...NAUFRÁGIO do AYLESTONE
 
 
Depois de vários anos finalmente (2024) tivemos acesso a informações que confirmaram a identificação do naufrágio da Praia do Leão como sendo o Aylestone
 
Histórico
O vapor Aylestone foi construído nos estaleiros Blumer, John & Co. em Sunderland em 1917.Apresentava um projeto clássico de cargueiro de três castelos e quatro porões. Possuía 106 metros de comprimento, 14,9 metros de boca e um deslocamento de 3.380 toneladas brutas. Foi equipado com duas caldeiras e máquinas de Tripla Expansão de 356 n.h.p.

A proprietária era a companhia Alexander Bros Aylestone Shipping Co. Ltd. de Newcastle (Empresa existente até hoje).
No início de julho de 1926, com 26 tripulantes, ele partiu de Rosário de Santa Fé na Argentina, escalou em Buenos Aires e seguia para Liverpool na Inglaterra com uma carga de 5.450 toneladas de trigo e milho.



Cargueiro semelhante ao Aylestone
 
 
DADOS BÁSICOS
Nome do navio: Aylestone
Data do afundamento: 08.07.1926
LOCALIZAÇÃO
Local: Fernando de Noronha UF: FN. País: Brasil
Posição: Laje do cação, Praia do Leão
Latitude: 03° 52' 24" sul Longitude: 032° 26' oeste
Profundidade mínima: 08 metros Profundidade máxima: 12 metros
DADOS TÉCNICOS
Nacionalidade: inglesa
Comprimento: 106,2 metros Boca: 14,9 metros
Tipo de embarcação: cargueiro Deslocamento: 3.380 toneladas
Material do casco: aço Propulsão: hélice
Carga: milho e trigo
MOTIVO DO AFUNDAMENTO: choque
CONDIÇÕES ATUAIS: desmantelado
     

 
O Naufrágio
Ao anoitecer do dia 08 de julho uma chuva torrencial acompanhada de fortíssimos ventos caía sobre a região da Ilha de Fernando de Noronha. O capitão Drake, comandante do Aylestone declarou que em vista da grande cerração não pode avistar o Arquipélago e julgando já o haver contornado, deu rumo norte ao navio.
Às 21:30 horas subitamente sentiu três abalos consecutivos, sendo o terceiro formidável e imobilizando o navio. Ignorando onde se achava e julgando que o vapor ia submergir rapidamente, procurou comunicar-se por radio com a ilha e salvar-se com a tripulação, tomando assim rapidamente um escaler.

Ás 10 horas da noite o senhor Pinheiro Filho, diretor do presídio, recebeu de bordo do vapor Aylestone comunicação por rádio que o mesmo se achava em perigo de naufrágio por ter se chocado com um rochedo ao sul do arquipélago. Imediatamente, ele ordenou a ida de um escaler ao rebocador alemão Ingeborgipland, ancorado na Baía da Conceição, a fim de pedir para sair ao encontro do Aylestone.
 
A prova que faltava - Pequeno Jornal, 12.07.1926
Praia do Leão, com a posição do naufrágio - Fotos: Ion David - Equipe Atlantis Photo Center
 

 
O capitão alegou que não conhecendo a ilha e "seria de uma temeridade torneá-la numa noite de tempestade", mas devido a insistência dos homens do escaler, o capitão cedeu e 40 minutos depois ou Ingeborgipland levantava ferros em demanda ao local do sinistro.
Ao mesmo tempo o Sr. Pinheiro Filho ordenou uma busca por terra ao redor da Ilha. Às duas horas da madrugada o vapor foi localizado há poucos metros da costa, encravado na Pedra do Cação, uma laje submersa na Praia do Leão ao sul do arquipélago de Fernando de Noronha.
O mar estourava fortemente contra o casco do vapor. As suas caldeiras em contato com a água fria do mar, apitavam fortemente e os porões já estavam invadidos pelo mar.
Após três horas enfrentando o mar agitado os tripulantes do rebocador avistaram a cinco milhas da costa uma pequena luz.
 

Trajetoria do rebocador Ingeborgipland
 
Apontaram em direção a mesma e uma hora depois encontraram o escaler com os 26 náufragos do Aylestone. As 8:00 da manhã do dia nove, o rebocador desembarcava em segurança no Porto do Cachorro todos os tripulantes, que foram hospedados pelo diretor do presídio. Já no dia 9, o representante do Lloyd Register de Recife, era avisado pelo Capitão Drake que o vapor já era considerado perdido.
Dois dias depois do sinistro e com o mar muito agitado era fácil perceber que o navio estava irremediavelmente perdido. Vieram dar a praia do Leão inúmeras tábuas que foram cuidadosamente guardadas pelo diretor do presídio, mas a carga de cereais estava totalmente alagada.
Depois de várias tentativas no dia 17, finalmente o capitão e outros companheiros conseguiram ir a bordo do Aylestone e dali, trouxeram roupas, outros objetos e dois pássaros de estimação do capitão.
O capitão Drake e mais dois oficiais permaneceram na ilha e os demais tripulantes do vapor voltaram ao continente a bordo do Piauhy, que partiu para Fernando de Noronha com uma comissão de funcionários da alfândega, para, a serviço do governo, fiscalizar os salvados do navio.
Em janeiro de 1933 era anunciado pela alfândega de Pernambuco a venda dos salvados do Aylestone. Entre os artigos estavam garrafas de conhaque, vinho, sumo de frutas, cordoalha de linho e tábuas.
 

Parte do guincho sobre a laje do cação

Guincho de carga junto a beiçola do porão

As duas caldeiras principais
 

 
Descrição
O navio apresenta-se bastante desmantelado, porém com grande número de peças importantes espalhadas pelos destroços indicando que o navio desmantelou-se em sua posição de navegação.
Ao longo dos destroços estão espalhados entre muitas partes de cavername e casco: guinchos, 3 caldeiras, sendo que a auxiliar encontra-se em pé. As caldeiras principais, com cerca de 3 metros, ainda apresentam as portas das fornalhas. Em alguns pontos dos destroços pode ser feita a passagem por baixo do casco e muito encanamento se espalha pelo fundo.
Ainda existe um dos mastros com resto dos moitões do sistema de paus-de-carga.
Das máquinas para trás existe um longo eixo, ainda apoiado nos mancais e no hélice, que possui pás com cerca de 1,80 metros entre outras peças como guinchos, escadas e cavername.
 

Caldeira auxiliar

O longo eixo, ligando as máquinas ao hélice
ainda esta apoiado nos mancais

Uma das pás do hélice único
 
 

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Fotos: Suene Ramalho - Equipe Atlantis Photo Center
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