Horrível
alarido ouviu-se a bordo Do Bahia que o choque suportou E logo por desgraça
muitas vidas No
abismo insondável sepultou Partido
ao meio, pelo impulso Do choque que lhe deu o Pirapama Submergiu-se nas
águas repentina Indo dar com o costado sobre a lama Foi
nesta confusão, desordem, caos Quando todos imploravam salvação Que
fugiu do sinistro espavorido Do Pirapama, o covarde capitão Covarde
sim, porque não teve o ânimo Que não deve faltar ao marinheiro Quando
o perigo ante seus olhos No momento terrível derradeiro. E
quando deste modo, aquele monstro Com seus irmãos aflitos procedia No
Bahia, o valente comandante Salvando muitas vidas perecia Que
ação nobre e sublime, Que exemplo edificante Foi este que
soube dar Tão distinto comandante. |
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| Pessoas
atiraram-se ao mar sem roupas, tentando se salvar agarradas aos mastros, velame
e cordame que permaneciam fora d'água, ou em quaisquer outras coisas que
flutuassem. Algumas jangadas e barcaças que acorreram em socorro ao
acidente, recolheram muitas vítimas em sucessivas viagens, porém
muitas permaneceram na água por mais de seis horas. Nos dias que se
seguiram a tragédia, trinta cadáveres flutuaram em volta dos destroços,
inclusive o do comandante do Bahia.
Quatorze corpos chegaram às praias próximas ao local dos destroços,
sendo alguns já irreconhecíveis, enterrados no cemitério
da localidade de Ponte de Pedras, onde ainda existe o túmulo. O Acidente
entre o Pirapama e o vapor Bahia
é cercado de muito mistério e histórias fantasiosas. A mais
curiosa delas, da conta, de que um relacionamento amoroso entre o comandante do
Bahia e a mulher do capitão do Pirapama seria a razão para o vingativo
choque. Por mais pitoresca que possa parecer esse caso de traição
naval e pouco provável que os demais oficiais na ponte do Pirapama, fossem
permitir tamanho ato de insanidade.
O
comandante Francisco Carvalho do Pirapama foi acusado seguidamente de negar socorro
às vítimas do Bahia, mas nada foi provado contra ele e um manifesto
dos passageiros deste vapor, |