destroços |
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A
Colônia Penal Cândido Mendes Colônia Penal da Ilha Grande um dos mais notórios e hediondos presídios do Brasil. Ficou conhecido como Ilha do Diabo e encarcerou alguns dos mais perigosos e famosos bandidos, políticos e dissidentes do sistema como: Madame Satã, Graciliano Ramos, Flores da Cunha, grandes bicheiros do Rio de Janeiro, os primeiros grandes traficantes do Rio como Escadinha, que fugiu do local espetacularmente de helicóptero, entre outros. Em 1994, já quase inoperante foi desativado. As notícias do início da década de 1990 davam conta da intenção do governo do estado em desmontar o presídio para a criação no local de um grande resort de uma rede internacional local. Logo que o presídio foi desmontado a pressão na imprensa e da população acabou por cancelar os projetos do empreendimento. O que restou do antigo presídio da Ilha Grande e instalações da vila dos trabalhadores do presídio está abertoà visitação e vale muito a pena o passeio no intervalo de superfície entre dois mergulhos no Commandante. |
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Desembarque
na linda praia dos Dois Rios.
Ao fundo as duas ilhotas que cercam o naufrágio |
Entrada
do museu no antigo presídio
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Muitas
fotos documentam a vida no cárcere.
Cujo um dos detentos foi, naturalmente, Graciliano Ramos |
Utensílios
e reproduções da vida no presídio
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As
ruinas dos antigos pavilhões, dinamitadas em 1994
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Peças
dos guardas e prisioneiros
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Shipwreck WRECK WRAK EPAVE PECIO | |