U-171 |
|
O U-171 era um submarino Tipo IX C, com 76,8 metros de comprimento, 1.120 toneladas de deslocamento na superfície e 1.232 toneladas submerso. Quatro motores, dois diesels e dois elétricos que proporcionavam uma velocidade máxima de 18,3 nós e 7,3 nós, respectivamente na superfície e submerso. Seu armamento era composto de quatro tubos lança-torpedos na proa e dois na popa, com uma dotação de 22 torpedos. Um canhão de 105 mm no convés de proa, um canhão Antiaéreo de 37 mm no convés de popa e um canhão Antiaéreo de 20 mm instalado na torre. Podia mergulhar em 35 segundos e atingir uma profundidade máxima de 200 m. |
Comissionado
em 24 Outubro de 1941 e sob o comando do Kapitäleutnant Gunther Pfeffer,
realizou um exaustivo período de treinamento no Mar Báltico
mas foi em junho de 1941, já integrante da 10 U-Flotille, que partiu
para a sua primeira e única patrulha de combate que iria durar 115
dias: a caça de navios no Golfo do México. Foi uma longa e tranquila travessia , sendo reabastecido pelo "Vaca Leiteira" U-460 a meio caminho e, passando ao largo da Jamaica, o U-Boat finalmente chegou ao seu setor de operações nas proximidades do porto mexicano de Tampico. |
Sua primeira vítima foi o Oaxaca, vapor mexicano de 4.351 ton, atingido por dois torpedos ao largo do estado americano do Texas. Alguns dias depois seria a vez do grande navio tanque americano R.M. Parker Jr de 6.779 ton, partido por um torpedo junto a costa do estado da Lousiana. |
Tubos de proa
ainda com as tampas
|
Torpedo a 42
metros
|
Tubos de popa
já abertos
|
Semanas depois seria
também a vez de outro navio tanque, o mexicano Amatlan de 6.511 toneladas
que foi afundado a sudoeste de La Pesca com três torpedos. Mesmo atacado por um avião patrulha americano, o que obrigou a uma submersão de emergência, o U-171 constatou que as defesas nesta área de operações, ainda eram fracas e os navios navegavam isolados. |
|
O
Ataque Navegando ao sul de Cuba, o U-Boat retornou ao Atlântico e reabastecido por outra "Vaca Leiteira", o U-461, ao noroeste dos Açores, buscou o caminho da segurança de casa, o porto de Lorient. Já estava muito perto dos abrigos blindados de concreto de sua base quando, navegando na superfície, |
o U-171 bateu em uma |
mina, indo para o fundo em questão de minutos. Vinte e dois tripulantes morreram no naufrágio e 30 sobreviventes, inclusive o comandante, foram resgatados e salvos algumas horas após. |
Abrigos blindados
no Porto de Lorient
(França) um dos refúgios dos
U-Boats.
|
A posição aproximada do U-Boat foi descoberta pelo Serviço Hidrográfico e Oceânico da Marinha francesa depois da II Guerra Mundial , mas foi só em 1982 que este local foi confirmado, sendo introduzido nas cartas náuticas a partir de 1987. |
|
|
Visitando o U-Boat nas profundezas |
Bastante atrapalhado com uma mala de rodinhas cuja alça de transporte ameaçava romper a todo momento e o peso de uma enorme mochila que continha o meu equipamento de mergulho, desembarquei na estação de trem em Lorient, França. |
Fazia um calor agradável,
típico do verão na Bretanha e demorou algum tempo para que
eu localizasse meu sorridente anfitrião, Jean-Louis Maurette, no
meio da multidão que se escoava pela plataforma. |
O U-171 no Porto
de Lorient
|
Bem, fomos direto da
estação para um pequeno cais na localidade de Kerroch onde
encontramos mais três amigos mergulhadores. Um deles da Marinha
francesa e um outro, rebocando com o seu carro, um grande inflável.
Que coisa! |
Meio desequilibrado com o peso do cilindro, tive certa dificuldade de nadar
até a bóia pois estava sem snorkel e ali, tangente
à superfície, as ondas tornavam-se maiores ainda. Iniciamos então uma interminável descida, sempre seguindo a amarra que parecia perder-se no azul-profundo. A visibilidade era de uns 8 metros e o frio começava a arder na pele, contudo não havia corrente. Meu dupla era o Hugues Priol, um mergulhador bastante hábil. Foi então que eu enxerguei a torre do U-Boat, perfeitamente clara, definida, emocionante! Sua escotilha estava aberta e os suportes dos dois periscópios (attack periscope e sky periscope) permaneciam nas suas exatas posições. |
|
Incrível ver no periscópio de observação |
aérea,
a sua lente brilhante e definida, exatamente como se fosse o olho do lobo
cinzento. Logo a frente da torre, o casco está seccionado verticalmente
e de forma regular, permitindo que o mergulhador possa penetrar na sala
de controle do U-171 sem maiores dificuldades. Confiro os instrumentos: puxa vida, 42 metros de profundidade, temperatura de 12ºC e o ar se esgota mais rápido do que eu esperava! |
O U-Boat foi |
explodido
por mergulhadores da Marinha francesa nos anos 80, fato nunca confirmado
oficialmente. Da torre para a proa o casco está desmantelado, uma
confusão de fios, chapas e tubos.
|
Escotilha aberta
|
Torre com os
dois periscópios
|
Plastimodelista com muitos
U-Boats
montados na escala 1/72 e em constante exposição na minha
casa, consigo identificar muitas formas familiares nos destroços.
E isto é muito importante para a orientação. Algumas pernadas à frente e posso agora distinguir a forma de um longo e sinistro torpedo, nunca havia visto um engenho destes assim. Há diversas granadas de 105 mm espalhadas entre os destroços, munição do canhão do convés do submarino. |
|
Escotilhas fechadas e abertas são encontradas nos destroços. A escotilha da popa da acesso a sala de torpedo. |
O
ponteiro do manômetro se aproxima muito rápido da faixa vermelha,
o U-171 é um submarino
Tipo IX C, longo, logo acho não poderei alcançar a proa.
É hora de retornar. Nadando em direção a torre consigo observar o longo tubo do canhão de 105 mm (como é que eu não havia visto antes?). Não longe dali, contrastando entre os destroços, um fêmur amarelado. |
Sempre atrapalhado com o cilindro francês, consigo alcançar a amarra da âncora que está presa na torre e iniciar a subida. Junto com os outros três mergulhadores, realizamos a parada descompressiva. Eu agarrado ao cabo. Os outros companheiros, absolutamente imóveis, divertiam-se soltos naquela profundidade, dando um show de controle da flutuabilidade. Foi um mergulho inesquecível. |
Um dos hélices do U-171 |
|
|
|
The
U-Boat peril is the only thing that really frightens me |
|
|
|
Outras
Matérias de Nestor Magalhães
|
|
|