NAe São Paulo A-12
 
Histórico
Esse porta aviões foi encomendado pela Marinha francesa em 1955, batizado como Foch (R 99), em homenagem a Ferdinand Foch, comandante das tropas aliadas durante a Primeira Guerra Mundial. Sua construção ficou a cargo dos estaleiros franceses Chantiers de l'Atlantique , ocorrendo entre 1957 e 1960, seu lançado ao mar foi em 23 de julho de 1960.
Pertencia a Classe Clemenceau, apresentando comprimento de 266 metros no convés de voo, 50,7 metros de boca e 9,6 metros calado, com um deslocamento vazio de 27.370 ton e quando carregado de 32.780.

Sua propulsão era produzida por 6 caldeiras a vapor La Valle de 45 kg/m² a 450° C, 4 turbinas a vapor Parsons gerando 126.000 shp, acoplados a dois eixos, atingia uma velocidade de 30 nós , com uma autonomia de 7.500 mn (milhas náuticas). Abordo levava uma tripulação de 1.920 pessoas.
Possuía dois elevadores de aeronaves e uma catapulta de lançamento.
Sob bandeira francesa, a embarcação atuou em missões de apoio em conflitos na África, Oriente Médio e na Europa, durante a guerra dos Balcãs.

 
 
 
R-99 PA Foch - Marinha francesa
 
A-12 NAe São Paulo - Marinha brasileira
 
História na Marinha do Brasil
Descomissionado pela Marinha da França devido a sua absolescência, foi transferido ao Brasil em setembro de 2000 por cerca de 12 milhões de dólares norte-americanos. Na nossa marinha ele substituiu o antigo porta aviões Minas Gerais, tornando-se o NAe São Paulo (A-12), nau-capitânia da armada.
Entregue a Marinha do Brasil em 15 de novembro de 2000 no porto de Brest, na França, Sua carreira na Marinha do Brasil foi curta (11.2002 a 11.2014). O porta-aviões, já muito desgastado, sofreu problemas e nunca conseguiu operar sem necessidade de longas paradas de manutenção.
Com a marinha brasileira deveria operar aviões de ataque AF-1 (Skyhawk) e helicópteros Sikorsky SH-3 Sea King.
 

Realizamos uma visita completa até a sala de máquinas no NAe São Paulo em 2019, enquanto o casco estava sendo desarmado no cais do Arsenal de Marinha no Rio de Janeiro
 

A proa do São Paulo com sua catapulta de lançamento (ponta)

A popa do São Paulo
 
DADOS TÉCNICOS
Tipo de embarcação: São Paulo
Nacionalidade: brasileira
Armador: Marinha do Brasil (2001 a 2018) Estaleiro: Chantiers de l'Atlantique (França)
Início da construção: 15 de novembro de 1957
Lançamento: 23 de julho de 1960 - Foch.
Comprimento: 266 metros Boca: 50,7 metros Deslocamento: 32.780 toneladas
Material do casco: aço Aeronaves: AF-1 (skyhawk) e helicópteros Sikorsky SH-3 Sea King.

Propulsão: Vapor, 6 caldeiras La Valle de 45kg/m² a 450° C, 4 turbinas a vapor Parsons gerando 126.000 shp, acoplados a 2 eixos.

Propulsão:2 hélices - velocidade 33 nós Autonomia: 7.500 mn (milhas náuticas)
Armamento: 3 lançadores duplos de mísseis MBDA Mistral Simbad e metralhadoras .50
Aviões e helicópteros:

Tripulação: 1050 homens

 

