ROSALINDA Fim do Mistério |
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Revista Scuba, ano VII, Nº 54 |
Texto
: Maurício Carvalho |
Introdução Durante muitos anos acreditou-se que este naufrágio, um dos mais famosos do Brasil, chamava-se Rosalina. Corroborando esta tese, foi publicada por uma revista de mergulho na década de noventa, uma carta, onde o leitor passava informações sobre um navio de nome Rosalina, supondo que tratava-se do mesmo navio. Infelizmente não foi checado que estas informações, extraídas do Record Book do American Bureau of Shipping (ABS), não estavam associadas ao navio que naufragara em Abrolhos e sim, a outro navio com o mesmo nome. Mergulhando em Abrolhos em novembro 2001 com o amigo Zig notamos discordâncias entre o tipo de máquinas, presente nos destroços e a época citada para o naufrágio (1939). Pesquisando os jornais da data, não havia nenhuma notícia a respeito do naufrágio. Seria possível, que um navio afundado em nossa costa em 1939, no estopim da 2ª Grande Guerra, pudesse afundar e não ser noticiado? Além disso, uma foto do Arquivo Nacional de 1960, mostrava o mastro do navio fora d'água e ainda com tinta; o que condenava ainda mais a data de 1939. Os registros publicados do suposto Rosalina indicavam a construção em 1941 e a propriedade de uma Companhia Viento Del Sur de bandeira Panamenha. Respostas a minhas cartas, do Registro de Navios do Panamá negavam quaisquer registros da Companhia ou de navios com este nome. A História ficava cada dia pior. Algumas dezenas de cartas depois uma "simples" mas surpreendente resposta surge do Arquivo Técnico da Marinha, nas palavras do CT Silbert: "Apos dar umas buscas em nossos arquivos conseguimos localizar uma mensagem datada de 01.11.1955 comunicando o afundamento do navio italiano ROSALINDA no dia 28.10.1955 em Abrolhos. Atenciosamente, CT SILBERT". Mais uma visita a Biblioteca Nacional, para uma tarde de trabalho, poeira e decepção. Nada constava. Depois de pesquisar em vários jornais, finalmente os fatos apareceram, confirmando datas, nomes e locais. Toda dificuldade ocorreu, pois o naufrágio do Rosalinda esteve no meio de uma das maiores crises políticas do país. O vice-presidente Café Filho, que assumira o governo com a morte de Getúlio Vargas em 1954, havia sido substituído por motivo de doença e em seu lugar assumira Carlos Luz (Presidente da Câmara dos Deputados), este por sua vez, também enfrentou forte oposição, principalmente de alguns setores militares, terminando por entregar o cargo a Nereu Ramos. Os militares assumiam o comando com a intenção de empossar Juscelino Kubitschek. Com isso, Carlos Luz, Carlos Lacerda e outros ministros do ex-governo deixaram rapidamente o Rio de Janeiro a bordo do Cruzador Tamandaré. Durante a fuga, o navio forçou a Barra do Guanabara e foi alvo dos disparos do forte de Copacabana. Com o naufrágio iminente da democracia no país, os eventos que sepultaram o Rosalinda obtiveram pouco destaque dos jornais da época. Histórico
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Mergulho Agradecimentos Ficha
Técnica:
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OBS:
Na matéria original constam outros fotos |
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