Destino: naufrágio

Obrigatório
Afundado próximo a Ilha Rasa, no litoral do Rio de Janeiro, o paquete Buenos Aires é um daqueles
mergulhos que não podem faltar no log book

 
Revista Mergulho, ano XI, Nº 131
Texto: Maurício Carvalho
 
Naufrágio Buenos Aires
 
 

O Navio

Esse importante vapor, lançado ao mar em 1829, transportava carga e passageiros na linha Hamburgo / Buenos Aires. Em 1890, em sua 60ª viagem ao continente Sul-americano o navio da companhia Hamburg Sud deixou a Alemanha, com escalas previstas em portos europeus e sul americanos.
Durante a viagem, o velho paquete, apresentou diversos problemas; suas bombas retiravam o tempo todo, à água que insistia em entrar e uma das caldeiras com defeito, fazia-o deslocar-se lentamente.

O Naufrágio
Ao aproximar-se da Baía de Guanabara, o comandante Karl Löewe indicou o rumo a ser seguido ao Imediato Zessin, e retirou-se para sua cabina. A medida em que se aproximava à ilha Rasa, diversos passageiros ainda acordados, encheram-se de receio e comunicaram ao comandante seu temor, que os dispensou defendendo a habilidade do oficial.

Com a proa, a cortar o farol ao meio, os passageiros desesperados foram de novo e insistentemente ao comandante, que subiu rápido ao tombadilho conhecendo finalmente a iminência da desgraça. O comandante deu a ordem de reversão das máquinas, mas já era tarde demais.
No início da madrugada do dia 24 de agosto, com tempo bom, mar calmo, lua cheia e o farol aceso, o Buenos Aires chocava-se contra o rochedo na parte sudeste da Ilha Rasa e selava seu destino.

Com o choque, os passageiros desesperados subiram ao convés e grande confusão se instalou. Escaleres e lanchas salva-vidas, foram lançadas e os passageiros embarcados. A bordo, tentando juntar documentos, valores e dinheiro permaneceram apenas o capitão e dois marinheiros.
As 3:05 h. o navio afundou deixando de fora apenas a ponta dos mastros e os oficiais que nadaram até um escaler.
Os passageiros e tripulantes remaram por toda á noite em direção ao porto do Rio de Janeiro, pela manhã, vestidos de forma sumária, alcançaram o interior da Baía de Guanabara. Os passageiros e tripulação, que tudo perderam, receberam o apoio da agência da Hamburg Sud, no Rio de Janeiro.

 

Âncora auxiliar a 12 metros.

Hélice reserva de duas pás a 15 metros.

 

O Mergulho
O Buenos Aires é um dos naufrágios mais interessantes da costa brasileira, pois nele mergulhadores do básico ao técnico podem realizar suas atividades satisfatoriamente. Por ser a ilha mais afastada do litoral carioca muitos dias são de águas claras.
Os destroços encontram-se em três conjuntos. A 12 metros está a proa totalmente destruída. Três grandes âncoras, aglomerados de correntes e um guincho destacam-se entre os destroços.
A partir de 18 metros está a segunda parte do naufrágio, formado pelos porões. O fundo torna-se quase plano, seguindo até 25 metros. Estão nesta região, o hélice reserva de duas pás, a estrutura de todo o cavername e uma das caldeiras.

Passando dessa primeira caldeira, o costão inclina-se 45º, sendo o limite sugerido pelas operadoras para os mergulhadores com menos experiência.
A partir da caldeia, o fundo de rocha lisa, mergulha até a areia a 45 metros de profundidade. Nesta região, estão as máquinas, duas caldeiras, parte do eixo e restos de casco. A cerda de 42 metros e já na areia, estão os restos da popa, hélice e leme. Porém esta área só é freqüentada pelos mergulhadores mais experientes, pois as águas costumam ser mais escuras e frias.
Por todo o naufrágio, circula grande quantidade de peixes, não é raro encontrar grandes Arraias Chita e alguns Meros. Certo é que o Buenos Aires não pode faltar no currículo dos mergulhadores de naufrágios do Brasil.

 

 
 

 

Maurício Carvalho é biólogo, instrutor especialista em naufrágios, autor do SINAU (Sistema de Identificação de Naufrágios) e responsável pelo site Naufrágios do Brasil.


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