...NAUFRÁGIO do RIO MACAHUAN
 
 
Histórico
O vapor Rio Macahuan de 474 toneladas foi construído em 1900 em Glasgow. Depois de pertencer a duas companhias foi vendido para a firma João Eugênio end Cia.
Durante a primeira guerra houve uma aguda falta de navios, tanto para a cabotagem como para venda aos países beligerantes. Foram então trazidos muitos navios fluviais da Amazônia para adaptação e emprego em navegação marítima. Essa prática continuou, após a guerra, até a década de 20. O Rio Macahuan
foi um dos navios reformados para poder empreender viagens por mar.
O Rio Macahuan deixou a Guanabara no dia 5 de julho com destino a Porto Alegre, RS. Sob o comando do Capitão Britto e com 30 homens de tripulação, transportava 600 toneladas de carga variada.
Segundo o capitão: o vapor começou a fazer água e foi dada ordem de seguir para Ilha Grande, RJ., porém, o navio já derivara 40 milhas, acabando por chocar-se a 1 hora da manhã do dia 6, com o costão da ponta do Cairussú, próximo a Paraty, afundando em apenas 10 minutos.
Os sobreviventes caminharam até o poço da Cajaíba, no interior da Baía de Paraty. O 1º e 2º pilotos inicialmente desaparecido, foram posteriormente localizados.
Segundo a companhia Azamor Guimarães o prejuízo foi de 1800 Contos de Réis.
 
Jornal Correio da Manhã
Segunda-feira, 08 de julho de 1921
   

A esquerda vista aérea da posição do naufrágio do Rio Macahuan
no costão do Cairussú. Acima a posição no costão dos destoços

Foto da Ilha do Cairussú,vista da
posição do Rio Macahuan
 

DADOS BÁSICOS

Nome do navio: Rio Macahuan

Data do Naufrágio: 06.07.1921

LOCALIZAÇÃO

Local: Ponta do Cairussú

UF:RJ.

País:Brasil

Posição: No costão do Cairussú em frente ao extremo laste da Ilha do Cairussú

Latitude: 23° 20.70' sul

Longitude: 044° 34.29' oeste

Profundidade mínima: 06 metros

Profundidade máxima: 18 metros

MOTIVO DO AFUNDAMENTO: Choque contra o costão

 
DADOS TÉCNICOS
Nacionalidade: Brasileira
Ano de fabricação: 1900 Armador: João Eugênio end Cia.
Tonelagem: 474 T Comprim.: 51 metros Boca: 10 metros
Tipo de embarcação: cargueiro a vapor
Material do casco: aço Propulsão: Hélice
Carga: Barris de cimento, bobinas de aço e garrafas do xarope João da Silva Silveira Chim Farm (Pelotas)
 


Fotos:Tatiana Mello

Cabeçotes das máquinas de expansão quadrupla
Parte superior da grande caldeira central aos destroços
O hélice de boreste
 

Descrição
O navio parece ter se chocado com o costão na diagonal. Hoje está praticamente paralelo ao costão. Ele se estende de 9 a 15 metros, com algumas peças já na areia a 18 metros.

A proa está praticamente destruída, com um cabeço de amarração e um grande guincho duplo caído de cabeça para baixo.
Espalhados e empilhados, grande quantidade de cimento, na forma de seus barris originais de transporte.
Ainda na proa existe o que parece ser bobinas de cabo de aço, já bastante solidificados. Junto a areia, muitas garrafas quadradas do xarope João da Silva Silveira, Chim Pharm, Pelotas.
Seguindo-se em direção a meia nau uma grande caldeira, com seus alimentadores virados para a proa - o que é bastante raro. Três metros à boreste da quilha está uma pequena caldeira auxiliar.

 
Atrás da caldeira estão duas máquinas a vapor do tipo Triple Expansion Engine, mas de cilindros muito reduzidos. A máquina de estibordo está inteira, apoiada sobre o cavername, a máquina de estibordo esta parcialmente desmontada.
Seguindo em direção a popa estão os dois eixos ainda apoiados nos mancais. Próximo da popa os eixos mergulham nos destroços.
Junto ao fundo estão o leme, um dos dois hélices (bombordo) e o pé de galinha. O hélice de estibordo não é facilmente visível para quem não possui experiência em naufrágios; o que poderia fazer o mergulhador novato acreditar que o Rio Macahuam só possui um hélice.
 
Entre a popa e as máquinas encontra-se caído à bombordo, inclinado em direção ao fundo, o mastro, que no junto a base ainda apresenta uma cinta com quatro malaguetas. Ao lado delas, mais um guincho duplo caído de cabeça para baixo.
No final da popa, já no fundo de areia, está o espelho de popa e o Volante do Leme.
 

Diversas pilhas de barris de cimento,endurecidos e
concretados no fundo, espalham-se na proa do navio

Grande quantidade de garrafas de xarope

Chim Pharm
podem ser vistos no fundo de areia

Na popa, após os hélices pode ser visto
o volante do Leme caído no fundo
 

 


João da Silva Silveira Chim Pharm - Pelotas (frente)
Brazil (Lado direito)
Rio Grande do sul (Lado esquerdo)
SM (fundo da garrafa) indica o fabrico da garrafa pela
"Santa Marina" VP pode significar "Vidraria Pelotense"

  O "Elixir de Nogueira, Salsa, Caroba & Guáiaco" do farmacêutico João da Silva Silveira era um preparado alcoólico adocicado e aromatizado contendo pequenas quantidades de substâncias medicinais em solução. Aparece nas propagandas do final do século XIX aos anos 20 do século XX como um "depurativo do sangue" mas era empregado no tratamento da sífilis. Era remédio de um farmacêutico de Pelotas; mas, pelo menos desde 1918, o produto já era fabricado no Rio de Janeiro, em laboratório instalado na rua da Glória, 62.

Identificação - Daury de Paula Junior é mergulhador desde 1979. No início dos anos 80 realizou, em parceria com o Museu Histórico Naval de São Vicente,
pesquisa e levantamento histórico para identificação dos naufrágios ocorridos na Ilha de São Sebastião (Ilhabela),
tendo se especializado na identificação de artefatos de vidro.

 

 
 

Shipwreck WRECK WRAK EPAVE PECIO
Colaboraram com a matéria Otto Frederico Carneiro e André Chaves
 

 

Máquinas a vapor do tipo Quadruple Expansion engine Guincho mastro de popa Espelho de popa garrafas de charope Turco 2 eixos Segunda hélice escondida