Destino:
naufrágio Carretilhas em Naufrágios |
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Revista Mergulho,
Ano XIII - Nº 156 - Julho/2009
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Texto
Maurício Carvalho
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Marca registrada
de mergulhos em cavernas e naufrágios as carretilhas são
mais do que um acesório: |
As carretilhas se popularizaram muito nos últimos anos devido ao uso desse equipamento pelos mergulhadores técnicos. Hoje, porém, podem ser encontradas mesmo na bolsa de outros mergulhadores, pois são ferramentas de múltiplo uso. Conheça algumas das características e funções para os mergulhadores de naufrágios. |
Como escolher sua carretilha Atualmente,
existem muitos modelos no mercado. Porém, todos são variações
do mecanismo básico. Um carretel, onde está preso o cabo-guia
e, geralmente, um mecanismo de enrolamento que suporta o carretel. |
Procure modelos que tenham a trava com mecanismo de retenção,
que impeça a perda. O material do carretel é outro ponto de cuidado na escolha. Modelos acrílicos tendem a quebrar com quedas e exposição ao sol. As de náilon absorvem água e começam a travar. Escolha modelos de inóx ou polímeros plásticos que não retenham água. O cabo-guia não é apenas "uma cordinha" e também deve ser escolhido com critério. Para naufrágios, devido ao atrito com arestas cortantes e incrustrações marinhas, os cabos da carretilha são mais exigidos que os de caverna. Particularmente, troco os cabos das carretilhas de uso frequente a cada três anos aproximadamente. Normalmente estão disponíveis cabos de náilon, seda, polipropileno e até modelos com kevlar. A maioria das carretilhas vendidas hoje, tem o foco em cavernas e por isso utilizam cabos finos e neutros em água doce. Durante o Workshop de Segurança em Naufrágios, são testadas pelos mergulhadores a resistência de diferentes tipos de cabos e, até o momento o melhor custo benefício tem sido dos cabos encapados de 2 mm de polipropileno. Mas a durabilidade do Kevlar ainda não foi avaliada: por ser mais resistente é apresentado em uma espessura menor o que permite maior comprimento na carretilha. |
Em carretilhas de naufrágios, 40 metros são mais do que suficientes para a maioria dos tipos de uso, já que as penetrações são geralmente curtas. |
CARRETILHAS
ENCAPSULADAS PARA
QUE UTILIZAR A CARRETILHA |
MEDIÇÕES
EM NAUFRÁGIOS Quando são devidamente preparadas com marcações de medidas, servem para avaliar o comprimento, boca, tamanho de caldeiras etc dos naufrágios, medidas fundamentais para pesquisa e identificação de destroços. Sempre recomendo em meus cursos marcar no mínimo 3, 6, 10, 20 metros e assim por diante. Com um método de marcação simples e uma caneta especial, sua carretilha ganha nova função. BUSCAS DE NAUFRÁGIOS Procedimentos de busca ganham muita precisão com a utilização de um cabo de orientação - a famosa busca circular só pode ser executada com essa ferramenta. Alguns naufrágios, como o Cavo Artemidi em Salvador, estão coberto parcialmente pela areia e separados em dois segmentos. A carretilha permite atingir a segunda seção, sem o risco de não se retornar ao ponto de subida no final do mergulho. |
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DESCOMPRESSÃO A primeira técnica é o lançamento de um decomarker (boia de sinalização) para a superfície. Ainda no fundo, o decomarker é preso ao cabo da carretilha e cheio. Ao ser solto, segue para a superfície preso pelo cabo que se desenrola. Quando chega a superfície ele cria uma base de apoio para o mergulhador que executa a descompressão, ao mesmo tempo em que sinaliza sua posição para a equipe de superfície. |
O
procedimento envolve diversos riscos, como da carretilha embolar e o mergulhador
ser obrigado à abandona-la para não ser arrastado para cima.
Por isso, deve ser aprendido e dominado em um curso, antes de ser executado
em situações reais.
Em alguns países como a Inglaterra a técnica previne o problema fixando o cabo de uma segunda carretilha a carretilha que soltará o decomarker. |
A segunda técnica é a utilização da carretilha para fixação no fundo durante a descompressão. Nela, a ponta do cabo da carretilha é passada por baixo dos destroços formando uma alça e o mergulhador segue para a descompressão desenrolando a carretilha, mas mantendo-se ancorado no fundo segurando a extremidade do cabo e a carretilha. Ao final da descompressão solta uma das pontas, rebobinando a carretilha. A técnica também envolve riscos e por isso o aprendizado deve ser cuidadoso. |
ORIENTAÇÃO
EM NAUFRÁGIOS O equipamento serve de orientação no caminho do mergulhador pelos destroços. Se Teseu, heroi mitológico, conseguiu se orientar no labirinto de Creta e matar o Minotauro, utilizando uma bola de linha dada a ele pela princesa Ariadne. Com um pouquinho de técnica e uma boa carretilha você fará milagres. A carretilha pode orientar o mergulhadores em um naufrágio desmantelado, mas de águas escuras, garantindo seu retorno ao cabo de subida. Mas realmente tende ser é a peça chave durante os procedimentos de penetração - já que existe o risco de perda de visibilidade devido ao sedimento que pode ser perturbado no interior dos destroços. A técnica é muito detalhada e cuidadosa e um bom curso e prática são fundamentais para que o mergulhador possa estar seguro em penetrações. |
USANDO A CARRETILHA Neste procedimento, o mergulhador-guia, que porta a carretilha, fixa o cabo fora do naufrágio. À medida que entra nos destroços é seguido por seu dupla. O cabo deve sempre ser passado junto a uma parede evitando tornar-se um ponto de enrosco para os mergulhadores. Um dos dedos do mergulhador deve manter a carretilha sobre tensão o tempo todo. Ao longo do percurso a carretilha deve ser fixada a pontos dos destroços. Aqui, existe outra importante diferença da técnica de naufrágios e cavernas. Em cavernas, o cabo deve formar uma laçada para apertar o ponto de fixação. Nos naufrágios, se isso for feito provavelmente, no retorno, você não conseguirá soltar o cabo das incrustrações, pois a superfície dos destroços é completamente rugosa. Nas viradas de direção o cabo também |
deve ser fixado, para evitar atrito com arestas, desta forma ele formará
ao longo do percurso sucessivos segmentos de reta, o que facilita seu
acompanhamento.
No retorno ao exterior, o dupla deve nadar na frente do guia, para continuar possuindo o cabo como referência enquanto o guia agora fecha a dupla recolhendo o cabo de volta a carretilha. Neste momento ocorre o maior problema |
da técnica, pois o manuseio errado do |
equipamento acaba fazendo com que a carretilha embole completamente e
acabe travando.
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Texto original alterado ou subtraído na edição da revista. |
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Veja mias informações em: |
Curso de Mergulho em Naufrágios | |
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Maurício Carvalho é biólogo, instrutor especialista em naufrágios, autor do SINAU (Sistema de Identificação de Naufrágios) e responsável pelo site Naufrágios do Brasil. |
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