Destino: naufrágio
Novos Equipamentos
e mais segurança
 
Revista Mergulho, Ano XV - Nº 179 - junho/2011
Texto Maurício Carvalho
 
Fique atento aos lançamentos do mercado.
Eles podem tornar seu mergulho muito mais confortável e seguro
 
Quando começamos uma nova especialidade como o naufrágio, é comum dedicar tempo a leituras, conversas sobre técnicas, equipamentos e condições de mergulho, além de realizar alguns cursos para aperfeiçoar a técnica. Depois desse amadurecimento e ajuste nos equipamentos, passamos por uma fase de conforto, desfrutando novas experiências.
Infelizmente, em alguns momentos da vida, permanecemos muito tempo nessa zona de conforto, quase acomodados com o que já sabemos, dominamos e possuímos. Esse comportamento não é recomendável para mergulhadores e, muitas vezes, é até perigoso.
Você já ouviu falar que " os mergulhadores experientes que sofrem os acidentes" ? Pois é. Quase sempre, é o excesso de autoconfiança, de quem já repete os mesmos procedimentos a muito tempo, que deixa o mergulhador em situação de risco.
Por isso, procure manter a cabeça aberta para novos treinamentos, tecnologias e procedimentos e, esteja certo, que você sempre pode melhorar.
Mergulhadores de naufrágios normalmente são apaixonados por equipamentos e também para eles, o mercado está sempre produzindo novos itens. Muitos deles são absolutamente inúteis e só causam mais arraste e risco de prender-se nos destroços. No entanto, alguns equipamentos de boa qualidade têm sido lançados e os mais experientes, devem estar abertos a testá-los, pois podem melhorar ainda mais sua performance.
Nos últimos meses, adquiri e testei novidades de nosso mercado muito interessantes para a especialidade de naufrágio.
 

ROUPAS SECAS
Os maiores riscos em naufrágio são furos e cortes em pontas e arestas afiadas. Na maioria das vezes ocorrem nos cotovelos e da cintura para baixo, principalmente nos joelhos. Roupas de neoprene são ainda mais sensíveis a rasgos, enquanto as de Cordura resistem melhor. Para aqueles que gostam de enfiar a mão em reentrâncias para procurar objetos, o selante dos pulsos é particularmente vulnerável.
Tome cuidado também para que a mangueira de enchimento esteja

junto ao corpo. Após o uso, lave a superfície da roupa com sabão neutro, pois a ferrugem corrói até mesmo o material sintético.
Já era sem tempo das roupas secas tornarem-se mais acessíveis no Brasil, principalmente mergulhadores técnicos e o pessoal do sudeste podem, enfim, contar com roupas de ótima qualidade, por preços razoáveis. Melhor do que isso, a tecnologia melhorou e materiais mais novos e fortes trazem grande vantagem para quem atrita em ferro todo mergulho.
Analisei e decidi pelo novo modelo da Polar, da Sea Sub. Elas são uma ótima escolha para quem joga duro com o equipamento. A Cordura mais resistente, reforço nos joelhos de fábrica e, proteção para os selantes dos pulsos aumentam muito a durabilidade da roupa. Considere todo o esforço feito quando se passa por condutos ou portas mais estreitas, e quando a correnteza, ou fluxo e refluxo joga o mergulhador contra alguma estrutura. Precisamos de material reforçado.



Joelheiras e protetores de selante
aumentam a durabilidade
da roupa em naufrágios
 
MANGUIERAS DE MIFLEX
Sempre falo da importância de proteger as mangueiras do primeiro estágio de cortes produzidos pelas lâminas do material metálico e, mesmo com todo cuidado, eu já tive pelo menos duas mangueiras cortadas, sem contar, com algumas que foram sofrendo pequenas escoriações e desgaste e acabaram sendo postas de lado antes de apresentarem falhas.
Para minimizar o problema, utilizávamos vários modelos de protetores de mangueira. Eles são peças de plástico que recobrem o equipamento, mas, alguns mergulhadores alegam que impedem a correta lavagem das mangueiras ou quebram rapidamente. Outra opção é a compra de mangueiras mais curtas, para ficarem coladas ao corpo.
Agora, revendidas por diversas marcas, surgiram às mangueiras de Miflex. Elas são revestidas externamente por um malha de Nylon de alta resistência, ligada ao núcleo da mangueira. Essa configuração permite trabalharmos com mangueiras mais finas, flexíveis e resistentes a abrasões, trazendo para o mergulhador economia e segurança. 		 
 
