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Histórico |
O navio grego Victory
8B enfrentou problemas com impostos e multas não pagas e acabou
sendo apreendido no Espírito Santo. Em 1997, depois de 18 meses
de espera e com o término do combustível, água e
comida, a tripulação de 22 homens pediu extradição
abandonando o navio, que acabou por permanecer fundeado no porto por três
anos. |
O
Victory 8B foi doado para a implantação do projeto de Recifes
Artificiais Marinhos (RAM) do Espírito Santo
da Secretaria Estadual de Meio Ambiente e a Fundação
Cleanup Day, ficou, através
de convênio de Assistência Técnica responsável
pela limpeza, preparação, reboque, lançamento programado
e monitoramento do projeto. Durante três anos o navio permaneceu ancorado em Vila Velha, realizando trabalhos de limpeza e preparo para o afundamento. Em julho de 2003, o Victory 8B foi afundado em um local escolhido entre as ilhas Rasa e Escalvada, em frente a Guarapari, ES. assentando a cerca de 36 metros. |
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O Afundamento |
A operação de reboque, cercada de sigilo, obrigou a equipe do projeto a "morar" no navio durante vários dias, aguardando as devidas autorizações da Seama (Secretária de Meio Ambiente e Recursos Hídricos), FEEMA, Marinha do Brasil e do IBAMA. O navio deixou Vitória com destino a Guarapari às 14 horas do dia 2 de julho. Quatro rebocadores levaram cerca de 12 horas para puxar a 2 nós o Victory 8B até um ponto a 6 milhas do litoral. |
O navio foi ancorado
ao fundo e lastreado adequadamente para que pudesse assentar em sua posição
de navegação. Quando foi autorizada a abertura das válvulas começou a operação programada, que durou cerca de três horas, até que o Victory 8B descansou no fundo como planejado. |
Fotos
de Eduardo Nogueira durante o afundamento do Victory 8B, cedidas pele
equipe da Atlantes, Guarapari, ES.
Mais fotos e descrição de toda a operação de lançamento do Victory 8B no Site da Atlantes |
Descrição |
O Victory 8B encontra-se
apoiado corretamente a 34 metros. |
Além
das escadas originais que ligam alguns andares, uma grande passagem retangular
foi aberta no teto, ela comunica cada compartimento, desde a segunda coberta,
com o compartimento diretamente superior, até o teto da sala de comando
com saída à frente da chaminé. O procedimento criou
uma linha de subida segura e protegida das correntes para os que desejam
penetrar no casario. A frente do casario estão os dois grandes porões com suas estivas abertas. No porão número 2 foram feitas três grandes aberturas que o ligam a sala de máquinas a cerca de 30 metros de profundidade. |
O Motor principal,
auxiliares, geradores e outras grandes peças foram retirados. Passagens
seguras entre as seções da sala de máquinas e para
o exterior foram abertas. Nesta sala não existe a ligação ampla com o compartimento superior. A passagem, via escada original, está no fundo do compartimento e exige técnica de penetração mais sofisticada. No fundo, a 34 metros estão o leme e hélice íntegros. Junto a quilha, uma erosão parece indicar o efeito das fortes correntes do Espírito Santo sobre o casco. |
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Entre os porões,
foi aberta uma ligação de tamanho suficiente para que um mergulhador
possa passar de um para o outro sem retornar ao nível do convés.
Os enormes porões criavam uma grande área de proteção
das correntes. O convés foi mantido íntegro e pode ser percorrido
pelos bordos de proa a popa. Na proa, existem aberturas nos compartimentos de equipagem, que permitem a entrada pelo porão número 1 e saída pelo convés. |
Vista da Ilha Escalvada da posição do Victory 8B |
Válvulas de fundo; abertas para o alagamento do navio |
Em 2006 o Victory
sofreu com a tormenta. A superestrutura está igual, sem mudança
nenhuma. Mas a partir do segundo porão até a proa ele está
todo mudado. O costado de bombordo caiu sobre os porões e o de boreste sobre a areia. O casco arrastou parte da antepara que separava os porões, porém não conseguiu deita-la no fundo, ficando com uns 30 graus de inclinação. A proa a mesma coisa. O costado de bombordo, apoiado nos porões, e o de boreste, apoiado na areia, formaram corredores que chamamos de "tuneis" onde é possível fazer penetrações e passar quase arrastando no fundo. |
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Segundo informações
da Operadora Atlantes
de Guarapari, no início do ano de 2011, uma outra forte tempestade,
provocou mais uma grande mudança da estrutura e da posição
do Victory 8B. O navio adernou cerca de 40º para boreste, o que pode ser melhor percebido no casario de popa. Ocorreu uma torção da parte final do casco e surgiram, na popa, rachaduras junto a quilha do navio. O casco, para baixo da casa de máquinas (no lastro) ficou em posição horizontal (apoiado no fundo como navegando). Já do lado de bombordo o refluxo terminou rasgando o costado de aço e inclinando o conjunto casa de máquinas-superestrutura para boreste. Esse rasgo separou uns 3 metros a superestrura da casa de máquinas (na entrada do 2º porão), o rasgo vai diminuindo até quase o hélice como um triângulo. Como o lastro estava cheio de areia, não acompanhou o restante do navio, isso deixou a imagem mais espetacular: ver um navio de 4.400 toneladas aberto como uma lata de sardinhas. A penetração nas cabines dos marinheiros já era impactante. Dentro dele, a 34 metros, o boreste está debaixo do nível da areia, os corredores inclinados fazem perder um pouco a orientação espacial e vendo pelas vigias de boreste o fundo de areia por cima de nós, como que querendo penetrar na cabine, e pelas vigias de bombordo (apontadas quase para a superfície) a luz entrando e formando sombras e brilhos intermitentes. |
O croqui executado em junho de 2012 pela Equipe da Atlantes, indicando a nova condição dos destroços |
A cabine do Victory 8B |
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Luz natural no interior do casario, sem portas e janelas para criar dificuldades |
Luz natural no interior da casa de máquinas, graças a grandesaberturas produzidas no projeto |
Peças que obstruíam a passagem foram cuidadosamente retiradas |
Shipwreck WRECK WRAK EPAVE PECIO shipwreck in brazil |
Agradecimento:
Meu muito obrigado a toda equipe da Atlantes de Guarapari pela atenção
e profissionalismo apresentado
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