EM BUSCA DOS NAUFRÁGIOS

Revista Mergulho, ano II, Nº 21 - abril/1998
Texto e Fotos: Maurício Carvalho
 
 
 
ENTRE OUTRAS megainfluências, o filme Titanic, megasucesso de James Cameron, vem aumentando a procura pelo mergulho em navios afundados. As impressionantes cenas iniciais da fita -- mostrando uma descida aos destroços do transatlântico -- fizeram a cabeça de mergulhadores (e não mergulhadores) no mundo inteiro. O certo é que visitar naufrágios está virando assunto do dia. Para felicidade do carioca MAURÍCIO CARVALHO, 32 anos, que há exatamente uma década faz dessa atividade o seu cotidiano.
A paixão despontou em 1980. "O primeiro naufrágio que conheci foi o Buenos Ayres, aqui no Rio", conta Maurício. "Foi amor à primeira vista." Somente oito anos depois, no entanto, este biólogo, geólogo e instrutor de mergulho conseguiu se dedicar exclusivamente a pesquisar e fotografar os navios afundados na costa brasileira. A documentação chegou a tal volume que, em 1995, Maurício criou o SINAU (Sistema de Informações de Naufrágios), uma central com os dados que coletou com a colaboração de outros mergulhadores. Entre outras atividades, o SINAU lançou um catálogo em disquetes de computador. "São mais de mil naufrágios da costa brasileira, com informações organizadas", diz. "Os registros trazem não apenas um histórico das embarcações afundadas, como também a posição e condições atuais dos destroços."
Modesto, Maurício não se considera um fotógrafo submarino com pretensões artísticas. Para ele, as belas imagens que vem recolhendo dos naufrágios há dez anos têm, antes de tudo, o objetivo de documentar. "Minhas fotos são técnicas", avisa. "Procuro me ater às estruturas do barco. Quero retratar o máximo possível das partes importantes do naufrágio, sem um maior compromisso com a estéticas. Quem já tentou fotografar um naufrágio no Brasil sabe, contudo, que Maurício faz milagres com sua Nikonos V. Os navios afundados por aqui, em geral, estão em águas de visibilidade menor e profundidades razoáveis. Quer dizer: as condições podem afundar os sonhos de muitos pretendentes. Mas não os de Maurício, que tira de letra essas dificuldades. "Parece pisar no óbvio, mas a primeira recomendação a um candidato a fotógrafo de naufrágios é fazer um curso de mergulho em naufrágio", recomenda. Apaixonado pelo que faz, Maurício tem sido uma liderança na sua especialidade. Além do SINAU, ele também investe no congraçamento dos fanáticos por mergulho em navios afundados. Pelo quinto ano consecutivo, realizará em dezembro o Encontro Nacional dos Mergulhadores em Naufrágio. Quem se interessar pode se inteirar na Home-page: www. netwaybbs.com.br/clientes/dive/mauricio.html ou através do e-mail: [email protected]
 

Chata de Noronha
 

 
OBS: Na matéria original constam outros fotos.
 

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