Destino: naufrágio
Métodos Eletrônicos
de Busca de Naufrágios


Revista Mergulho, Ano XIII - Nº 168 - Agosto/2010
Texto Maurício Carvalho
 

A BUSCA amadora por naufrágios sempre dependeu muito de lançar ao mar mergulhadores, que, executando um padrão de busca predeterminado, procuravam visualmente os destroços pelo fundo. Essa técnica é extremamente primitiva e de baixo rendimento, expondo os mergulhadores ao acúmulo de nitrogênio, narcose, frio, cansaço e outros riscos inerentes a nossa atividade.
O que limita as buscas a profundidades e área de cobertura menores. Alguns poucos equipamentos podiam ser utilizados como as garateias e aquaplanos, que também não apresentam um rendimento pleno e tem como única vantagem serem métodos baratos.
Essas técnicas estavam anos luz atrás das empresas profissionais, que utilizam equipamentos de última geração, muitos recursos eletrônicos e até mesmo satélites.

Nos últimos anos com a democratização da eletrônica e da informática, diversos equipamentos, que antes só estavam ao alcance das grandes empresas, passaram a ser utilizados por pesquisadores e mergulhadores amadores, que buscam os naufrágios pelo prazer de mergulhar nesses destroços, por sua história ou, infelizmente, até mesmo pela caça de artefatos.
Assim, se você pensa em buscar novos naufrágios, talvez seja a hora de verificar a conta bancária e avaliar quanto está disposto a gastar com esses brinquedinhos tecnológicos.
Vejamos alguns dos equipamentos que já podem ser adquiridos e utilizados com a infraestrutura de um barco de mergulhadores.


ECOSSONDAS: Equipamento dos mais baratos, normalmente já equipa os barcos de mergulho. Esses aparelhos, dependendo
 
do modelo, irradiam um cone ou feixe de ondas por um emissor instalado na parte de baixo do casco da embarcação.
  As ondas se chocam com o fundo do mar, naufrágio ou

 

outro objeto e retornam à superfície, onde são captadas por um receptor de ecos. Eles medem a profundidade local e ainda registram o perfil do fundo. A qualidade e detalhamento desse registro dependerá do custo do aparelho (Investimento a partir de U$ 200,00).

Existem também sondas subaquáticas (tipo sonar), projetadas para serem utilizadas por mergulhadores. Através de um display, indicam a distância até obstáculos submarinos. Com as ecossondas de superfície ou subaquáticas é possível Identificar bem destroços que se destacam em um fundo plano de areia ou lodo. (investimento a partir de U$ 120,00).

 
MAGNETÔMETROS: São aparelhos que detectam as variações do campo magnético da terra, causadas por massas consideráveis de metais. Equipamentos mais sofisticados, permitem localizar não só massas metálicas sobre o fundo, como também as enterradas no substrato.
Os magnetômetros podem ser de dois tipos:
Portáteis: Semelhantes aos detectores de metal utilizados na entrada de estádios e boates. Os mergulhadores carregam na mão, passando o sensor sobre o fundo. Servem para detectar, a pequena distância do fundo, objetos enterrados no lodo ou areia, como moedas, munição etc.
De arrasto: Com maior potência e sensibilidade, apresentam uma unidade de leitura na embarcação e um receptor (chamado com frequência de peixe) que é rebocado por um cabo atrás do barco. Dependem de um gerador na embarcação. Servem não só para denunciar naufrágios de metal, mas também antigos navios de madeira que possuam massas metálicas como canhões, balas de canhão, âncoras e correntes (investimento a partir de U$ 2000,00).  
 
  CÂMERAS DE VÍDEO: São montadas dentro de caixas estanques e presas por um cabo ao barco. O conjunto é arrastado a certa distância do fundo, que dependerá da visibilidade. O fundo é examinado por um operador através de um monitor de vídeo na embarcação. Os sistemas estão cada vez mais compactos, baratos e eficientes. Além disso, muitas câmeras captam mais luz que o olho humano.
Apresentam o inconveniente de não permitirem manobrar a câmera durante a busca (investimento a partir de U$ 1000,00).
 

SIDE SCAN: (SONAR DE VARREDURA LATERAL) Foram os equipamentos responsáveis pelas grandes descobertas da década de 80 e 90 como o Titanic, Bismarck , naufrágios da batalha de MIdway entre outros. Na última década tornaram-se portáteis, de fácil operação e mais baratos, permitindo seu uso por amadores. Alguns modelos dependem apenas de um pequeno gerador e de um computador portátil a bordo da embarcação para análise das imagens.
O sistema emite um grande conjunto de ondas que são refletidas pelo fundo e captadas de volta por um receptor em um "peixe". A diferença deste equipamento para as ecossondas está no fato do Side Scan emitir feixes para as duas laterais da embarcação de busca. Aumentando a área de busca e permitindo grande precisão gráfica no desenho dos destroços.
A extensão considerável de fundo varrido ao longo do arrasto do aparelho, a independência da visibilidade e profundidade, são o que torna seu uso tão atraente (investimento a partir de U$ 3500,00).

 

Side Scan do Pinguino em Angra dos Reis, RJ.
produzido pelo DHN - Marinha do Brasil
MINI ROVS: (Remotely operated underwater vehicle) São submarinos não tripulados e que hoje podem variar de formato, tamanho e principalmente preço. Podem conter câmeras de vídeo, sonares, braços operadores e outras ferramentas como sugadores e hidrojatos. Manipulados por um operador no navio ou plataforma, são utilizados massiçamente na indústria do petróleo, principalmente em águas profundas ou na função de inspeção em indústrias, esgotos, usinas nucleares e outras estruturas de grande porte.
Sua utilização era proibitiva até alguns anos. Hoje os mini ROVs são de mais fácil utilização e preço acessível. Considerando o preço de alguns equipamentos de mergulho de última geração como os rebreathers (investimento a partir de U$ 3500,00).
 

 
 

Inclusas fotos da matéria original, não inclusa na matéria publicada na revista Mergulho

 

 

Maurício Carvalho é biólogo, instrutor especialista em naufrágios, autor do SINAU (Sistema de Identificação de Naufrágios) e responsável pelo site Naufrágios do Brasil.

Veja matéria na Revista Mergulho
 

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