O acesso pelo centro da embarcação
Já em 2004, no entanto, um duto da rede de vapor do A-12 explodiu, matando três tripulantes e ferindo outros sete. Após reformas, voltou ao mar, mas sofreu um incêndio por causas elétricas parando novamente. Entre 2005 e 2010, o navio passou por um amplo programa de revitalização e retornou ao setor operativo da esquadra revitalizado e com algumas modernizações no sistema de vapor, catapultas, convés, propulsão, ar condicionado e máquinas, porém pouco operou.
Em 2015, o governo anunciou que o São Paulo passaria por um programa de modernização estendendo sua vida útil até 2039. Porém, em fevereiro de 2017, a Marinha Brasileira, voltou atrás e divulgou que, devido aos altos custos para uma modernização (mais de 1 bilhão de reais ) e a obsolescência de vários de seus equipamentos o porta aviões seria desmobilizado e posteriormente desmantelado.
O NAe São Paulo foi descomissionado em 2020, começando sua desequipagemem. O Grupo Aéreo do São Paulo com alguns dos seus caças A-4 Skyhawk continuaram operando a partir da Base aérea de São Pedro da Aldeia (RJ).
Em 12 de março de 2021 seu casco leiloado , com edital exclusivo para ser desmontado e retirado do cais do Arsenal de Marinha (RJ) em 90 dias. A vencedora foi a empresa turca Sök Denizcilik Tic Sti (Sök), especializada em desmonte de navios. Arrematando o casco por 12,5 milhões de reais.
Tentou-se ainda iniciativas para transforma-lo em um museu e para seu afundamento proposital, para incentivar o turismo submarino, mas essas inciativas nunca foram cogitadas seriamente devido aos custos do projeto.
 
O naufrágio
Em 04 de agosto de 2022, o casco do São Paulo, rebocado pela embarcação holandêsa Alp Centre, deixou a Baía de Guanabara, com destino a um desmanche na Turquia.
Porém, no dia 26 de agosto, próximo ao estreito de Gibraltar na costa marroquina, o rebocador foi comunicado que deveria retornar a águas brasileiras pois o governo turco, onde já havia uma campanha para a não aceitação do navio por riscos ambientais, revogou a autorização de atracação. A razão era a grande quantidade de amianto (segundo autoridades brasileiras cerca de 9.6 toneladas) pres
ente nas estruturas internas do navio. Começava uma disputa judicial entre companhias internacionais, os órgãos de licenciamento ambiental e a Marinha do Brasil.
 
Ao chegar novamente ao mar territorial brasileiro, aproximadamente em frente ao litoral de Pernambuco, a Agência de Meio Ambiente de Pernambuco não permitiu o atracamento do asco do São Paulo no Porto de Suape. Após cerca de quatro meses de disputa, a empresa responsável pelo transporte da embarcação (MSK Maritime Services & Trading), ameaçou abandonar o casco, obrigando a Marinha do Brasil a assumir o controle da embarcação.
Ela foi levada para longe da costa e a Marinha fez o pedido para liberação do afundamento do navio, pois devido a seu estado de flutuabilidade precário, com três grandes furos no casco, se nada fosse feito, o São Paulo, iria afundar de qualquer forma antes do final de fevereiro de 2023.
Após uma guerra de liminares , pois o Ministério Público Federal (MPF), entendia haver grave risco ambiental na decisão. Na sexta-feira, 03.02.2023, o Tribunal Regional Federal da 5ª Região (TRF-5) liberou a Marinha do Brasil para que afundasse o porta-aviões.
O navio estava sendo mantido a cerca de 350 quilômetros (217 mn) da costa. Dentro da área da Zona Econômica Exclusiva do Brasil, mas fora de Áreas de Proteção Ambiental e de interferências com cabos submarinos.
A profundidade divulgada variou entre 3000 e 5000 metros, mas o local exato não foi divulgado. Encerra-se na escuridão e frio a história de mais um navio.
 

 
O NAe São Paulo

Convés e voo, visto da popa


Elevador de acecesso ao hangar no segundo convés
 
Gancho e trilho da catapulta a vapor que puxa aviões no processo de lançamento das aeronaves e o sistema de sinalização para o guiar os pilotos durante o pouso
 
Possição do controle de voo e partes da ponte de comando com ampla visão para o convés de voo
 

 

Hangar abaixo do convés de voo, com seus dois elevadores para as aeronaves
 
Quando estivemos abordo, ainda estavam guardados um avião de ataque AF-1 (Skyhawk) e helicópteros Sikorsky SH-3 Sea King
 
Acesso a sala de caldeiras e sala de máquinas sete níveis abaixo do convés de voo. Caldeiras a diesel
 
Três das seis caldeiras que produziam o vapor para as máquinas de propulsão do navio. Muitos instrumentos como os manômetros controlavam a pressão do sistema
 

 
 
Consulte nosso guia de estruturas de vapores e conheça mais sobre sua construção e características, caso deseje identificar as peças pelo visual utilize o esquema na página de Navios à vapor.
 


Navios a Vapor