Destino:
naufrágio |
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Revista Mergulho,
Ano XIII - Nº 159 - outubro/2009
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Texto
Maurício Carvalho
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Dois
raros naufrágios que repousaram nas águas do litoral de
alagoas, |
As águas
claras do litoral de Alagoas
guardam uma rara coincidência para os mergulhadores que se aventurem
nesta parte do país. Repousam no fund,o duas grandes dragas do início
do século 20. Embora a pouca distância uma da outra, Dragão
e Draguinha, como são
carinhosamente conhecidas a muitos anos pelos pescadores locais, naufragaram
em anos diferentes mas por razões semelhantes. Pela raridade destas embarcações - não conheço nenhuma outra naufragada no mundo - a bela fauna que se estabeleceu no local, a proximidade do litoral e as águas claras que as rodeiam, são mergulhos garantidos aos que frequentam as águas brazucas. |
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O
SISTEMA DE DRAGAGEM DO SÉCULO 19 Essas duas embarcações possuíam um curioso sistema de dragagem, que por si só já vale o mergulho. A draga tinha seu fundo, da meia-nau à proa, dividido com uma grande fenda. Por essa fenda, uma rampa era descida até o fundo, por meio de um sistema de cabos. Nela, correias propulsionadas por um sistema a vapor, circulava grandes baldes, que arrastavam no fundo, recolhendo o material. O mesmo sistema de circulação de uma escada rolante. Quando os recipientes chegavam cheios no alto da |
rampa, eram despejados em um separador
que lançava a A IDENTIFICAÇÃO
DOS NAUFRÁGIOS |
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DRAGÃO - DRAGA ANDRÁ REBOUÇAS |
André Rebouças foi um importante engenheiro responsável pela reforma do porto do Rio de Janeiro em 1869. Por isso, batizou a draga da Inspetoria Federal de Portos, Rios e Canais. Em 1927 ela era rebocada para os portos do norte, quando devido às condições do mar, aproximou-se do litoral já com muita água nos porões, acabando por afundar a 8 milhas do litoral de Maceió. |
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A draga de 55 metros de comprimento está caída no fundo de cabeça para baixo, com o sistema de funcionamento e a rampa de dragagem expostas, o que torna o naufrágio muito interessante. |
Os destroços a 35 metros de |
profundidade são frequentados por muitos cardumes de enxadas e galhudos, além disso, tartarugas e grande número de peixes coloridos escondem-se debaixo do casco, que permite uma bela penetração. |
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DRAGUINHA - DRAGA Nº 9 |
Em 1961, a Draga nº 9 da Companhia Nacional de Construções Civis e Hidráulicas deixou o Rio de Janeiro com destino a Recife, rebocado pelo navio Icaraí. Em Vitória, já aconteceram os primeiros problemas, antecipando uma viagem problemática. Então a draga foi passada ao vapor Ceres. |
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No dia 13, a draga comunicou
o aparecimento de muita água no porão de boreste e o Ceres
rumou rapidamente para Maceió. No início da manhã do
dia 14, a draga adernou e afundou a cerca de 7 milhas do porto. Esta draga de 41,7 metros também está emborcada no fundo a 35 metros. Nela, percebemos claramente os dois cascos torcidos um sobre o outro. As principais peças da Draguinha, como as caldeiras e o sistema de dragagem, estão espalhadas na lateral do casco. A fauna também é muito interessante e os fotógrafos conseguirão ótimos enquadramentos. |
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Para quem gosta de mergulhar e visualizar mais do que belos animais, serão surpreendidos pela estrutura totalmente diferente dessas embarcações. Mas recomendamos antes do mergulho, pesquisar a configuração das dragas. Caso contrário, você como muitos mergulhadores, só verá no fundo um monte de ferros. As dragas estão muito próximas e os dois mergulhos podem ser feitos no mesmo dia. Passando por Maceió não deixe de conferir esses navios, mas nem pense em mergulhar somente em um deles, pois as dragas são como a música - Fico assim sem você... Romeu sem Julieta, amor sem beijinho e Dragão sem Draguinha, não fazem nenhum sentido. |
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Maurício Carvalho é biólogo, instrutor especialista em naufrágios, autor do SINAU (Sistema de Identificação de Naufrágios) e responsável pelo site Naufrágios do Brasil. |
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