...NAUFRÁGIO do VICTORY 8B
 
Histórico

O navio grego Victory 8B enfrentou problemas com impostos e multas não pagas e acabou sendo apreendido no Espírito Santo. Em 1997, depois de 18 meses de espera e com o término do combustível, água e comida, a tripulação de 22 homens pediu extradição abandonando o navio, que acabou por permanecer fundeado no porto por três anos.
Em 2000, foi rebocado para um píer da Companhia Docas do Espírito Santo (Codesa).
Em 2001, a Secretaria de Fazenda confiscou o navio devido as dívidas de docagem, limpeza, manutenção e impostos não pagos pelo armador.

 
 
   
  O Victory 8B foi doado para a implantação do projeto de Recifes Artificiais Marinhos (RAM) do Espírito Santo da Secretaria Estadual de Meio Ambiente e a Fundação Cleanup Day, ficou, através de convênio de Assistência Técnica responsável pela limpeza, preparação, reboque, lançamento programado e monitoramento do projeto.
Durante três anos o navio permaneceu ancorado em Vila Velha, realizando trabalhos de limpeza e preparo para o afundamento.
Em julho de 2003, o Victory 8B foi afundado em um local escolhido entre as ilhas Rasa e Escalvada, em frente a Guarapari, ES. assentando a cerca de 36 metros.
 
 

DADOS BÁSICOS

Nome do navio: Victory 8B

Data do afundamento: 03.07.2003

LOCALIZAÇÃO

Local: Guarapari

UF: ES.

País: Brasil

Posição: Entre as Ilhas Rasas e Escalvada

Latitude: 20° 41.421' sul

Longitude: 040° 23.383' oeste

Profundidade mínima: 18 metros

Profundidade máxima: 34 metros

MOTIVO DO AFUNDAMENTO: Formação de recife artificial

CONDIÇÕES ATUAIS: inteiro
DADOS TÉCNICOS
Nacionalidade: Grega
Ano de Fabricação: 1975
Armador:Dania Shiping Association Kobenhavn
Estaleiro: Bussumer Werft, Bussum
Comprimento: 89,77 metros Boca: 13,6 metros
Tipo de embarcação: Cargueiro Deslocamento: 4.148 toneladas
Material do casco: aço Propulsão: motor diesel
Carga: vazio - removidos máquinas e outros acessórios
 

 
O Afundamento
A operação de reboque, cercada de sigilo, obrigou a equipe do projeto a "morar" no navio durante vários dias, aguardando as devidas autorizações da Seama (Secretária de Meio Ambiente e Recursos Hídricos), FEEMA, Marinha do Brasil e do IBAMA. O navio deixou Vitória com destino a Guarapari às 14 horas do dia 2 de julho. Quatro rebocadores levaram cerca de 12 horas para puxar a 2 nós o Victory 8B até um ponto a 6 milhas do litoral.
 

 
O navio foi ancorado ao fundo e lastreado adequadamente para que pudesse assentar em sua posição de navegação.
Quando foi autorizada a abertura das válvulas começou a operação programada, que durou cerca de três horas, até que o Victory 8B descansou no fundo como planejado.
 
 
 
 
Fotos de Eduardo Nogueira durante o afundamento do Victory 8B, cedidas pele equipe da Atlantes, Guarapari, ES.
Mais fotos e descrição de toda a operação de lançamento do Victory 8B no Site da Atlantes
 

 
Descrição

O Victory 8B encontra-se apoiado corretamente a 34 metros.
A partir do início de 2011, segundo informações das operadoras locais, o casario adernou cerca de 40º para boreste. O casario de popa ainda domina o cenário e sua chaminé encontra-se a cerca de 20 metros. À frente dela, uma boia presa por corrente dá apoio a descida e subida dos mergulhadores.
Nos quatro andares do casario existem diversos pontos de penetração através das portas retiradas e muitos pontos de luz das grandes vigias quadradas.

 
Além das escadas originais que ligam alguns andares, uma grande passagem retangular foi aberta no teto, ela comunica cada compartimento, desde a segunda coberta, com o compartimento diretamente superior, até o teto da sala de comando com saída à frente da chaminé. O procedimento criou uma linha de subida segura e protegida das correntes para os que desejam penetrar no casario.
A frente do casario estão os dois grandes porões com suas estivas abertas. No porão número 2 foram feitas três grandes aberturas que o ligam a sala de máquinas a cerca de 30 metros de profundidade.
 
