...NAUFRÁGIO do HATHOR
 
Texto e Informações: Carlos Bruno, Daniel Degan e Maurício Carvalho
Fotos: Aleandro Freitas
  
 

Histórico
O vapor Hathor pertencia ao pequeno armador inglês Gourlay, registrado na empresa Hathor Steamship Co. Realizava viagens regulares aos portos da América do Sul, trazendo carga geral e regressando a Europa com gêneros agrícolas. Em sua última viagem, já carregado com café embarcado no Rio de Janeiro, seguia para o porto de Santos, de onde deveria retornar a Inglaterra.
A noite do dia 21 de março reservava uma desagradável surpresa para o cargueiro inglês. Um enorme temporal com forte nevoeiro cobria a Ilhabela e tornava a navegação difícil. Ao passar pelo farol da Ponta do Boi, o navio foi violentamente jogado pelo vento sobre as pedras da Ponta da Sepituba.

 

Hathor, encalhado no Saco do Padre
 

DADOS BÁSICOS

Nome do navio: Hathor

Data do afundamento: 24.03.1909

LOCALIZAÇÃO

Local: Ilhabela

UF: SP.

País: Brasil

Posição: entre o Saco do Cação e a ponta de Sepituba

Latitude: 23° 55' 642 sul

Longitude: 045° 26' 964 oeste

Profundidade mínima:12 metros

Profundidade máxima: 25 metros

MOTIVO DO AFUNDAMENTO: mau tempo

DADOS TÉCNICOS
Nacionalidade: Inglesa
Ano de Fabricação: 1894
Armador: Hathor Stemship Co.
Estaleiro: Palmer's Co.
Comprimento: 104 metros Boca: 14 metros Calado: 6,5 metros
Tipo de embarcação: cargueiro Tonelagem: 2.828 toneladas
Material do casco: aço Propulsão: hélice
Carga Principal: café.

CONDIÇÕES ATUAIS: desmantelado

 

Local do Naufrágio
  Por três dias, o vapor permaneceu preso pela proa, batido pelo forte mar, sem que nenhum auxílio fosse prestado ou que os 22 tripulantes pudessem desembarcar. Já certos do naufrágio, dois tripulantes arriscaram-se sobre as pedras passando uma tirolesa (cabo esticado inclinado) entre a proa do navio e a costa, por onde desembarcaram os apreensivos marinheiros.
Mas aflição não parou por aí, na costa inabitada da Ilhabela, os náufragos continuavam isolados. Pescadores que passavam pelo local, fugindo da tempestade aproximaram-se do navio sinistrado; dois tripulantes lançaram-se ao mar agitado, sendo recolhidos e levados a São Sebastião onde conseguiram socorro para o grupo.
 
 
Nos dias que se seguiram o Lloyd's, segurador do navio, enviou uma equipe ao local a fim de examinar as reais condições do navio. Diversas tentativas de desencalhe foram feita e mostraram-se infrutíferas. Nas semanas seguintes, foi retirada a carga ainda não perdida e toda a equipagem possível. Dado como perdido o Hathor engordava o cemitério de navios da Ilhabela.
 

 
Descrição
O naufrágio está paralelo ao costão com a proa voltada para sul. Aos seis metros, visualizamos uma âncora Hawkins, um aglomerado de correntes e um escovém. Logo abaixo, espalhado pelo fundo, turcos, dois cabeços-de-amarração e fragmentos do casco de bombordo e estibordo, sendo que a estibordo os cavernames estão expostos.
Aos doze metros, parcialmente apoiado sobre uma grande pedra, a belíssima máquina a vapor tipo Triple Expansion Engine e outras peças do maquinário como pistões, bielas e cilindros.
 

A grande âncora Hawkins

Parte do guincho de proa

Parte do eixo excêntrico
 

......

Aos dezesseis metros, uma caldeira integra aquatubulare com 3,5 metros de altura e a outra quebrada com trocadores de calor expostos. Nessa mesma profundidade, muito próxima as grandes caldeiras, partes de uma caldeira auxiliar parcialmente soterrada.
A popa do naufrágio está completamente destruída e só é possível identificar o que restou do casco.


 

Daniel nos trabalhos de medição da caldeira
 

Interior da caldeira partida, com vista
dos orifícios do trocador de calor

Carlos Bruno, Maurício Carvalho
e Daniel Degan
 

Fotos Sérgio Gurgel
 
 


Interior das Caldeiras com os trocadores de calor

Shipwreck WRECK WRAK EPAVE PECIO