..NAUFRÁGIO do CAMPOS
 
Histórico
Em 1892 a Hamburg-Südamerikanische D.G (Hamburg-Sud) lançou um ambicioso projeto de construção de novos vapores para sua linha Alemanha-Brasil-Prata. Com o objetivo de transportar emigrantes no sentido Europa-América do Sul e café e algodão no sentido oposto.
O Campos foi construído nos estaleiros da Blohm & Voss na Alemanha e lançado ao mar como Assuncion em 16 de outubro de 1895.
Ele possuía uma construção clássica de paquete, com 114,6 metros de comprimento, 14,7 metros de boca e deslocando 4.600 toneladas. Realizando viagens regulares por mais de 20 anos.
Em 1914, devido aos conflitos da guerra foi requisitado pela Marinha Imperial alemã (Kaiserliche Marine) para transportar carvão.
Deixou o porto de Santos com uma carga de carvão, navegando junto, com o objetivo de abastecer o cruzador Karlsruhe e o mercante armado Kronprinz Wilhelm, que patrulhavam as rotas comerciais sul americanas. Em 11.1914 chegou a Belém (PA), onde permaneceu ancorado.
 

O vapor campos ainda como Assuncion
 

DADOS BÁSICOS

Nome do navio: Campos

Data do afundamento: 23 .10.1943

LOCALIZAÇÃO

Local: Santos

UF: SP.

País: Brasil

Posição: Entre a Ilha de Alcatrazes e a Laje de Santos

Latitude: 23º 59'.596 sul

Longitude: 045º 27'.089 oeste

Profundidade mínima: 48 metros

Profundidade máxima: 55 metros

MOTIVO DO AFUNDAMENTO: torpedeado na 2ª guerra

CONDIÇÕES ATUAIS: inteiro
DADOS TÉCNICOS
Nacionalidade: Brasileira
Estaleiro: Blohm & Voss, (Hamburgo - Alemanha) Ano de Fabricação: 1943
Armador: Lloyd Brasileiro
Deslocamento: 4.663 toneladas
Comprimento: 114,6 metros Boca: 14,5 metros
Tipo de embarcação: Cargueiro
Material do casco: aço Propulsão: hélice
Carga: café
   
As guerras mundiais e o destino do Campos
Durante os primeiros anos da 1ª Guerra Mundial no Brasil o Brasil mantinha uma neutralidade no conflito.
Porém, no dia 5 de abril de 1917 e no dia 20 de maio os vapores brasileiros Paraná e Tijuca foram torpedeado por um submarinos alemães perto na Europa.
No dia 11 de abril o país rompe relações diplomáticas com o bloco Germânico. Nos meses seguintes o governo brasileiro, confisca 42 navios alemães que estavam em portos brasileiros, como compensação de guerra.
No dia 26 de outubro de 1917, respondendo a pressão internacional e popular contra a aliança Germânica (Tríplice Entente), o presidente do Brasil, Wenceslau Brás, sancionou a declaração de guerra à Alemanha.
Nos meses seguintes o governo Brasileiro, confisca 42 navios alemães que estavam em portos brasileiros, como indenização de guerra. Vários dos quais, foram afundados durante a segunda guerra mundial.
Cabedello (Prússia - 02.1942), Parnaíba (Alrick.- 05.1942), Alegrette (Salamanca -06.1942), Barbacena (Gundrum - 07.1942), Baependi (Tijuca - 08.1942), Lages (Rauenfilds - 09.1942), Bagé (Sierra Nevada - 07.1943) e Campos (Assunción - 10.1943).
 
O Assuncion estava retido no porto de Belém e em junho de 1917 foi apreendido e incorporado pelo governo Brasileiro Em 1926 o Lloyde torna-se o dono definitivo.
Nos primeiros anos da Segunda Guerra Mundial, assim como já havia acontecido na 1ª guerra ocorreram apenas alguns episódios isolados e esporádicos como os afundamentos em 1939 e 1941 dos navios alemães encouraçado GrafSpee no Uruguai e o cargueiro alemão Wakama ao largo de Búzios, RJ. lembravam que o país estava à margem de um grande conflito.

Porém em 1942 essa confortável situação mudaria. Em dezembro de 1941, com o ataque do Japão a Pearl Harbor, os Estados Unidos entram na guerra, contra o pacto tripartite do eixo, do qual faziam parte a Alemanha, Itália e o Japão.
Em dezembro de 1941, Doenitz, o comandante da Marinha de Hitler, decide utilizar os U-boats para dar início a uma campanha de ataque ao tráfego marítimo comercial ao longo da costa leste dos Estados Unidos, visando cortar as linhas de suprimentos.
Esta campanha, conhecida como Paukenschlag, provocaria a partir de janeiro de 1942 a perda de milhões de toneladas brutas aos aliados.
Diante da flagrante agressão a um país pan-americano, as demais nações do continente não podiam ficar passivas. Em janeiro de 1942, na cidade do Rio de Janeiro, é realizada uma reunião com os países da América. Devido à resolução cinco desta reunião, o governo brasileiro decide cortar relações diplomáticas e comerciais com as nações do eixo; decisão que fortalecia a ideia de uma futura declaração de guerra. Além disso, os Estados Unidos pressionava e oferecia vantagens para que o Brasil permitisse a instalação de bases americanas em território brasileiro.
 