 
O Motor principal, auxiliares, geradores e outras grandes peças foram retirados. Passagens seguras entre as seções da sala de máquinas e para o exterior foram abertas.
Nesta sala não existe a ligação ampla com o compartimento superior. A passagem, via escada original, está no fundo do compartimento e exige técnica de penetração mais sofisticada.
No fundo, a 34 metros estão o leme e hélice íntegros. Junto a quilha, uma erosão parece indicar o efeito das fortes correntes do Espírito Santo sobre o casco.

  

 

 
Entre os porões, foi aberta uma ligação de tamanho suficiente para que um mergulhador possa passar de um para o outro sem retornar ao nível do convés. Os enormes porões criavam uma grande área de proteção das correntes. O convés foi mantido íntegro e pode ser percorrido pelos bordos de proa a popa.
Na proa, existem aberturas nos compartimentos de equipagem, que permitem a entrada pelo porão número 1 e saída pelo convés.
 
 

Vista da Ilha Escalvada da posição do Victory 8B

Válvulas de fundo; abertas para o alagamento do navio
 
Em 2006 o Victory sofreu com a tormenta. A superestrutura está igual, sem mudança nenhuma. Mas a partir do segundo porão até a proa ele está todo mudado.
O costado de bombordo caiu sobre os porões e o de boreste sobre a areia. O casco arrastou parte da antepara que separava os porões, porém não conseguiu deita-la no fundo, ficando com uns 30 graus de inclinação. A proa a mesma coisa.
O costado de bombordo, apoiado nos porões, e o de boreste, apoiado na areia, formaram corredores que chamamos de "tuneis" onde é possível fazer penetrações e passar quase arrastando no fundo.
 

 
Segundo informações da Operadora Atlantes de Guarapari, no início do ano de 2011, uma outra forte tempestade, provocou mais uma grande mudança da estrutura e da posição do Victory 8B.
O navio adernou cerca de 40º para boreste, o que pode ser melhor percebido no casario de popa. Ocorreu uma torção da parte final do casco e surgiram, na popa, rachaduras junto a quilha do navio.
O casco, para baixo da casa de máquinas (no lastro) ficou em posição horizontal (apoiado no fundo como navegando).
Já do lado de bombordo o refluxo terminou rasgando o costado de aço e inclinando o conjunto casa de máquinas-superestrutura para boreste. Esse rasgo separou uns 3 metros a superestrura da casa de máquinas (na entrada do 2º porão), o rasgo vai diminuindo até quase o hélice como um triângulo.
Como o lastro estava cheio de areia, não acompanhou o restante do navio, isso deixou a imagem mais espetacular: ver um navio de 4.400 toneladas aberto como uma lata de sardinhas.
A penetração nas cabines dos marinheiros já era impactante. Dentro dele, a 34 metros, o boreste está debaixo do nível da areia, os corredores inclinados fazem perder um pouco a orientação espacial e vendo pelas vigias de boreste o fundo de areia por cima de nós, como que querendo penetrar na cabine, e pelas vigias de bombordo (apontadas quase para a superfície) a luz entrando e formando sombras e brilhos intermitentes.
 

O croqui executado em junho de 2012 pela Equipe da Atlantes,
indicando a nova condição dos destroços
 

A cabine do Victory 8B
 

 

Luz natural no interior do casario, sem portas
e janelas para criar dificuldades
 

Luz natural no interior da casa de máquinas,
graças a grandesaberturas produzidas no projeto
 

Peças que obstruíam a passagem
foram cuidadosamente retiradas
 

 

Rua José Barcellos de Matos, 341 - Centro
Cep 29200-720 - Guarapari - ES.
Telefone (27) 3361-0405 / 3361-4440
Fundação Cleanup-day

Rua Antônio Regis dos Santos, 29, Itapoá
Cep 29101-690 - Vila Velha- ES.
Telefone (27) 3032-5388
Shipwreck WRECK WRAK EPAVE PECIO shipwreck in brazil
Agradecimento: Meu muito obrigado a toda equipe da Atlantes de Guarapari pela atenção e profissionalismo apresentado
 

 

Casaria costado de boreste caido para fora Costado de Bombordo caido para dentro Castelo de Proa Leme e Hélice Antepara e divisão dos dois porões