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O TESOURO DA THETIS |
O valor total dos bens resgatados pela equipe de Dickinson, em uma ano de trabalho, atingiu o cerca de 588.621 dólares. Já a equipe comandada pelo Capitão Roos resgatou cerca de 161.379 dólares. No total foram recuperados 15/16 décimos de todo o tesouro registrado no manifesto de bordo. é importante lembrar que, mesmo em navios da marinha inglesa, era comum no período o contrabando de ouro, prata e pedras preciosas. Além dos valores em metais nobres foram resgatdos do navio praticamente todos os canhões, aparelhos de cobre e ferro, correntes, âncoras, além de grande quantidade de balas de canhão, cabos e madeirame. |
Embora
Dickinson tenha sido responsável pela ideia, planejamento e implantação
do projeto e a tripulação do Lightning tenha sido a responsável
pelo resgate da maior parte do tesouro, Coube ao Comandante Roos a maior
parte dos créditos pelo resgate. Dickinson foi ignorado pela companhia seguradora, autoridades e até mesmo pelo almirantado que o havia autorizado. Em março de 1832, ao deixar a operação Thetis, Dickinson enviou ao almirantado do Rio de Janeiro um relatório com 19 páginas. Nele prestava contas detalhadamente de seu trabalho. O relatório enaltecia os oficiais e marinheiros do Lightning e de outros navios que tomaram parte nas operações. Segundo a pesquisadora Anita McConnell: "Uma cópia desse documento foi enviada a Royal Society, com uma carta explicando que ele o apresentava. Segundo o Capitão-de-fragata Jorge Telles Ribeiro: "Esse documento foi resumido em ata da Royal Society". Em janeiro de 1834, o Comandante Roos também prestou contas de seu trablho nas operações de salvamento da Thetis. Segundo Anita McConnell: "Sem citar a participação de Dickinson, ele narrava que havia planejado e executado sozinho todo o salvamento." Quando Dickinson tomou conhecimento deste relatório ficou indignado. O Comandante Roos somente foi indicado para comandar o brigue Algerine em maio de 1831, data posterior ao início das atividades de Dickinson. | |
Colunário de prata frequentemente encontrado e resgatado em certa parte dos destroços da Thetis (Arquivo: José Luis Oliveto) |
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Dickinson escreveu cartas ao Almirantado inglês aos Jornais, a Royal Society e a várias autoridades do governo. O comandante Roos contestou as acusações. O litígio se arrastou por muitos anos, nos jornais e tribunais ingleses. As instâncias superiores dos tribunais ignoraram os pedidos de avaliação do caso. |
Botão
de casaca de bronze com o símbolo do Almirantado inglês, ainda presentes em certa parte dos destroços da Thetis. | Na
Inglaterra as opiniões a respeito do mérito da operação
variavam. O Almirante Smythe, Comandante da frota da America do Sul pendia para
o Comandante Roos. Segundo ele, Roos fez o trabalho mais difícil, içando
as peças mais pesadas e procurando o ouro e prata enterrados embaixo das
rochas. |
Na
Royal Society, Marc Bruhei ficou ao lado de Dickinson e o Comandante Owen do H.M.S.
Eden, que levou a primeira parte do tesouro para a Inglaterra, testemunhou que
o planejamento e eficácia das operações eram de responsabilidade
de Dickinson. |
A situação piorou quando Dickinson recebeu ordem para pagar ao Almirantado 13.833 libras, correspondentes aos salários da tripulação do Lightning, além de indenização pelo desgaste do navio. O comandante revoltou-se novamente, pois o Lightning atuando na América do Sul, teria seus homens pagos e alimentados de qualquer forma. |
Dickinson preparou uma apelação à Câmara dos Comuns, que foi desautorizado pelo Almirantado e que finalmente prescreveu. Nela não foi poupado nem o Almirante Baker, que, além de fornecer dinheiro para a compra de equipamento no Rio de Janeiro que foi visitar a área do resgate em fevereiro de 1832. O Comandante Roos foi também atacado. |
A PARTILHA DO TESOURO |
O
mérito pelo salvamento da H.M.S. Thetis teve de ser julgado pela Corte
do Almirantado Britânico. |
O DESTINO DOS PERSONAGENS |
Em
1836, Dickinson publicou em Londres seu folhetim "Narrative of the Operations
for recovery of Public Stores and Treasure Sunk in HMS Thetis", contando
sua versão da operação. Em 1842, Dickinson recebeu a Medalha
de Ouro Isis, concedida pela Society of Arts, por sua engenhosidade em desenhar
e construir o sino de mergulho. Segundo Dickinson: "nunca me recuperei do choque que sofri do esforço mental e físico naquela ocasião nem da decepção que me causaram meus superiores". Ele deu entrada no Greenwich Hospital em 1847 e faleceu em 1854. Não existem documentos contando a versão do Comandante Rooos. Em dezembro de 1833, o HMS Algerine foi desarmado; e seu capitão, De Roos, nunca mais voltou a comandar um navio.que aqui e resumida, |
Existem
registros, que em 1890 a Marinha do Brasil teria executado operações
de resgate no local, porém não há maiores informações. Em 1978 e 1979 foi realizado outro trabalho de escavação na área, este sob o comando de Robert Stenuit, conhecido explorador de naufrágios e Deni Albanese, na embarcação Presmar. Durante este trabalho também foram resgatados muitos bens. Alguns cálculos, levando-se em conta o volume total de bens do botim da Thetis, consideram que ainda tenha sido deixada na Thetis cerca de 1,6 toneladas do tesouro. |
REFERÊNCIAS |
Dickinson
Thomas, 1836 "Narrative of the Operations for Recovery of Public Stores and
Treasure Sunk in HMS Thetis, Londres. Anita McConnell 1985, Revista Marítima Brasileira, 4º trimestre, adaptação Capitão-de-fragata Jorge Telles Ribeiro, Marinha do Brasil. Anon, 1979, O Globo 26.05.89 Rio de Janeiro, Resgate do Tesouro no Mar é Fiscalizado pela Marinha. Robert Stenuit, Les Groupe de Recherche Archeologique Sous-Marine Post Medievale. |
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