O Erie era
utilizado regularmente no serviço postal entre o Brasil e os Estados Unidos. Na
noite do dia primeiro de janeiro de 1873, o navio, fazia sua segunda viagem entre
os dois países. Saira do Rio de Janeiro, com uma carga de 24.500 sacas de café.
O navio passara pelo porto de Recife e navegava a 12 milhas da costa de Tambaú,
na cidade de João Pessoa, quando, às dez horas da noite, irrompeu um incêndio
a bordo. De terra, grandes labaredas podiam ser avistadas. Vários pescadores,
em 6 jangadas, deslocaram-se para lá, encontrando um grande vapor envolto em chamas
e toda a tripulação e passageiros, em número de 81, amontoados em 8 escaleres.
Às duas horas da madrugada do dia 2 de janeiro, o Erie vagarosamente ia para o
fundo, deixando a noite escura e selando seu destino como o Queimado. |
O navio
encontra-se desmantelado, apoiado corretamente no fundo paralelamente ao litoral.
A distribuição geral dos destroços ocorre em 4 grandes porções, com um comprimento
de aproximadamente 100 metros e uma largura de 15 metros. Na proa existe um grande
aglomerado de peças, onde podemos distingüir os olhais de âncora, um grande guincho
e de cada lado dois cabeços de amarração. |
| A
segunda concentração de destroços, está a meia nau, afastada da primeira por 20
metros, é formada basicamente pelas quatro grandes caldeiras; entre as duas porções
só encontramos pequenas peças e partes do casco aflorando na areia. As caldeiras
são a grande atração deste naufrágio. Geralmente cilíndricas, neste caso, seu
formato é quase quadrado, exceto pela parte externa inferior, que segue o formato
do casco. Elas estão dispostas duas a duas, devendo medir aproximadamente 4 metros
de altura, por 5 de comprimento e 3 de largura. Cada uma delas parece estar conectada,
por tubulação, à outra do mesmo lado. Existe uma larga passagem entre as caldeiras,
sobre a quilha do navio. Uma câmara de condensação do vapor está caída sobre a
lateral da caldeira dianteira de estibordo, tendo destruído sua parte superior. |
Tanto
o primeiro como o segundo aglomerado de destroços estão circundados e sobre grande
número de rochas do tipo seixo, que acreditamos tratar-se do lastro da embarcação.
Afastado das caldeiras, por cerca de 10 metros, está o terceiro conjunto de destroços,
constituído basicamente pelas máquinas a vapor e demais engrenagens. Não conseguimos
distingüir se o maquinário trata-se de dupla ou tripla expansão, em parte por
sua posição de lado, mas também pela quantidade de peixes que colonizam os destroços
e impedem a boa visibilidade. Para trás das máquinas está a última porção do navio,
formada por um longo eixo de cerca de 20 metros, ao lado do qual poucas peças
aparecem, alguns cabeços e a outra raridade deste navio, que são as chapas de
bronze que revestiam o casco de madeira. No final do eixo, pode ser apreciado
um belíssimo hélice de quatro pás, duas das quais enterradas. O hélice também
têm formato incomum, com pás finas e longas. Por todo o naufrágio não há indícios
de casario, deixando transparecer que o incêndio consumiu a maior parte das superestruturas
do navio antes da submersão. |
Mergulhar
em João Pessoa é sem dúvida uma experiência inesquecível. A começar pelo embarque
que é feito na praia do Bessa; geralmente o vento sopra forte e a cor da água
junto à praia não permite antever o excelente mergulho que está por vir. As opções
de mergulho são variadas; como se não bastasse os três naufrágios fantásticos
(Alvarenga, Alice e Queimado), ainda existem belos recifes. A duas milhas do litoral,
a água já é muito clara e enche de ânimo o mergulhador. O vento não perturba o
mar, que pemanece calmo e claro. O Queimado repousa sobre um fundo de areia clara
a 18 metros de profundidade, atingindo em sua parte mais rasa (máquinas) 9 metros.
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O
mergulho a pouca profundidade e de perfil quadrado permite um ótimo tempo de fundo;
as águas quentes dispensam o uso de roupa de neoprene. Apenas um problema "perturba"
o mergulhador de naufrágio que pretenda desvendar todos os seus segredos, a impressionante
quantidade de peixes; são tantos e tão variados que por vezes é impossível identificar
os destroços. Ciobas, xirras, frades, enxadas, ciliaris e lambarus infernizaram
minha vida - uma dureza!!! Por vezes, os colegas precisavam afugentar os peixes,
para que fosse possível identificar as peças do navio. |
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A claridade
da água e demais condições de mergulho dispensam grandes cuidados e planejamento;
mergulhadores de qualquer nível poderão fazer um excelente mergulho no Ship Erie,
como também é conhecido na região este naufrágio. Apenas recomendo mergulhar em
grupo, assim enquanto dois mergulhadores espantam os peixes, os demais terão a
chance de apreciar, este maravilhoso naufrágio. |
Dados
do Naufrágio | Dados
Técnicos |
Nome
do Navio: Erie | Nacionalidade:
Americana. |
Data
do Afundamento: 02.01.1873 | Armador:
Americam Steam Ship Corp. |
Localização:
4,7 milhas do farol do Cabo Branco,no través da praia de Tambaú | Estaleiro:
E. B. Vannevar & Company - 1867 - Newburyport, Massachussets, USA. |
Latitude
- 7º05'02" S Longitude 034º44'8" W. |
Comprimento: 100 m. Boca: 12 m. Tonelagem: 3502 T. |
Profundidade:
9 a 18 metros. | Tipo
de Navio: Cargueiro a vapor. |
Estado:
desmantelado | Carga:
24.500 sacas de café. |