 
Em fevereiro de 1942, o governo adota as primeiras medidas preventivas de defesa do país. São tomadas medidas de precaução defensiva ao longo da costa do país e são convocados para serviço ativo os reservistas da Marinha com menos de 40 anos de idade.
A operação Paukenschlag de Doenitz, teria consequências também para o Brasil. De fevereiro a julho de 1942, 12 navios mercantes brasileiros foram afundados ao longo das costas das Américas por submarinos na sua maioria alemães, mas também Italianos. Entre eles estavam o: Buarque (14.02 ), Olinda (18.02 ), Cabedello (25.02 ), Arabutan (07.03), Cayru (08.03), Parnahyba (01.05), Gonçalves Dias (24.05), Alegrete (01.06), Pedrinhas (26.06), Tamandaré (26.07), Piave (28.07) e Barbacena (28.07).
Esses afundamentos e as subsequentes manifestações da população, que pediam guerra, culminaram em agosto de 1942, com a declaração de guerra às potências do Eixo do governo brasileiro.
 
O Naufrágio
Depois de servir ao Lloyde Brasileiro por 26 anos, o Campos acabaria sendo o último navio mercante perdido pelo Brasil por ação dos submarinos do Eixo. No dia 23 de outubro de 1943, sob o comando do oficial da reserva da marinha, Mário do Amaral Gama, navegava a escoteiro (sozinho) e em lastro (vazio) do Rio de Janeiro para o Rio Grande do Sul.
A bordo estavam 57 tripulantes sendo 1 comandante, 12 oficiais e 44 inferiores e 6 passageiros que eram tripulantes do navio Caxambú em trânsito.
Às 8 horas da manhã, o Campos cruzava 5 milhas ao sul da Ilha de Alcatrazes e a cerca de 20 milhas da costa de São Paulo, na posição de Latitude 24º 42' sul e Longitude, 40º 45' oeste.
Subitamente ocorreu uma explosão a boreste da proa. O Campos era torpedeado pelo submarino alemão U-170, comandado pelo Capitão-Tenente Gunther Pfeffrer.
 

O U-170
 

Segundo depoimentos dos tripulantes, "ninguém percebeu a presença do submarino até a explosão e depois que todos estavam nas baleeiras, com o navio ainda em segmento, outro impacto de torpedo selou seu destino. O navio afundou pela popa, ficando praticamente na vertical, com o bico de proa apontado para o céu". Também existem relatos de ter o submarino metralhado os náufragos, mas essa informação não tem confirmação e pode fazer parte da rotineira publicidade de guerra.

O comandante Mário Gama determinou que fossem baixadas as quatro baleeiras. Como os hélices ainda funcionavam, uma das baleeiras acabou sendo colhida, provocando várias das 12 mortes de tripulantes deste ataque. As outras três baleeiras conseguiram alcançar o litoral depois de 30 horas e com os náufragos esgotados pela luta constante, já que o mar estava muito agitado.
Dez homens do Campos e dois passageiros em trânsito perderam a vida. Entre os sobreviventes encontrava-se o comandante Gama.
O submarino U-170, como a maioria dos U-boats foi afundado no fim da guerra.

 

Descrição
Segundo o mergulhador Marcelo Polato, que explorou os destroços regularmente na década de 2000 "o navio está adernado para bombordo, e praticamente intacto no fundo. As muradas, as buzinas e os cunhos de amarração são nítidos. Uma tampa do porão está perdida, provavelmente no fundo. P mastro e proa não está mais lá. Uma surpresa foi encontrar uma arma, de provavelmente 75 mm, cano de cerca de 55 / 60 polegadas presa a um suporte no través de boreste, não foi possível chegar a caixa de culatra, pois tem pedaços de ferro sobre ela.
(Extraída do relato de mergulho de Marcelo Polato em 07.09.2000).

Ainda existe certa inconcistência dos dados de identificação que permitiriam confirmar qual destroço seria o Elihu B. Washburne e qual seria o Campos.
Os dois navios estão localizados por fora da Ilha de São Sebastião em profundidades altas, águas escuras e com pouca frequência de mergulhadores.
Aguardamos mais informações para diferenciar os dois naufrágios
 
     
 


Navios estrangeiros
atacados na 2ª Guerra Mundial

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