Testei as mangueiras da XTreme, vendidas pela Hollis. Em seis meses de uso pesado as mangueiras só agregaram vantagens. Os diversos tamanhos disponíveis permitem dois ganhos imediatos; uma configuração sem sobras e um equipamento mais robusto.

 

As manguieras de Miflex são mais resistentes e flexíveis
 
LANTERNAS DE LEDS
Um dos poucos avanços em equipamentos de mergulho nos últimos anos tem sido na tecnologia de iluminação. Depois de muito tempo com lâmpadas de gases, surgiram as HID e na sequência, a invasão dos LEDs de alta intensidade, em todas as áreas, chegou ao mergulho.
Penetrar em naufrágios requer prática e planejamento, já que o teto sobre o mergulhador provoca escuridão e impede o retorno direto à superfície. Voltar ao exterior pode depender de orientação de um cabo-guia, ou, de preferência, por reconhecimento do percurso. Enxergar adequadamente é fundamental nessas situações. Mergulhadores envolvidos em penetrações são recomendados a utilizar no mínimo três lanternas, minimizando assim o risco de ficarem sem luz. Hoje porém, esse risco está minimizado. A queima dos LEDs é muito rara, restando o alagamento e a falta de baterias como causas da falha desses equipamento. Mais segurança para todos nós.
Já podemos contar com lanternas de grande potência, baixo consumo e o melhor, com tamanho reduzido. As imensas lanternas de seis a oito pilhas grandes ou baterias gigantes já deviam estar aposentadas, substituídas por modelos compactos e de alta performance.
Duas lanternas da FUN DIVE, testadas são prova dessa evolução. As lanternas Lux 3000 e Orion apresentam respectivamente:150 e 230 Lúmens de intensidade luminosa e autonomias respectivamente de 10 e 40 horas. Fabricadas em alumínio, podem chegar aos 100 metros ou mais. Desempenhos mais do que suficiente para suprir as necessidades de um mergulhador de naufrágio que evolui em um ambiente restrito. O formato e tamanho são perfeitos para serem fixados no colete ou guardados no bolso. Sem dúvida, superam muito as expectativas para lanternas de tamanho compacto.		  

 
LUVAS DE KEVLAR
O uso de luvas pelos mergulhadores é sempre um assunto controverso. Deixando de lado esse aspecto, pois qualquer ferramenta pode ser utilizada para o bem ou para o mal.
Podemos obter vantagens obvias desse equipamento em naufrágios, evitando lâminas e pontas. Mesmo fora deles, seu uso é muito vantajoso.
Na sul da Florida, as correntes são muito fortes e, cada um dos naufrágios apresenta boias de marcação fixas; seus cabos, à muito tempo na água, estão cobertos de Cracas e outros organismos. Luvas realmente fortes, como as de Kevlar - material utilizado nos coletes a prova de balas - protegeram as mãos de dolorosos cortes durante as longas descompressões, já que os barcos, nesses locais permanecem presos as poitas e a subida deve ser feita pelo cabo. Também acabam por durar mais e gerar economia a médio prazo.
 
 

Manter-se atualizado nas novidades do mercado exige mais do que passeios pela Internet. Visite regularmente as lojas e escolas de mergulho, converse com outros mergulhadores e seus instrutores. Manuseie os equipamentos novos e, se possível, teste antes de comprar. Acima de tudo, lembre-se, que a excelência é apenas uma condição temporária, a corrida nunca acaba.

 

 

Maurício Carvalho é biólogo, instrutor especialista em naufrágios, autor do SINAU (Sistema de Identificação de Naufrágios) e responsável pelo site Naufrágios do Brasil.
 

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